Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Até o fim (Reino Unido, 2013)

Eu indico
All is lost (Reino Unido, 2013)

Um navegador experiente está viajando pelo Oceano Pacífico, quando uma colisão com um container leva à destruição parcial do veleiro. Ele consegue remendar o casco, mas terá a difícil tarefa de resistir às tormentas e aos tubarões para sobreviver, além de contar apenas com mapas e com as correntes marítimas para chegar ao seu destino. Escrito e dirigido por J. C. Chandor.

Faca, âncora, comida, bote inflável...
Robert Redford, com 76 anos de idade, estrelou esse filme. Pela sinopse é bem perceptível que trata-se de um filme com praticamente um personagem e quase nenhuma fala. É um filme sobre a situação que essa pessoa vive diante de um naufrágio eminente. Desde a primeira cena estamos em alto mar, longe da civilização em terra. Um senhor de idade fica à deriva por conta de um acidente, que danificou até o rádio de sua embarcação. Quando tudo está perdido, o drama enfrentado pelo personagem ganha muitas pitadas de esperança ao percebemos que ele é bem experiente e não vai desistir. Cada ato, cada minuto, cada objeto é precioso. A economia da comida que resta, saber utilizar os recursos de forma moderada, saber lidar com as surpresas que aparecem. É como ser testado o tempo todo. Cada pequeno passo deve ser executado visando maximizar a possibilidade de sobrevivência.
É admirável como a experiência, alinhada à inteligência - inclusive inteligência emocional – transparece na trama como condição determinante para alcançar o objetivo: a busca pela sobrevivência, a todo custo. Robert Redford está ótimo no papel, determinante por se tratar de um filme com um ator só. Junto com ele, a natureza representada pelo mar inacabável e os perigos ao redor. Mas também o silêncio, barulho do mar e do vento.
Não contém aquelas cenas onde somos apresentados ao passado do personagem, onde ele lembra seus erros e acertos e agora vai se redimir. Aqui a estratégia é outra, deixando o espectador ficar atendo ao que vê. Sabemos que o personagem, agora solitário, tem um anel no dedo e, na narração inicial, ele fala algo que remete a uma autoavaliação. Mas é praticamente isso e o filme vai correr sempre para a frente. Ao contrário de outras produções, nosso personagem não fala sozinho, não encara a Deus, nem chega a se desesperar explicitamente. E a cena final, além de sua beleza visual, pode ser lindamente interpretada pelo significado que passa.

"Perder tudo, menos o corpo e a alma"

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Fontes:

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Heróis da ressaca (Reino Unido, 2013)

Eu indico
The World’s End (Reino Unido, 2013)

Após falharem no pub crawl, uma competição de bebidas em 12 bares diferentes em apenas uma noite, cinco amigos retornam para a cidade natal vinte anos após o fracasso. O objetivo do grupo é dar-se mais uma chance. O único porém é: a juventude se foi e a vida adulta cobra o seu preço. Dirigido por Edgar Wright.

De encontro ao fim do mundo!
A comédia aqui é uma desculpa para lidar com a questão da chegada da vida adulta, das amizades que precisam ser mantidas, da responsabilidade e persistência em relação aos nossos objetivos, entre outras coisas. Vinte anos depois, um grupo de amigos se reúne novamente para tentar percorrer uma maratona de bebidas em vários pubs numa cidadezinha próxima a Londres. Edgar Wright, Simon Pegg e Nick Frost conceberam esta que é a conclusão da trilogia conhecida como Three Flavours Cornetto Trilogy (Trilogia Cornetto de Três Sabores), que mistura comédia com algum outro gênero. Edgar Wright ficou na direção e os atores Simon Pegg e Nick Frost praticamente escreveram o roteiro e estrelaram em todos os três filmes.
Cada filme foi um pouco inspirado em um sabor diferente do sorvete Cornetto (os protagonistas sempre compram um Cornetto do sabor relacionado). O primeiro da trilogia foi o ótimo Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004), representando o sabor morango (vermelho), numa mistura de filmes de terror com zumbis e sua comédia trash. Em 2007, o filme Chumbo Grosso (Hot Fuzz), que representou o Cornetto clássico (azul), fez referência a filmes de ação. Já neste último, de 2013 (o verde menta), um grupo de amigos vai enfrentar outro tipo de problema... aguarde a surpresa, porquê vale a pena assistir sem saber.
Heróis de Ressaca possui o título original The World’s End (O fim do mundo), que é o nome do último pub da maratona, mas também faz referência à proposta da trama. É interessante como ninguém mais na cidade está interessado ou até ciente da maratona que os amigos resolvem fazer novamente, então é como se isso fosse uma questão de honra para eles, ou melhor, para Gary King, que está preso ao passado, enquanto seus amigos avançaram na vida: família, sucesso no emprego e tudo o que entendemos que envolve responsabilidade. Eles acabam entrando nesse desafio por conta da persistência de Gary. Aqui vemos que a responsabilidade também significa cuidar e manter as amizades de longa data.
Simon Pegg está numa interpretação impecável como Gary King, ele é expressivo na dose certa (exagerado quando precisa, melancólico quando precisa) e algumas cenas são hilárias só de olhar para ele. O protagonista tem medo de seguir em frente, não assume responsabilidades e tem o álcool como válvula de escape. Simon Pegg e o diretor Edgar Wright receberam indicações e alguns prêmios (melhor ator e diretor de comédia). No Empire Awards, da revista britânica Empire, venceu como melhor filme britânico do ano. Os outros atores não ficam muito atrás, a dupla de protagonistas Gary (Simon Pegg) e Andy (Nick Frost) funciona muito bem, mais uma vez. A trilha sonora também foi premiada (composição de Steven Price).
Além de ser criativo e atrativo, este foi considerado o melhor da trilogia, o que não é comum em trilogias. Outra coisa que chamou atenção são as várias cenas de luta bem coreografadas e inusitadas.

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Fontes:

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Mãe só há uma (Brasil, 2016)

Eu indico
Mãe só há uma (Brasil, 2016)

Ao 16 anos, Pierre descobre que sua mãe não é biológica, quando a mesma é presa pela polícia. Confuso e tendo que morar com seus parentes verdadeiros, que o conhecem como Felipe, o rapaz tem que se adaptar à nova realidade. Dirigido por Anna Muylaert.

Não me chame de filho!
Exibido no Festival de Berlim, esse filme, da mesma diretora de “Que horas ela volta?” (2015), parte de um caso verídico, “o caso Pedrinho”, que passou no noticiário nacional na década de 1990. O famoso sequestro do menino Pedrinho ocorreu em Brasília, em 1986. O filme vai além, quando acrescenta, a essa premissa, um drama bem elaborado, que fala sobre aceitar o outro, assumir e expor a própria identidade e, principalmente, sobre os laços fraternais que unem uma família.
A lei determina que o garoto passe a morar com a família biológica e temos uma assistente social no meio do processo. A atriz Dani Nefussi (de Bicho de Sete Cabeças, 2001) interpreta dois personagens, a mãe criminosa e a biológica. Eu mesmo não havia percebido se tratar da mesma atriz.
Ao descobrir ter sido sequestrado quando bebê, Pierre vai passar por momentos difíceis e, aos poucos, revela sua angústia, às vezes de forma repentinamente agressiva. Lá fora, o filme foi intitulado “Don't Call Me Son!”, que significa “Não me chame de filho!”. Assim temos um drama familiar girando em torno dessa mudança. Com a habilidade da diretora Anna Muylaert, o resultado é incrível e consegue nos fazer entender o sentimento de todos os personagens que são afetados por esse fato. Afinal, até os pais têm dificuldade, apesar da felicidade com esse reencontro quase impossível, de encarar os gostos e comportamento do filho que retornou. Assim como o irmão mais novo e a ex-irmã. As emoções levam a conflitos, mas também a nova realidade acaba sendo uma oportunidade do garoto assumir e expor a sua própria identidade.
Protagonizado pelo estreante Naomi Nero, que está ótimo no papel de um adolescente que não obedece às convenções tradicionais da sociedade, mas que, diante de uma situação como essa, vai reagir como uma pessoa normal. Ele pensa em investir na sua banda, pinta as unhas, transa com meninas e beija garotos, ainda usa lingerie e gosta de se maquiar. É uma figura bem exótica, que ainda precisa esconder certos comportamentos.
O clímax é sensacional e reforça algo importante do filme, que é a questão da fraternidade, deixando uma mensagem muito boa. Mas pode ser interpretado como deficiente em relação à falta de um fechamento da trama, já que termina de maneira um pouco repentina. É uma estratégia já vista em outros filmes, para passar um recado junto com a ideia de que a vida continua, com seus momentos bons e ruins. Na minha opinião, o desfecho não poderia ser melhor.

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Fontes: