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Eu indico |
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Towelhead (EUA, 2007) |
Jasira,
uma garota de 13 anos, vive com sua mãe americana e o futuro
padrasto, que está encantado com a crescente maturidade da garota.
Por isso, sua mãe a envia para o Texas com seu rígido pai Libanês.
Este trata de educá-la nos valores tradicionais da cultura
muçulmana. Entretanto, Jasira segue sem saber muito bem o que fazer
com sua sexualidade quando nota como seu corpo afeta os homens que a
rodeiam, em especial seu vizinho (Aaron Eckhart), um atraente e
intolerante soldado da marinha. Um filme de Alan Ball.
Sedução,
inocência e entrega:
Baseado
no romance de Alicia Erian, provavelmente tão provocante quanto o
filme, é uma história bem interessante sobre uma garota nova e
bonita que vai viver situações de conflito e descobertas, afetando
também as pessoas ao seu redor. Nunca sabemos que atitude a mesma
vai tomar e isso deve deixar o espectador vidrado na trama, pois a
curiosidade causada pelo tema sexualidade e sedução é quase sempre
forte. Ficamos na expectativa de o quanto a garota é inocente e o
quanto ela não o é. E isso se passa também com outros personagens,
praticamente todos não parecem ser bons, mas também não tão
ruins.
Alan
Ball, vencedor do Oscar pelo roteiro de Beleza Americana (1999), toma
a frente do filme com competência nos três aspectos: direção,
roteiro e produção. A trama começa mostrando que a garota Jasira
(Summer Bishil) chama a atenção do namorado de sua mãe, que
comenta sobre depilação com a garota. Sua mãe reage de uma forma
intrigante, culpando a garota e dizendo que ela anda demais com os
seios empinados. A menina passa a viver na casa do pai, no Texas.
Muitas situações interessantes ocorrem no filme, como a garota se
masturbando ao olhar uma revista com mulheres peladas, assim como sua
atenção em relação ao vizinho adulto e atraente, interpretado por
Aaron Eckhart, protagonista de Obrigado por Fumar (2005) e vilão
(Duas Caras) de Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), um excelente
ator por sinal, que está mais uma vez muito bem no seu papel. Alguns
diálogos entre o dois são bem bacanas e mostram situações que
devem ser mais comuns do que podem parecer, a primeira vista. A
garota parece ter curiosidade, repulsa, pena e atração por ele,
tudo ao mesmo tempo, o que é mais um ponto forte do filme: a forma
como suas ações mostram cada um desses sentimentos transparecendo e
como reação a outros acontecimentos e pressões. Uma cena
interessante é quando a garota, não sentindo prazer no ato sexual
com o namorado, mostra sua insatisfação e este acaba usando somente
a mão, gerando um forte prazer nela; é intrigante, pois foi o
vizinho adulto que tirou a virgindade da garota, com a mão, contra
a vontade dela (caracterizando um estupro, mais uma temática
abordada no filme).
Quanto
aos outros personagens, como o pai exagerado e controlador, os
colegas que a perturbam por conta de sua descendência e até sua
vizinha grávida (Toni Collette) e cuidadosa para com ela, vão
influir, positiva ou negativamente, nos acontecimentos. Até um
namorado que a garota arranja, negro e por isso não apreciado pelo
pai dela, terá o seu papel bem encaixado na história. E outros
acontecimentos, como a Guerra do Golfo, que se passa na época do
filme, exercem influência nas ações dos personagens. Para mostrar
o despertar sexual de uma adolescente de 13 anos, e abordar outros
temas fortes sem perder o contexto, tem que ter ousadia, cuidado e
maturidade.
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Fontes: