Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Hanami – Cerejeiras em Flor (Alemanha, 2008)

Eu indico
Hanami (Kirschblüten, Alemanha, 2008)

Quando descobre que seu marido tem pouco tempo de vida, Trudi não sabe se deve contar a ele a verdade. Em vez disso, ela decide planejar com Rudi uma viagem, para que aproveitem bem estes últimos momentos juntos. Sonhando conhecer o Japão, país pelo qual é apaixonada, a mulher decide que este será o destino do casal, mas que antes eles irão até Berlim, para fazer uma última visita a seus dois filhos que moram lá. Dirigido por Doris Dörrie.

Hanami:
A vida é cheia de surpresas e quase ninguém está preparado para a morte. As pessoas brincam quando perguntam o que você faria se soubesse ter pouco tempo de vida. Hanami – Cerejeiras em Flor discute essa questão, o saber aproveitar a vida, por ela ser efêmera e também cheia de prazeres. Mais isso na verdade é muito pouco do que o filme representa, indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2008 e exibido na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Um prazer, preferido da maioria, é o prazer de viajar e conhecer lugares exóticos. Neste aqui, existe a vontade de Trudi em sentir a cultura japonesa, andar por entre as deslumbrantes cerejeiras brotadas em flor e encarar mais de perto o Monte Fuji e toda a energia e magia que este guarda. Acaba que a viagem não ocorre exatamente como eles imaginavam, a começar pela visita aos filhos antes da viagem ao Japão. Os filhos, sempre ocupados e tratando os pais como visitas não esperadas, nos mostram o quanto devemos ser mais próximos e cuidados com nossos familiares, cada vez mais, principalmente com os mais velhos, que provavelmente estão mais perto de partir do que nós. A viagem ao Japão acaba também sendo muito diferente do esperado, por conta da ocorrência de um fato mais inesperado, mudando o cenário do filme. É onde a obra mostra o potencial que tem. Aqui vou revelar o fato que se encontra na maioria das sinopses deste filme e ocorre logo no início, então acredito que não comprometa muito, mas é melhor avisar antes e deixar o leitor decidir.
Antes de ir ao Japão, quem acaba falecendo de repente é Trudi, a esposa. Ainda sem saber que também tem pouco tempo de vida, Rudi decide fazer uma homenagem à ela, então continua com os planos e vai até o Japão. Lá, após algumas interessantes desventuras de um turista despreparado, ele conhece uma jovem, daquelas artistas de rua orientais e essa amizade acrescenta a ambos. Rudi então percebe os sacrifícios que sua mulher havia feito por ele. O melhor de tudo é o caminho, a trajetória, enquanto busca os destinos no Japão que a esposa faria. Porque nele, personagens conhecem outros personagens, outra cultura, outra identificação e forma de viver. E isso tudo faz parte do melhor da vida. O filme possui um final, na minha visão, perfeito, muito sensível e bonito, comovente até para os corações de pedra.

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Fontes:

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Embriagado de amor (EUA, 2002)

Eu indico
Punch-Drunk Love (EUA, 2002)

Embora suscetível a ataques violentos, o empresário Barry Egan é um homem tímido que leva uma vida solitária e tranquila. No entanto, vários eventos ocorrem e mudam sua vida, como apaixonar-se por uma colega de trabalho da sua irmã, Lena Leonard. Porém, o romance é ameaçado quando Egan é vítima de um chantagista. Dirigido por Paul Thomas Anderson.

Romântico ao estilo Paul Anderson:
Finalmente gostei da atuação de Adam Sandler num filme, e que bom que não é uma comédia! Embriagado de Amor faz jus ao seu título, pois nos mostra um amor irracional e crível, verdadeiro mesmo, entre um homem e uma mulher. O melhor é que isso é mostrado numa narrativa não convencional, com uma fotografia diferenciada, a câmera naqueles planos mais longos e uma música repetitiva em alguns momentos. Desde o início da trama vemos que a narrativa não é mesmo convencional.
Adam Sandler está num papel interessantíssimo, uma pessoa excêntrica e ao mesmo tempo, interessante. Personagem único. Finalmente ganhou um papel maduro e sua interpretação lhe rendeu um Globo de Ouro. Dá para se divertir em outros filmes com ele, como Little Nicky (2000) e O Rei da Água (1998), que são comédias não convencionais e agradáveis. Mas este, sem dúvida, foi um marco para este ator e mais um ganho para um bom diretor, que tem filmes como Boogie Nights (1997) e Magnólia (1999) em seu currículo. Por este filme, ele ganhou o prêmio de melhor diretor em Cannes. E para fechar, conta com uma das minhas atrizes preferidas, a Emily Watson, que está competente como sempre!
A história mostra um amor verdadeiro que surge entre duas pessoas, sendo que, reforço, a trama é não-convencional e por isso mesmo, interessante. Com um pouco de atenção, percebemos elementos importantes que marcam uma verdadeira paixão: defender a amada de perigos, a cumplicidade marcante entre os dois (que Barry Egan não conseguia com ninguém, nem com pessoas próximas de sua família), aquele momento tenso até o primeiro beijo, o revelar-se verdadeiramente ao outro, a confiança, a compatibilidade mesmo com as diferenças e uma coisa legal: a iniciativa por parte da mulher… enfim, encare de coração aberto um filme que mexe com o coração.
O roteiro começou a ser escrito depois que o diretor Paul Anderson conheceu a história real deste norte-americano que ganhou milhagens infinitas comprando pudim (isso realmente aconteceu e eu não sabia quando vi o filme). A trilha sonora é de Jon Brion, o mesmo de Magnólia, o que já diz muita coisa. O resultado é um filme verdadeiramente romântico, traduz bem o que de fato é um romance, e não um romance daqueles passageiros.

Lista de filmes românticos:
Aproveito e deixo aqui uma bela lista de grandes filmes românticos que me marcaram:
- Aurora (EUA, 1927):
- Desencanto (Reino Unido, 1945):
- As Pontes de Madison (EUA, 1995);
- A Letra Escarlate (EUA, 1995);
- Amor Maior que a Vida (EUA, 2000);
- Embriagado de amor (EUA, 2002);
- Diário de uma Paixão (EUA, 2004);
- Paixão a flor da pele (EUA, 2004)
- Querido John (EUA, 2010);
- Sentidos do Amor (Reino Unido, 2011) :
- A Espuma dos Dias (França/Bélgica, 2013):
- Dois Lados do Amor (2013):

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Fontes:

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A Corte (França, 2016)

Eu indico
L'Hermine (França, 2016)

Michel Racine (Fabrice Luchini) é um juiz rígido e impiedoso, conhecido pela atitude extremamente profissional nos tribunais. Isso muda quando a jurada de um de seus casos é Ditte Lorensen-Cotteret (Sidse Babett Knudsen), uma mulher por quem foi perdidamente apaixonado muitos anos atrás, mas que o abandonou. Dirigido por Christian Vincent.

Tribunal:
Assisti poucos filmes que envolvem tribunal, julgamento pela lei. Me recordo de excelentes produções:
- 12 Homens e uma Sentença (1957, de Sidney Lumet);
- O Sol é Para Todos (“To Kill a Mockingbird”, 1962, de Robert Mulligan), neste blog:
- O Homem Que Fazia Chover (1997, de Francis Ford Coppola);
- Tudo o que Desejamos (França, 2011, de Philippe Lioret), também neste blog:
Agora, acrescento a essa pequena lista, o recente filme francês A Corte. O filme alterna entre cenas dentro e fora de um tribunal, e possui alguns aspectos cativantes. O primeiro deles é facilmente perceptível, que é o personagem principal em si, um juiz competente, que para nossa sorte foi interpretado esplendidamente pelo ator Fabrice Luchini, premiado então como melhor interpretação masculina no Festival de Veneza de 2015. O mesmo festival premiou este filme como melhor roteiro (do próprio diretor Christian Vincent).
É fácil acreditar, de cara, que este juiz possui somente uma personalidade rígida e postura firme, que são atributos importantes para o seu ofício. As pessoas comentam logo sobre ele, antes do julgamento começar, e não temos até então maiores informações. Todos têm medo dele, é um juiz casca grossa. Porém, é aos poucos que vamos percebendo o quanto ele é uma pessoa justa, que segue a lei e faz com que os seus assistentes a sigam. Como se já não bastasse encantar por isso, o filme em determinado momento vai mostrar uma pequena fragilidade do protagonista diante dos sentimentos que ele guarda por alguém, uma mulher por quem foi apaixonado (Sidse Babett Knudsen, que está linda e também ótima no filme). O destino faz com que eles se cruzem novamente, só que durante um julgamento. O envolvimento dos dois vai se desenrolando ao mesmo tempo em que o julgamento vai avançando, mas as coisas são bem sutis, existem pouquíssimos vestígios de sentimento entre eles e é interessante como isso não prejudica a andamento dos seus trabalhos. É importante ver como a postura e firmeza do juiz continuam presentes para que a lei seja aplicada corretamente.
Um julgamento, como o próprio nome diz, parte de suposições, observações e decisão, pois nem sempre a verdade será relevada e é necessário aplicar a sentença. Muito interessante presenciar esse drama principalmente do ponto de vista de um personagem inteligente, justo e humano. É um drama que nos apresenta a um tribunal, com seus elementos visíveis e seus bastidores, mas também possui aquela leve pitada de romance e humor. E tudo isso traça uma certa identidade na obra que a deixa cada vez mais realista e cada vez mais agradável. Um tribunal de justiça e o que ocorre fora dele nos é apresentado como uma corte, onde conduta e comportamento das pessoas estão sendo observados e julgados por outras com base no que se acredita ser o correto, a etiqueta. Vemos no tribunal as relações hierárquicas, as repetições obrigatórias, o tempo de cada um falar, como se dirigir ao advogado e ao juiz, a seleção dos jurados, etc. Mas o melhor de tudo é como se mantém a moralidade implacável do personagem principal e seus conflitos diante de tudo que ele está passando em sua vida pessoal.

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Fontes: