Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A Qualquer Custo (2016)

Eu indico
Hell or High Water (EUA, 2016)

Dois irmãos, um ex-presidiário e um pai divorciado com dois filhos, estão para perder a fazenda da família no oeste do Texas e decidem assaltar bancos como uma chance de se reestabelecerem financeiramente. Só que, no caminho, a dupla se cruza com um delegado, que tudo fará para capturá-los. Dirigido por David Mackenzie.

Ladrões:
David Mackenzie é mais um diretor que não deixa a desejar. Esse filme é um drama bem sólido, no estilo western, só que mais para a atualidade, isso porquê a atmosfera de alguns locais no estado do Texas ainda passa a ideia de lugares meio esquecidos no tempo. Ainda existem rixas, roubos a banco como em qualquer lugar. Mas no interior do Texas, o clima de faroeste é permanente no filme. E existe claramente a busca por uma vida melhor, mais digna, menos pobre. E se não for para você, que sejam para os seus filhos, como é o caso do personagem interpretado, com maturidade, pelo ator Chris Pine.

Fui pobre minha vida toda.
Meus pais também, assim como os pais deles.
É como uma doença... passada de geração em geração.
Vira um mal, isso sim.
Infecta todos que você conhece.
Mas meus filhos, não.
Não mais.”

A casa da família está prestes a ser tomada por um banco por conta de um empréstimo antigo. Talvez os grandes ladrões no filme sejam os bancos, isso fica meio evidente apesar de que, o que vemos, são grandes assaltos aos bancos que, em certo ponto, ficam violentos. As vítimas desses assaltos, clientes do banco e funcionários, ficam chocadas e reagem, algumas violentamente, o que é normal já que cada um está olhando para o seu umbigo. Cabe ao espectador analisar a situação dos irmãos texanos Toby (Chris Pine) e Tanner Howard (Ben Foster) que estão realizando os assaltos. O drama western fica melhor ainda quando entra em cena Jeff Bridges para equilibrar a história, perfeito como o investigador texano quase aposentado que vai combater os foras-da-lei. O drama envolve proteção familiar, vingança e uma boa crítica sobre oportunidades que são tiradas das pessoas menos favorecidas para que uma minoria viva melhor. O diálogo do investigador com a garçonete do bar que simpatiza com um dos ladrões evidencia bem essa questão. É o que sabemos: inferno para alguns e bastante água para outros, como o título original do filme (Hell or High Water).
Cada personagem tem seu drama e suas motivações. Toby é discreto e busca um futuro melhor para seus filhos, mas Tanner demonstra ser descontrolado, possui antecedentes criminais, embora embarque nessa aventura para ajudar o irmão. E Marcus Hamilton (Jeff Bridges) aparece para se fazer cumprir a lei.
O filme também tem uma cara de road movie, por conta das cenas de viagem em estrada, necessárias para a realização dos assaltos. A fotografia mostrando cenários do Texas, áreas desertas e desérticas, é impagável, um show a parte para quem curte esse cenário e o clima que deixa. A fotografia é de Giles Nuttgens.

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Fontes:

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A Chegada (2016)

Favoritos
Arrival (EUA, 2016)

Quando seres interplanetários chegam na Terra, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista especialista no assunto, é procurada por militares para estabelecer comunicação e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça ou não. No entanto, a resposta para todas as perguntas e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a existência de toda a humanidade. Dirigido por Denis Villeneuve.

Ficção para pensar:
Assistir a uma ficção científica como esta é uma experiência de vida. A palavra ficção - ato ou efeito de fingir; fingimento; elaboração; criação imaginária, fantasiosa ou fantástica; fantasia – nos remete a coisas fora da realidade. Porém, esse filme usa desse conceito e acaba sendo extremamente realista, humano, justamente num momento onde o mundo precisa receber esse tipo de mensagem. Que bom que o diretor canadense Denis Villeneuve acertou mais uma vez, depois de excelentes filmes como Incêndios (2010), Os Suspeitos (Prisoners, 2013), O Homem Duplicado (Enemy, 2013) e Sicario: Terra de Ninguém (2015). Melhor ainda saber que ele será o cineasta a dirigir Blade Runner 2, previsto para 2017, próximo ano.
Em A Chegada, contamos com a grande atriz Amy Adams em mais uma ótima performance. Ela é a Dra. Louise Banks, uma linguista convocada pelo governo americano para um grande desafio incomum: dialogar com alienígenas de uma das doze naves que pousaram no planeta terra. O roteiro parece simples, mas principalmente no clímax vemos como o filme é original e grandioso. Não pretende ficar mostrando muitas cenas de ação, com guerras insanas entre a humanidade e alienígenas; ele é focado no diálogo entre os seres, sendo que existe um clima tenso e muito mistério, pois não se sabe as intenções dos seres extraterrestres. No cartaz do filme tem a pergunta que não quer calar: “Por que eles estão aqui?”.
Não é preciso dizer que a resposta é mais do que uma simples e óbvia resposta, pois o filme nos leva a grandes mensagens em torno dessa proposta de que a comunicação efetiva pode ser a solução para muitos problemas. Mais ainda, sobre entender o próximo e compreender a si mesmo. Tem também um apelo para a questão da união entre os povos, esforço coletivo em busca de um mesmo objetivo, mas que deve ser um objetivo de paz. A ficção e drama se unem para nos deixar um filmaço, que agrada pelas cenas de contato com os seres e todo o mistério que ronda isso, assim como pela parte dramática, relacionamentos, família.
Junto a tudo isso temos a belíssima trilha musical de Jóhann Jóhannssson, providencial, até sinistra em alguns momentos. Atuações, principalmente da Amy Adams, roteiro e montagem são também pontos fortes. O filme tem alguns flashbacks que parecem soltos, mas depois tudo se encaixa se você compreender a mensagem em relação à questão do tempo.
Recordei do filme Contato, de 1997, mais uma grande ficção, de Robert Zemeckis com Jodie Foster e Matthew McConaughey, no qual existe um primeiro contato com uma inteligência extraterrestre e uma cientista que tenta entender a mensagem. Ambos os filmes deixam uma bela mensagem para a humanidade, e este A Chegada é, sem dúvida, uma das melhores ficções científicas já feitas e um dos grandes filmes deste ano de 2016.

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Fontes:

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Frances Ha (2012)

Eu indico
Frances Ha (EUA, 2012)

Frances (Greta Gerwig) divide um apartamento em Nova York com Sophie (Mickey Sumner), sua melhor amiga. Brincalhona e com ar de quem não deseja crescer, ela recusa o convite do namorado para que more com ele justamente para não deixar Sophie sozinha. Entretanto, a amiga não toma a mesma atitude quando surge a oportunidade de se mudar para um apartamento melhor localizado. A partir de então Frances parte em busca de um novo lugar, já que ela é apenas aluna em uma companhia de dança. Mesmo diante das dificuldades, Frances tenta manter o alto astral diante dos problemas que a vida adulta traz. Dirigido por Noah Baumbach.

Frances Halladay:
No que você é bom? Quais suas metas nesta vida? Você está realizando seus sonhos? Não sabe que rumo deve tomar? Frances é uma jovem que trabalha como assistente numa companhia de dança e divide o apartamento com sua melhor amiga em Nova York. Ela não se considera boa o suficiente para se tornar uma dançarina. E ela também se questiona sobre o seu rumo. A personagem, bem carismática e lindamente interpretada pela atriz Greta Gerwig, representa uma realidade quase universal de jovens enfrentando a vida adulta e procurando se estabelecer financeiramente, psicologicamente, enfim.
A atriz Greta Gerwig dificilmente terá um papel superior a este no cinema. Engraçado que, num filme posterior, chamado Mistress America (2015), ela faz um papel que lembra bastante a personagem Frances, neste sentido de ser apaixonada pela vida e correr atrás de seu sonho, talvez até menos ingênua que a primeira, mas com a mesma trajetória. Parece que este outro filme foi uma pequena homenagem ao primeiro, até porquê contém a mesma atriz, mesmo diretor, que juntos assinaram ambos os roteiros, e se passa na mesma cidade de Nova York, palco perfeito para mostrar as desventuras de jovens que moram e tentam ganhar a vida e se realizar numa cidade grande. A vida adulta está chegando e Francis, apesar de não parecer ter perspectivas de melhora, decide encarar a vida com um otimismo incomum. As coisas podem dar errado, mas ela tenta se divertir no processo. A cena de Paris como uma viagem de supetão, para ficar na casa de pessoas que ela nem conhece direito, é interessantíssima.
O filme em preto e branco deixa uma atmosfera banaca. É um filme curto e cativante, com direto a uma cena sensacional na qual a personagem corre pelas ruas de Nova York e a música Modern Love, de David Bowie, diz tudo o que precisa para combinar com o filme. Frances Ha é sensível, divertida, e procura aceitar que seus sonhos talvez não se concretizem, mesmo assim de maneira otimista.
Aqui deixemos uma passagem do filme Mistress America (2015):

"Ela era o último caubói, uma romântica fracassada
O mundo mudava e pessoas como ela não teriam para onde ir
Ser uma luz de esperança para os outros é um trabalho solitário."

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Fontes:
http://www.teoriacriativa.com/somos-todos-frances-ha/