Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Querido John (Dear John)

Eu indico
Querido John (EUA, 2010)

Dirigido por Lasse Hallström e baseado no romance de Nicholas Sparks, o filme conta a história de John Tyree (Channing Tatum), um jovem soldado que foi para casa durante uma licença e de Savannah Curtis (Amanda Seyfried), a jovem universitária idealista por quem ele se apaixona durante as férias de faculdade. Durante os próximos sete tumultuosos anos, o casal é separado pelas missões cada vez mais perigosas de John. Apesar de se encontrarem apenas esporadicamente, o casal mantém o contato por meio de uma enxurrada de cartas de amor. Umas dessas correspondências acaba por provocar uma situação indesejada.

Romance no filme e no livro:
Este filme deve ser assistido preferencialmente acompanhado, como uma boa parte dos filmes baseados nos livros de Nicholas Sparks, famoso autor de romances que costumam ser adaptados para o cinema. Nessa linha, indico também “Diário de uma Paixão” (2004), “Um Amor para Recordar” (2002) e “Noites de Tormenta” (2008). Querido John é um livro emocionante, mostra o significado do verdadeiro amor, explicitamente quando o personagem John, narrador da história, confessa: “Qual o real significado do verdadeiro amor? Finalmente compreendi o que o verdadeiro amor realmente significa. O amor significa pensar mais na felicidade da outra pessoa do que na própria, não importando quanto dolorosa seja sua escolha.”. O filme tem uma boa fidelidade à obra, embora tenhamos um final sutilmente modificado. Acredito que cada um dos dois tenha o seu mérito.
Além de um belo romance, a história explora também o drama familiar de John, em sua relação com o pai que sofre de um grau de autismo não muito perceptível. Por sinal, muito boa a interpretação do personagem do pai de John pelo ator Richard Jenkis. Um outro enfoque interessante da obra (e do filme) é a guerra, tendo explorado a recente batalha no Oriente Médio pelos Estados Unidos após os acontecimentos do 11 de Setembro. Navegando entre esses três aspectos, o resultado é, no mínimo, agradável, principalmente para o público jovem. Também existe o lado da vida altruísta de Savannah e suas escolhas, que influencia diretamente na reviravolta que a história toma. E o espectador tanto pode julgar a personagem, quanto se sensibilizar por ela e entender suas escolhas.
O casal tem uma mania que é uma espécie de marca na relação deles. No filme, percebe-se que eles usam a frase “Nos vemos em breve, então?” quando vão se despedir, e o outro confirma “Nos vemos em breve”; no livro, eles combinam olhar para a lua, quando estiverem distantes um do outro. Cada um desses dois aspectos será explorado e bem utilizado na história, resultando em uma cena (no filme) e uma passagem (no livro) marcante e emocionante. Como dito anteriormente, cada um tem o seu mérito, mesmo não sendo totalmente iguais.

“Mas a lua está cheia, o que me fez pensar em você.”

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Fontes: 

http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-querido-john/

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Depois da Chuva (Ame agaru)

Eu indico
Depois da Chuva (Japão, 1999)

Misawa é um samurai que não consegue encontrar emprego, mas que é um gênio da arte de lutar. Ao lado de sua mulher, ele é obrigado a parar em uma pequena hospedaria por causa de uma enchente. Vendo as péssimas condições do local, ele parte em busca de alimento para o povo, logo despertando a desconfiança de sua mulher, que não gosta que ele lute por dinheiro. Mesmo sem a conduta real de um samurai, é contratado para treinar as tropas do feudo local, despertando a inveja dos outros lutadores.

Akira Kurosawa e os samurais:
Akira Kurosawa é a grande referência quando se trata de cineastas japoneses. Foi o introdutor do gênero samurai no cinema, mas também explorou diversos enredos. Dos seus filmes mais conhecidos e que tive a oportunidade de ver, recomendo "Ran" (1985), homenageado no Festival de Cinema de Cannes e considerado sua obra prima, "Sonhos" (1990), que reúne várias situações como lendas japonesas antigas e mitos do folclore oriental, e o clássico "Os Sete samurais" (1954). Tive que escolher um para a postagem e optei por este interessante filme "Depois da Chuva", seu último trabalho no cinema. Embora tenha feito somente o roteiro deste, o seu discípulo e fiel assistente de direção, Takashi Koizumi, concretizou a obra dirigindo o filme, logo após o falecimento de Kurosawa, como uma forma de homenagem ao mestre.
É um filme de samurai leve, contemplativo, poético e harmônico... assim como a chuva do título. A idéia é acompanhar a jornada de um Samurai, Misawa, na verdade um Ronin, pois não possui senhor algum para servir, já que seus empregos anteriores deram errado e vamos entender o porque. Possuindo grande habilidade na espada e na arte de lutar, além de uma bondade e humildade raras, ele acaba enfrentado o dilema de usar seus dons para boas causas, mesmo que isso fira o código do Samurai, de não lutar por dinheiro. Misawa e sua esposa estão de passagem, mas por conta da forte chuva eles ficam alojados em um tipo de pensão local, habitado por muitas pessoas pobres. Convivendo com eles, Misawa fica sensibilizado com a situação. Uma marca de Kurosawa é focar na injusta situação dos pobres.
O caráter do personagem é o que mais agrada no filme, pois ele não se apega a rituais, é livre e independente, mas também extremamente responsável, justo e defensor dos fracos, abrindo mão do próprio conforto. E sua verdadeira honra é conquistada ao alegrar os pobres e menos favorecidos no lugar onde ele está. O extremo valor dado à tradição dos Samurais acaba perdendo valor real para Misawa, e posteriormente a esposa também reconhece que vale a pena usar dons para boas causas.
“Dizem que a espada de um guerreiro é o seu espírito”. Simbologias são tratadas no filme, como a própria chuva, a travessia do rio e o símbolo da espada que representa o espírito do samurai. O som e o cenário trazem detalhes da natureza, as águas, bosques, rios e cachoeiras.
Para quem gosta de cenas de luta, temos uma bela cena onde o personagem fica cercado por 8 homens e, apesar de evitar, é obrigado a se defender do grupo todo. Muito interessante não vermos aquelas lutas inacreditáveis, com saltos e malabarismos, coreografadas e em câmera lenta e rápida; temos aqui o realismo de como uma luta de espadas provavelmente acontecia, onde o que conta é a habilidade, experiência e frieza, o controle emocional, o foco e a calma que ajudam nos reflexos do samurai. Também percebemos a importância do treino, em algumas cenas onde Misawa se dedicava a exercitar-se um pouco com a espada. Tudo é como uma frase no filme: “Nenhuma verdade a não ser os fatos”.

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Fontes: 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Akira_Kurosawa
http://www.cineplayers.com/comentario.php?id=10581

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

As Sete Faces de Dr. Lao ("7 Faces of Dr. Lao")

Eu indico
As Sete Faces de Dr. Lao (EUA, 1964)

Um misterioso homem chinês chega montando em um burro na cidade de Abalone, no Arizona. De posse de um único objeto, um pequeno aquário ocupado por um peixe exótico, em apenas dois dias este homem vai mexer com a população da cidade, exibindo o seu circo mágico.

“O Circo do Dr. Lao é a própria vida, e tudo nele é uma maravilha”:
Com roteiro de Charles Beaumont, adaptação do romance de fantasia de 1935 “O Circo do Dr. Lao”, de Charles G. Finney, este foi o último filme dirigido pelo cineasta George Pal, conhecido pela direção do clássico "A Máquina do Tempo" (1960) e também pela produção de "A Guerra dos Mundos" (1953). Interessante e original, o espectador pode ficar maravilhado com este filme que mostra a presença ilustre de um exótico chinês numa pequena cidade americana e seus inebriantes efeitos que envolvem toda a população. Este andarilho misterioso exibe o seu circo na cidade que, na verdade, é uma estratégia para repassar seus ensinamentos e lições. Como ele mesmo diz para um garoto: “Minha especialidade, no entanto, é sabedoria.”.
Vi este filme pela terceira vez, e até hoje fico maravilhado com a história. Lao usa suas muitas faces para repassar sua sabedoria aos visitantes, que podem ou não dar atenção aos seus conselhos. Entre os conselhos do chinês existe, por exemplo, o valor que deve ser dado à simplicidade. O ator Tony Randall interpreta vários personagens, tais como o Mago Merlin, o vidente Apollonius de Tyana, a Medusa, Pan (um ser da mitologia grega) e o próprio visitante chinês Dr. Lao. Quase que não percebemos, mas ele também interpreta um dos membros da audiência.
Entre a população existem algumas personalidades interessantes, como uma mulher que se apega a sua auto-imagem de uma beleza jovem. Além dela, temos Angela (Barbara Eden), uma bibliotecária viúva que reprime suas emoções, o seu filho Mike carente de uma figura paterna e até o rico fazendeiro Clint Stark (Arthur O’Connell) que pretente comprar a cidade enquanto a terra é barata. Grande parte da população possui valores morais distorcidos, com exceção da bibliotecária e do repórter Ed Cunningham. Cada um deles será influenciado pelas faces do Dr. Lau, como por exemplo a Angela, que é despertada de sua repressão emocional pela música envolvente de Pan, assim como o rico fazendeiro Clint Stark, que enxerga a si mesmo na serpente gigante. Mas o que achei mais interessante foi o grande truque do mago Merlin, que aparentemente mostra a todos uma certa decadência por estar velho e um pouco senil (e até pelo fato de que a mágica se tornou obsoleta); o mago desfaz o feitiço da Medusa sobre uma velha senhora - que havia virado pedra - mas o efeito não é tão somente físico, pois Merlin restaura o corpo da mulher ao seu estado anterior, mas também renova o seu espírito.
O filme tem um visual fantástico, praticamente um clássico em efeitos stop motion (por Jim Danforth) que renderam uma indicação ao Oscar de Efeitos Especiais. Acabou ganhando um prêmio honorário (categoria que não existia) de melhor maquiagem, pelo trabalho de John Tuttle. Na história do Oscar, um outro filme levou um prêmio semelhante: "O Planeta dos macacos”, 4 anos depois. Também não posso deixar de mencionar e belíssima trilha sonora, com uma música que não sai da cabeça, uma melodia que parece uma mistura de velho oeste com um toque oriental.

"O mundo inteiro é um circo se você souber olhar para ele.
Como o sol se põe quando você está cansado e nasce quando você levanta.
Isso é mágica de verdade.
O modo como uma folha cresce.
O canto dos pássaros.
Como o deserto fica à noite, quando a luz da lua o envolve.
Oh, meu garoto... isto é circo bastante para qualquer um.
Sempre que você vê um arco-íris e seu coração se maravilha com isso.
Sempre que você pega um punhado de areia, e não vê areia, mas sim um mistério, uma maravilha em sua mão.
Toda vez que você pára e pensa: Estou vivo, e estar vivo é fantástico!
Sempre que algo assim acontece, você é parte do Circo do Dr. Lao"
Dr. Lao

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Fontes: 

http://porquever.blogspot.com.br/2009/05/as-7-faces-do-dr-lao-eua-1963.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/7_Faces_of_Dr._Lao