Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

[ESPECIAL] E o Oscar vai para…

Estamos no início de 2016, próximo então da 88º Academy Awards, ou seja, o Oscar 2016, que é a cerimônia de premiação mais esperada da Sétima Arte. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas faz um evento de premiação anual, desde sua fundação em 11 de maio de 1927, em Los Angeles, Califórnia, em reconhecimento à excelência de profissionais da indústria cinematográfica. A Academia foi concebida por Louis B. Mayer, um dos fundadores da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM).

Aqui eu busquei fazer uma postagem sobre os primórdios do Oscar com algumas curiosidades e também mostrando a relação com os filmes brasileiros, que na verdade é muito mais do que a maioria imagina, mesmo o Brasil não tendo conquistado nenhuma premiação principal.

A primeira cerimonia do Oscar foi em 1929 e durou apenas 15 minutos. As pessoas podiam assistir ao evento por 5 dólares e os filmes indicados eram todos mudos. Como o primeiro filme falado surgiu neste mesmo ano (O Cantor de Jazz), os produtores deste receberam um premio especial, pois um filme falado não podia concorrer com um filme mudo. Abaixo resenha sobre este filme grandioso:

Da mesma forma, Chaplin, pelo fato de representar um personagem de comédia, não podia concorrer com atores dramáticos. Para se redimir desta falha ou injustiça, a Academia homenageou Chaplin com um prêmio especial por sua atuação, direção, roteiro e produção do filme “O Circo”, uma das maravilhas deste cineasta, também com uma resenha aqui neste blog:

A primeira atriz “queridinha” da academia foi Janet Gaynor. Ela concorreu contra ela mesma duas vezes na mesma premiação, que foi o primeiro Oscar, por suas interpretações em Seventh Heaven, Street Angel e Sunrise. Existiram mais 2 atrizes concorrendo, mas ela ganhou o prêmio. Realmente, com sua carinha de anjo, apesar dos filmes serem mudos, ela mostrava grande expressão corporal, principalmente facial, nas suas atuações. Aqui também tem um post do filme Sunrise: A Song of Two Humans, um romance muito sensível que me fez admirar mais ainda os filmes mudos:

Em relação ao Brasil, este ano concorremos na categoria de Melhor Animação, com o maravilhoso O Menino e o Mundo. As chances, mais uma vez, são poucas, diante do grande Divertidamente, que de fato merece mais, na minha visão. Ao longo do tempo, o Brasil teve até uma boa relação com o Oscar e com outras grandes premiações. Apesar de não existir um filme nacional vencedor de Oscar, podemos dizer que muitos chegaram perto com louvor. Vejam que interessante:

- Em 1953, O Cangaceiro, de Lima Barreto, ganha o Festival de Cannes e torna-se o primeiro filme brasileiro a ter sucesso internacional;

- Em 1959, o filme francês Orfeu Negro, de Marcel Camus, ganha a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro nos EUA. Este filme foi inspirado no musical Orfeu da Conceição, de Vinícius de Morais e Tom Jobim;

- Em 1962, O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, é premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes;

- Em 1989, o curta Ilha das Flores, de Jorge Furtado, vence o Festival de Berlim na categoria e é eleito pela crítica europeia um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século XX;

- Em 1998, Central do Brasil, de Walter Salles, ganha o Festival de Berlim, e Fernanda Montenegro é indicada ao Oscar de melhor atriz;

- Em 2002, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, participa do Festival de Cannes e é distribuído para 62 países;

- Em 2003, Carandiru, de Hector Babenco, participa do Festival de Cannes e ganha prêmio no Festival de Havana;

- Em 2008, Tropa de Elite, de José Padilha, vence o Festival de Berlim.

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Fontes:

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Nevoeiro (2007)

Eu indico
The Mist (EUA, 2007)

Após uma violenta tempestade devastar a cidade de Maine, David Drayton (Thomas Jane) e Billy (Nathan Gamble), seu filho de 8 anos, correm rumo ao supermercado, temendo que os suprimentos se esgotem. Porém um estranho nevoeiro toma conta da cidade, o que faz com que David, Billy e outras pessoas fiquem presas no supermercado. Logo David descobre que há algo de sobrenatural envolvido e que, caso deixem o local, isto pode ser fatal. Dirigido por Frank Darabont.

Darabont e King:
Existem combinações que dão certo. Um escritor aclamado e com status de “mestre do terror” e um diretor que consegue transportar para o cinema adaptações fiéis sobre as obras do primeiro. Frank Darabont dirigiu esses filmes baseados em livros ou contos de Stephen King: The Woman in the Room (1983), Um Sonho e Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994), À Espera de um Milagre (The Green Mile, 1999) e este O Nevoeiro, que é baseado em um dos contos do livro Tripulação de Esqueletos.
O conto e o filme são ótimos, principalmente de você gosta do gênero, que posso resumir como uma história de terror recheada de mistério e drama. Isso porque além da proposta de possíveis monstros atacando moradores na cidade de Maine (na qual o escritor tem preferência para bolar suas histórias), é uma reflexão sobre como as pessoas podem se comportar diante de uma situação de crise. É por isso que não existe um foco em mostrar os monstros, mas sim as pessoas, e a ideia de um local fechado, um supermercado, no caso, unindo diferentes pessoas por acaso, leva a situações interessantes. Um exemplo claro: na figura da personagem Sra. Carmody (interpretada por Marcia Gay Harden) vemos o fanatismo religioso e como isso afeta toda a atmosfera ao redor. Além do mais, os comportamentos levam a situações mais graves ainda.
Uma caraterística interessante nas obras de Stephen King é que existe uma preocupação com a construção dos personagens, e isso também prevalece no filme. Junto a isso, nós, leitores e/ou espectadores, diante do desconhecido, vamos sugerindo explicações. Seria o apocalipse? Seria o resultado de uma experiência que trouxe criaturas de outra dimensão? Enfim, o mistério está lançado.
Além do mais, podemos nos preparar para um final impactante, surpreendente. Neste ponto, ouve da parte de Frank Darabont uma iniciativa (vamos chamar de ousadia) em mudar o final da história, surpreendendo até a quem leu o romance, até porque não é um final convencional. Particularmente gostei dos dois finais, tanto do conto quanto do filme, um deles é mais sugestivo e misterioso, o outro é mais claro e sinistro. Mas a história como um todo é super criativa, reflexiva e agradável de acompanhar. Toda a atmosfera e dinâmica que fizeram deste um dos melhores contos do escritor, estão no filme, e é ótimo acompanhar visualmente os ambientes bem realistas que o diretor conseguiu criar, tanto na parte externa da cidade, quanto no ambiente fechado do supermercado. E isso tudo aproveitando da nossa tecnologia e exibindo efeitos bem legais.

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Fontes:

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Amar é Sofrer (The Country Girl, 1954)

Eu indico
The Country Girl (EUA, 1954)

O esquecido ator e cantor Frank Elgin (Bing Crosby) tem a chance de voltar ao show business quando o diretor Bernie Dodd (William Holden) oferece a ele o papel principal de seu novo musical. Entretanto, Frank está muito inseguro, acaba recorrendo à bebida e evita assumir responsabilidades, deixando tudo nas mãos de sua esposa Georgie (Grace Kelly). Bernie tenta ajudar Frank a recuperar sua autoconfiança e acredita que é Georgie a causa de sua baixa autoestima. Dirigido por George Seaton.

A garota do interior:
Primeiramente, este é um filme de grandes atuações. Bing Crosby, como protagonista, está exemplar: ele faz o papel de um ator que teve grande sucesso no passado e hoje está fracassado. Quando um ator real interpreta um ator personagem, ele tem que ser bom, e isso fica claro em cenas onde ele interpreta seu personagem falhando em alguma interpretação no palco. No caso, o personagem é um ator e cantor de teatro. Por conta de um trauma do passado, sua carreira desabou, sua interpretação está prejudicada... mas ainda existe talento. Seu amigo, interpretado por William Holden, reconhece e investe nele, mesmo nessas condições.
Bing Crosby foi um grande cantor do século XX, a sua segunda profissão era de ator. Aqui ele interpreta um ator alcoólatra, diante de sua última chance para ressuscitar sua carreira e recuperar seu amor-próprio. Chega a ser agonizante presenciar essa luta, quanto mais na interpretação de Crosby nos passando todo um realismo em relação a essa condição na qual seu personagem é submetido. Cheguei a lembrar um pouco de Chaplin, no filme Luzes da Ribalta (Limelight, 1952), onde um palhaço de teatro que foi bastante famoso, se tornou um alcoólatra e passa a tentar retomar sua carreira.
Para incrementar a dose, neste filme a Grace Kelly, que é a “garota do interior” do título original, faz o seu melhor papel e leva o primeiro e único Oscar de sua carreira. Essa atriz de beleza invejável chega a estar pouco reconhecível em algumas cenas, ao interpretar a esposa amargurada, sofrida. Ela mostra bem a importância de uma companheira fiel e dedicada, na alegria e na tristeza. Neste caso, na tristeza. É interessante ela ter sido reconhecida em um papel distinto em sua carreira, já que um rostinho bonito, principalmente na época, ganhava papéis mais glamourosos, como de mulher fatal ou mocinha que vai ficar com o mocinho. Aqui é bem diferente, bem mais sério. A premiação de Grace gerou muita controvérsia porque a favorita era Judy Garland, por sua interpretação na refilmagem de Nasce uma Estrela.
Grace Kelly foi uma atriz bem valorizada pelo diretor Alfred Hitchcock, eles trabalham juntos em Disque M Para Matar, de 1954. Antes disso, ela participou do excelente Matar ou Morrer (High Noon, 1952), Western que levou Gary Cooper a faturar um Oscar de melhor ator. Quem quiser saber mais sobre ela, pode assistir ao recente Grace de Mônaco (2014), cinebiografia de Grace Kelly que mostra a relação dela com o príncipe Rainier, com o qual casou. Não é um grande filme, mas como cinebiografia me pareceu bem consistente. A atriz infelizmente faleceu em um acidente de carro, em 1982. Hoje é reconhecida como uma das atrizes mais bonitas e influentes de Hollywood, mesmo sua carreira no cinema ter sido somente entre 1952 e 1956. Além disso, se tornou a princesa de Mônaco.
O filme venceu também como melhor roteiro (do próprio George Seaton). Foi baseado numa peça de teatro e no filme fica interessante ter o teatro em si como o ambiente predominante, alternando com as cenas em ambiente mais privado do casal protagonista e também do amigo William Holden, que possui papel fundamental na trama. Também nos surpreende com alguns acontecimentos e algumas verdades que são descobertas ou assumidas pelos personagens, assim como mostra questões como o poder do crítico, a importância da retribuição e a força destrutiva da culpa.

"Só há uma coisa mais óbvia do que duas pessoas a olharem-se muito, e é duas pessoas evitarem olhar-se."
Personagem de Bing Crosby

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Fontes:

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Um dia, um gato (Checoslováquia, 1963)

Eu indico
Az prijde kocour (Checoslováquia, 1963)

Um contador de histórias, morador de um pacato vilarejo na Tchecoslováquia, conta aos alunos de uma escola a vida do professor Robert (Vlastimil Brodský), a história de um antigo amor e seu gato de óculos escuros. Ao tirar os óculos, o gato colore as pessoas de acordo com seus sentimentos e personalidades. O caráter humano pelo ponto de vista de um gato, que apenas enxerga os humanos pelo que realmente são. Dirigido por Vojtech Jasny.

Um gato mágico usando óculos escuros - SPOILER:
Um vilarejo, um morador que é o narrador nos contando sobre os habitantes e um gato mágico que revela a personalidade das pessoas com o seu olhar. Quando o simpático professor Robert revela a seus alunos a história do gato mágico, algo demasiadamente similar começa a acontecer no mesmo plano, quando uma comitiva circense chega ao vilarejo e ela é comandada por um mágico, uma linda garota e seu gato... que possui um óculos escuros. Já sabemos que o gato pode revelar o caráter das pessoas, mudando-as de cor: mentirosos, ladrões e falsos, uma cor representa cada um destes. Mas também, para equilibrar, temos o vermelho, que indica os apaixonados. A belíssima atriz Emilia Vasaryova usa um vestido vermelho forte para combinar com a cor da paixão. Assim temos uma clara crítica social, às aparências e ao verdadeiro caráter das pessoas que não o revelam publicamente. Uma análise da alma humana que caracteriza muitos filmes da mesma década. Este filme então ficou sendo a grande marca para o cinema da República Tcheca, nos anos 60.
Imagine que o circo chega ao vilarejo e todo ele está assistindo ao espetáculo, um divertido e excêntrico show de mágica, que para algumas pessoas representa revelações, elas já irritadas com uma ou outra brincadeira que o mágico fez, relevando algum segredo sujo delas. No meio do espetáculo, o óculos escuros do gato mágico é retirado. A cena em si, do show de mágica, é fantástica, marcando o ponto mais alto do filme. Um show bem criativo. Mas o incrível mesmo é o que acontece quando as pessoas mudam de cor. O desespero se apossa de muitos, que entram numa dança frenética acompanhada do som de uma orquestra (que foi contratada para a trilha do filme). A música e a dança incrementam as cenas. Na confusão, o gato some, para a felicidade de muitas pessoas. As crianças, que são o futuro do amanhã, saem atrás do gato que sumiu no meio da confusão. Enquanto alguns adultos buscam matá-lo, por motivos óbvios.
Parecendo uma fábula, com humor, crítica social e poesia, este filme venceu o Festival de Cannes em 1963 (Prêmio Especial do Júri) e foi indicado à Palma de Ouro. Deixo aqui a frase de um personagem que resume bem a proposta: “Há algo mais belo que uma sincera autocrítica?”

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Fontes: