Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Azul é a cor mais quente (“La Vie d'Adèle”, França/Espanha, 2013)

Eu indico
La Vie d'Adèle (França/Espanha, 2013)

Adèle é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma, sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente. Dirigido por Abdellatif Kechiche.

Adèle e Emma:
Trata-se de uma adaptação das histórias em quadrinhos escritas e desenhadas por Julie Maroh. Protagonizado pelas belas atrizes francesas Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, o filme foca na vida da primeira e na forte relação entre as duas. As cenas de sexo entre as garotas é um dos pontos fortes do filme, com direito a uma cena de mais ou menos 6 minutos de duração, um sexo lésbico bem sensual e realista. Este realismo, fruto da dedicação e excelente atuação das garotas, deixa as cenas mais quentes e interessantes, podendo causar algum choque dependendo do espectador. Mas não é somente isso, não se trata de um filme pornográfico mesmo com seus momentos picantes; em meio a muitas cenas que mostram a rotina da garota, com direto a muitos closes de seu rosto, traduzindo seus sentimentos através das feições, podemos acompanhar as descobertas pessoais e transformações vividas por Adèle, que vai além de suas descobertas sexuais e de sua paixão por Emma (Léa Seydoux). A atriz principal vive sua primeira atuação como protagonista.
Nos quadrinhos, a protagonista se chama Clementine, mas o diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche substituiu o nome por Adèle, que em árabe significa justiça. Este é o mesmo diretor do polêmico “Vênus Negra” (2010), um filme difícil de assistir pela crueldade mostrada, uma cinebiografia de Saartjie Baartman, escrava sul-africana que virou atração de circo no século 19. Bem diferente deste “Azul é a Cor Mais Quente” que, mesmo com suas 3 horas de duração, encanta e empolga. Com sua merecida censura de 18 anos, recebeu a Palma de Ouro em Cannes (principal prêmio europeu do cinema).
Mesmo com um colega de escola que é o menino dos sonhos de toda garota (e apaixonado por ela), Adèle não consegue esquecer um encontro passageiro com Emma (Léa Seydoux), estudante de arte de cabelos azuis. O amor entre elas não demora a surgir. De forma detalhista, em alguns momentos arrastada, mostrando a rotina da protagonista com seus amigos, família e relações, e principalmente com bastante erotismo, o filme foca nessa questão do desejo jovem para uma relação alternativa – embora nem tanto nos dias de hoje – e gosto sexual indefinido, seguido das transformações emocionais e novas experiências da garota Adèle (Adèle Exarchopoulos) que, aos 15 anos percebe que há algo errado em seus relacionamentos com garotos, e vai viver uma trajetória principalmente de amadurecimento e conhecimento de si mesma.

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Fontes:

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Agonia e Êxtase (“The agony and the ecstasy”, EUA, 1965)

Eu indico
The Agony and the Ecstasy (EUA, 1965)

Preocupado com o legado que deixaria para as gerações futuras, o Papa Júlio II (Rex Harrison) resolve contratar o artista Michelangelo (Charlton Heston) para pintar o teto da Capela Sistina. O artista se nega, mas logo é forçado pelo pontífice a fazê-lo. A partir daí, começam as disputas entre Michelangelo e o papa à respeito do projeto. Dirigido por Carol Reed.

Arte e religião:
Baseado no best-seller de Irving Stone, ambientado no início do Século XVI, tendo como foco o processo de criação de uma das maiores obras-primas do mundo, as pinturas no teto da Capela Sistina, que foram concebidas pelo trabalho complexo de Michelangelo, entre 1508 e 1512, e que transformaram a vida deste artista, o diretor Carol Reed nos dá uma boa visão do processo, com a câmera se posicionando em diferentes ângulos, do chão para o alto mostrando o ponto de vista de quem visitava a capela, assim como no alto dos andaimes onde o artista passou quatro anos pendurado.
Contemplamos a pressão sofrida pela constante cobrança do papa, contra a técnica detalhada do pintor que precisava de tempo e inspiração para concluir tamanha obra e, também, contra o tempo que era ameaçado pela guerra que ocorria. Júlio II, conhecido como o Papa Guerreiro, valorizada a arte e também participava como um combatente líder nas batalhas. Os conflitos e diálogos entre o famoso pintor Michelangelo, que se apresenta como uma pessoa que não só tem paixão pela arte, assim como pela religião, com pensamentos que superavam os costumes e preconceitos da época, com este outro marcante personagem, o papa Júlio II, que contrata o artista para pintar o teto da Capela Cistina como uma forma de fortalecer a igreja, vão garantir uma riqueza fascinante, explorando os conflitos éticos e morais da época. Com fortes personalidades e boas interpretações de Charlton Heston (como Michelangelo) e Rex Harrison (papa Júlio II), o filme é essencial, principalmente para quem gosta da história do renascimento.
O projeto se torna uma batalha de vontades alimentada pelas diferenças artísticas e de temperamento dos personagens, que por incrível que pareça desenvolvem um respeito e amizade entre si. Questionando o verdadeiro sentido do reino dos céus, as pinturas vão representar todo o livro Gênesis da Bíblia Sagrada, da forma como Michelangelo o enxergava. A Criação de Adão, um afresco de 280 cm x 570 cm, representa o momento no qual Deus cria o primeiro homem. Deus é representado como um ancião barbudo envolto em um manto que divide com alguns anjos. Seu braço esquerdo está abraçado a uma figura feminina, Eva. O braço direito está esticado para criar o poder da vida de seu próprio dedo para Adão, o qual está com o braço estendido para seu criador. Os dedos de Adão e de Deus estão separados por uma pequena distância, representando que existe uma liberdade, o livre arbítrio, entre Deus e os homens.
O pintor Rafael, um dos mestres do Renascimento, aparece no filme para enaltecer a capacidade de Michelangelo, quando se recusa a substituir o mesmo mostrando que intervir na obra de outro artista, quanto mais aquele, não seria ético.
O filme foi indicado ao Oscar de direção de arte, fotografia, figurino, música original e som, embora não tenha faturado nenhum dos prêmios.

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Fontes:

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ritmo Louco (“Swing Time”, EUA, 1936)

Eu indico
Swing Time (EUA, 1936)

Um dançarino e apostador viaja a Nova York para levantar a quantia necessária para poder se casar com sua noiva. Chegando lá, ele acaba se envolvendo com uma bela dançarina novata. Dirigido por George Stevens.

Musical antigo:
O casal de atores Fred Astaire e Ginger Rogers, que dançam e cantam em seus filmes, mantiveram uma longa parceria no cinema. Ritmo Louco foi o sexto filme com o casal, contendo cenas de dança sensacionais, ao estilo sapateado, entre outros. O casal dá um show, inclusive quando catam, tornando o filme, no mínimo, divertido de ser visto. As danças não são triviais, mostrando que o ritmo, marcação, condução e equilíbrio tinham que ser perfeitos. A câmera assume várias posições e, no momento oportuno, mantém a mesma direção. Coreografias e duetos bem cantados, com canções de Jerome Kern e Dorothy Fields, que fizeram com que a canção "The Way You Look Tonight" ganhasse o Oscar.
A trama deste musical mantém o estilo da comédia romântica antiga, alternado com as cenas de canto e dança. Um destaque para a cena onde Fred Astaire faz um número sozinho, com um efeito de três sombras dele que acompanham os seus movimentos. Esta coreografia de Hermes Pan ganhou uma indicação ao Oscar de Melhor Direção de Dança. Em outra cena, Astaire está pintado de preto (no estilo dos filmes antigos que não tinham atores negros e, por isso mesmo, os atores tinham que ser “pintados” para representar personagens negros), dançando na canção "Bojangles of Harlem", em uma homenagem ao grande bailarino negro Bill Robinson, que por sinal deu aulas de sapateado ao ator. Seu sapateado é incrível, e nas cenas que dança com a belíssima Ginger Rogers, a sincronia entre os dois é fenomenal. Além disso, o romance do casal no filme vai garantir a aceitação dos espectadores afins. Entre algumas situações divertidas, vamos torcendo para que o casal consiga ficar junto.
As danças conseguem representar o drama e o romance vivido pelos personagens, como exemplo da cena onde aparece a canção "Never Gonna Dance", que termina com o casal tendo que se separar devido à situação e dilema no qual se encontram.

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Fontes: