Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

[ESPECIAL] 1 ano de blog


Neste mês de outubro de 2012 o meu blog faz 1 ano. Fico contente em ter cumprido a meta pessoal de postar 3 filmes por mês, não somente indicando, mas também pesquisando bastante para fazer uma postagem com conteúdo, incluindo - da forma mais clara que consegui - a minha visão sobre cada filme. Como pode-se perceber, avalio com duas categorias: filmes que gostei (recebem o selo da mãozinha “Eu Indico”) e filmes que gostei demais (recebe o selo da taça “Favoritos”). É um trabalho gratificante.

Tive a oportunidade de assistir ao filme "La vida útil - Um conto de cinema" (Uruguai, 2010), em uma de minhas salas de cinema preferidas (o Cine Vivo, no Shopping Paseo Itaigara). Dirigido por Federico Veiroj, o filme mostra um empregado da Cinemateca de Montevideo que se vê obrigado a reajustar sua vida depois de 25 anos trabalhando no lugar. Me chamou atenção uma cena onde o diretor da Cinemateca, em uma entrevista de rádio, faz um discurso sobre a formação do espectador. Acredito que ver  a esta cena foi o meu presente de 1 ano de blog e, reproduzo aqui, toda a fala do personagem Martínez:

“Vejamos... as pessoas acreditam que, quem sabe de cinema, é alguém que é capaz de recitar de memória a carreira, a trajetória de um ator, um diretor, um produtor. Se confunde nesses casos a erudição, o dicionário com os conteúdos. É provável que sim, que seja importante saber a trajetória dos grandes autores cinematográficos, mas não como um exercício de memória... ou de dados supérfluos. Essa é a primeira coisa que, me parece, há que distinguir. O cinema não é uma coleção de figurinhas, não é uma coleção de dados. O dado tende a ocultar a realidade. O dado é, em definitivo, consolidar, cristalizar uma informação e nada mais. É mais difícil de compreender como se produz o enriquecimento do espectador. Produz-se com certeza através do acesso e do assistir a obras cinematográficas, obras criativas. Mas como se explicam as ressonâncias sobre um espectador? Não sei como chamá-lo... se um espectador formado (não creio que seja esse exatamente o termo)... um espectador alerta... e sensível. Sei lá... Vejamos então "Alexander Nevsky", filme de Sergei Eisenstein com música de Sergei Prokofiev: o que há aí é um exercício que aparentemente é frio e formal, onde as tomadas não têm movimento de câmera e parece haver movimento, e onde há seis ou sete linhas melódicas, que correspondem à música de Shostakovich, de Prokofiev, e a relação entre a composição de cada imagem, a tal ponto que, se sobrepormos a partitura e os movimentos da partitura e as imagens alinhadas, uma atrás da outra, o movimento das imagens são coincidentes. Isto para que? Isto para explicar como e porque se constitui o sentido esmagador que tem toda essa sequência sobre o espectador. Está explicado aí. Mas quando entram os pífanos, por exemplo, aí o que há é uma relação de quem são os que estão nesse momento ocupando a imagem e a atenção do espectador. Sublinham e elevam essa atenção. Tudo isso não é perceptível a uma primeira vista, como não é perceptível a uma primeira vista toda a estrutura do "Cidadão Kane", de Orson Welles. Tampouco é erudição tudo isso, senão simplesmente chamar a atenção sobre certas coisas que são a estrutura e a forma da própria obra cinematográfica, como há em um romance, em uma obra plástica, em uma composição musical. Basicamente é isso. Ou seja, um filme não é o contar um argumento, não é o argumento senão o que ele motiva. Determinadas expressões cinematográficas que são as que, em definitivo, comovem ou não ao espectador.”

sábado, 20 de outubro de 2012

O Campeão de Hitler (“Max Schmeling”)

Eu indico
O Campeão de Hitler (Alemanha / Croácia, 2010)

A história real sobre o boxeador alemão Max Schmeling, tendo um dos focos principais a sua luta contra o norte-americano Joe Louis durante a Segunda Guerra Mundial - confronto considerado um dos maiores de todos os tempos na história do boxe.

Campeão de boxe e herói de guerra:
Inspirado pela história real do boxeador alemão Max Schmeling, o cineasta Uwe Boll dirige um filme que conta a vida de um herói verdadeiro em tempos de guerra. Um bom filme sob dois aspectos: boxe e guerra. Max Schmeling (Henry Maske) foi um alemão que se tornou um boxeador famoso, por ter um ótimo histórico de vitórias, muita fama e por ter casado com a bela atriz tcheca Anny Ondra (Suzanne Wuest). Em 1936, época de tensão entre a sociedade ocidental e os ideais nazistas, o foco mundial era a guerra, mas para Max Schmeling era o boxe. Sua fama coincidiu com a época da ascensão de Hitler ao poder, e com isto uma luta de boxe que deveria ser algo puramente profissional, acaba gerando demasiada atenção tanto para a Alemanha, quanto para os EUA; uma luta clássica entre Max e o norte-americano Joe Louis, que acaba naturalmente colocando em jogo o orgulho dos dois países. Para a Alemanha (para Hitler), seria uma humilhação o seu campeão ser derrotado por um boxeador americano e, ainda por cima, negro. A situação fica tensa para o espectador, considerando que acompanhamos o ponto de vista do campeão alemão, e ainda por cima o americano Joe Louis encontra-se num ótimo momento de sua carreira, com seguidas vitórias por nocaute.
Max Schmeling foi contrário à causa de Hitler, e ainda por cima não abandonou seu empresário e amigo judeu, Joe Jacobs. Vemos o conflito pessoal e o peso da responsabilidade por ser considerado um “símbolo” e ser forçado a cooperar com o líder do país para melhorar a imagem da Alemanha perante o resto do mundo. Seguimos a jornada deste campeão, não somente pelas vitórias (até porque ele sofre suas derrotas), mas também por mostrar sua honra e respeito pelos oponentes, sua fidelidade à esposa (mesmo criticado por ela ser tcheca e, não, uma alemã) e ao amigo judeu, sua coragem e fibra (cito aqui uma frase dita por ele para a esposa, quando descobrem que ele foi convocado para a guerra: “Calma, Anny. Eu nunca fugi de nada. E não vou começar agora”). Além de participar da guerra, como um castigo da Alemanha por conta de uma de suas derrotas e de sua compaixão pelos judeus, vemos mais uma demonstração de seu caráter quando tem piedade de seu oponente, e acaba sendo admirado por ele. Em sua jornada, acaba aproveitando sua fama de boxeador campeão e salva muitas vidas em seu país, principalmente de judeus, onde decidiu ficar e lutar contra o regime.
Achei interessante uma técnica usada repetidas vezes no filme, que consistiu em exibir filmagens reais da guerra na Alemanha, que aos poucos se transformam em início de cenas no filme. No final, achei as informações bem ricas e detalhadas, sobre o destino dos vários personagens, na vida real. Max Schmeling encerrou sua carreira com um total de 70 lutas, 56 vitórias, 40 vitórias por nocaute, 10 derrotas e 4 empates.

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Fontes:
http://www.ultracine.com.br/filme/o-campeao-de-hitler
http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Schmeling

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Fantasia

Eu indico
Fantasia (EUA, 1940)

Inspirado por músicas clássicas de geniais compositores como Bach, Schubert, Tchaikovski, Stravinski,  Ponchielli e Beethoven, entre outros, e regida pela Orquestra de Filadélfia, sob a batuta de Leopold Stokowski, a Walt Disney criou oito episódios em desenho animado para compor o filme Fantasia.

Orquestra em forma de animação:
Imagine o encontro da música clássica com a animação. Produzido pela Walt Disney Pictures em 1940, Fantasia é seu terceiro filme de animação e consiste de oito segmentos animados acompanhados, cada um, de músicas clássicas conduzidas pelo maestro Leopold Stokowski, sete deles apresentados pela Orquestra de Filadélfia. Forma bacana de tentar tornar a música clássica comum a todos.
Como se já não bastasse simplesmente ouvir músicas maravilhosas, também podemos assistir a curtas animados que acompanham cada música, tendo uma estreita relação com o significado de cada uma delas, além da sincronia do som com as imagens. O compositor musical e crítico americano Deems Taylor introduz cada episódio, nos trazendo informações sobre o que cada músico queria passar. Em um deles, por exemplo, temos a reconstituição da pré-história, com dinossauros dominando o planeta e sucumbindo a um único inimigo capaz de vencê-los: a própria natureza. Em outro, temos a divertida situação de um aprendiz de feiticeiro (Mickey Mouse) que desencadeia uma situação onde não consegue mais retomar o controle.
Considerando a época em que foi feito (anos 40), os episódios possuem um alto padrão de qualidade em imagem e som. O resultado é quase que uma homenagem à trilha sonora, como se esta fosse um personagem. Um marco do cinema de animação.
Fantasia também é um dos mais sombrios filmes já produzidos pela Disney, já que explora o nudismo, a violência e a morte nos "curtas" do longa. A música FantasMic, do álbum Wishmaster, da banda finlandesa Nightwish tem uma parte inspirada neste filme.
A trilha sonora de Fantasia foi gravada utilizando múltiplos canais de áudio e reproduzidos no sistema Fantasound, uma maneira pioneira de reprodução de som que fez do longa o primeiro filme comercial lançado com som estéreo. Isso obrigava que os cinemas tivessem um custo maior para exibir o longa, devido ao alto valor destes equipamentos. Esse fator, junto com o fechamento do mercado europeu devido à Segunda Guerra Mundial, fez com que o filme fosse um fracasso de bilheteria e quase levou a Walt Disney a falência.

Resumo de cada episódio - SPOILER:
- Tocata e Fuga em Ré Menor, BWV 565: de Johann Sebastian Bach; pela primeira vez, Disney e seus artistas se arriscaram no mundo da abstração e a equipe de efeitos especiais teve a chance de colocar todo o seu talento na tela;
- Suíte Quebra-Nozes: de Tchaikovsky; é o segmento onde os artistas tomaram um caminho diferente da tradicional história envolvendo brinquedos, fazendo sua própria interpretação da música e mostrando um número que simboliza as estações do ano, através de fadas aladas e outros elementos da natureza, como flores e peixes bailarinos, cogumelos chineses e cravos russos;
- O Aprendiz de Feiticeiro: de Paul Dukas; apresenta Mickey Mouse no papel do feiticeiro afobado que quer aprender seu ofício antes da hora. Para isso, ele rouba o chapéu mágico de seu mestre Yen-Sid (que é “Disney” escrito ao contrário) e dá vida a várias vassouras para encher o caldeirão de água e, como resultado de sua teimosia, cria algo que nem ele mesmo sabe controlar;
- Sagração da Primavera: de Igor Stravinsky (em relação às composições usadas no filme, este era o único músico vivo na época); é como uma explicação científica da evolução da vida na Terra, desde os primeiros seres microscópicos aos gigantescos dinossauros.
- Sinfonia Pastoral: de Beethoven; tem como cenário o Monte Olimpo e o elenco de personagens é composto de figuras fantasiosas como cavalos alados que cortam o céu, sátiros que saltam pelos campos, cupidos, centauros e suas namoradas. Este segmento do filme causou muita polêmica ao mostrar centauros e cupidos nus e também uma centaura negra;
- Dança das Horas: de Amilcare Ponchielli; apresenta uma sátira ao balé clássico e representa as horas do dia por um grupo de animais, como avestruzes, hipopótamos, elefantes e jacarés;
- Uma Noite no Monte Calvo: de Modest Mussorgsky; é ilustrado pelo demônio Chernabog que vive no alto de uma montanha, e que na noite de Halloween vem atormentar as almas de um vilarejo;
- Ave Maria: de Franz Schubert; o segmento apresenta uma procissão religiosa que segue até uma capela gótica.

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Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fantasia_%28Disney%29
http://www.disneymania.com.br/fantasia-uma-historia/
http://www.65anosdecinema.pro.br/1587-FANTASIA_%281940%29

sábado, 6 de outubro de 2012

Dredd

Eu indico
Dredd (Reino Unido / Índia / EUA , 2012)

120 anos no futuro, Joe Dredd (Urban) é o mais temido da elite de juízes nas ruas de Mega City One, onde acumula os cargos de polícia, juiz, júri e executor (quando necessário). Dredd é o mais temido pelos bandidos e mais respeitado entre os juízes, que mantêm a ordem na megalópole Mega City One.

Policial, juiz, júri e executor  – “I am the law”:
O longa-metragem, dirigido por Pete Travis, é considerado bem fiel ao gibi Juiz Dredd, criado no Reino Unido por John Wagner e Carlos Ezquerra. O personagem apareceu pela primeira vez em 1977, na revista "2000 AD". O filme tem um clima pesado, cenários de um futurismo mais acabado, ruas não muito agradáveis e população pobre e entregue aos estragos da criminalidade e drogas. A fotografia ajuda neste sentido, deixando os cenários com cores interessantes, lembrando provavelmente os cenários da HQ. A censura de 18 anos para o filme faz jus à ultraviolência que já é uma forte característica do gibi. O personagem e seu estilo de lidar com as situações – com suas frases formadas - deixa uma forte marca e se confronta bem com as gangues de Mega City One (que nos quadrinhos espelhavam a variedade de bandos da juventude britânica nos anos 70 e 80), sem cair no erro de parecer imitação de outras obras.
O ator Karl Urban ficou muito bem no papel do juiz, mesmo considerando que nós espectadores enxergamos somente uma parte do rosto dele e nada mais (da ponta do nariz até o pescoço). Percebemos a personalidade forte do personagem, que em algumas cenas assusta por ter um autocontrole de dar inveja, quase parecendo não ser um humano. O que Dredd decide tem que ser assim e pronto, não há arrependimento, dúvida e nem erro, nem existe aflição antes de tomar uma decisão. Ele é curto e grosso, só fala o estritamente necessário para a situação e age sob seus princípios ferrenhos, embasados na rígida lei. Personagem bem interessante e que ficou bem destacado nessa adaptação. Provavelmente um filme para alegrar – e muito – os fãs. Tão bem trabalhado que, em uma das cenas onde Dredd sente dor, quase que não dá para acreditar, depois de termos nos acostumados com seu comportamento sem demonstrar reações esperadas mediante as situações. E fica evidente o empenho em manter suas atribuições perante a lei e a justiça, quando não aceita que outros juízes se vendam.
Algumas cenas de ação ficaram legais no sentido de estarmos vendo as coisas do ponto de vista dos bandidos (como na cena sob o efeito da droga Slo-Mo, central à trama do filme, que faz seus usuários enxergarem a realidade com uma fração da velocidade normal - por isso o nome "câmera lenta"). Muito interessante os diferentes tipos de arma que Dredd carrega o tempo todo, inclusive sua pistola que muda o tipo de munição (fogo, tiro silencioso, tiro perfurante...) mediante o comando de sua voz (a tecnologia do reconhecimento de voz) e a sua moto que possui uma gravação que é usada para orientar a população ao redor a fim de minimizar possíveis vítimas. Temos espaço também para personagens com poderes paranormais, tendo até uma cena de batalha mental. A maior parte da ação é fechada e praticamente em tempo real, num prédio sofisticado para batalha, que é uma espécie de favela vertical. Situação bem desvantajosa para os protagonistas, e mesmo assim Dredd mantém seu equilíbrio mental, inclusive seguindo a regra de testar a sua parceira novata; é interessante que vamos percebendo o contraste do comportamento do juiz em relação ao comportamento da novata (ela, inicialmente, hesita e fica um pouco nervosa com a situação toda, e ele se mantém controlado).
O que não dá pra negar é que Dredd, produção britânica de orçamento modesto e execução competente, foi fiel ao material original e passou a sua mensagem. No universo de Judge Dredd, a extrema violência presente na acabada cidade futurista Mega City One levou à criação dos Juízes. Num futuro caótico onde qualquer falha pode permitir que a criminalidade domine a cidade, o implacável juiz cumpre um papel fundamental, se sustentando nas suas habilidades de combate e no seu forte controle emocional.

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Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Juiz_Dredd
http://omelete.uol.com.br/comic-con/cinema/dredd-critica/