Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Argo

Eu indico
Argo (EUA, 2012)

Baseado em fatos reais, acompanha uma operação secreta para resgatar seis americanos, ocorrida nos bastidores da crise no Irã. A história de Argo se passa em novembro de 1979, quando a revolução iraniana atinge seu ápice e militantes surpreendem a embaixada dos EUA em Teerã, fazendo 52 reféns americanos. Mas, no meio do caos, seis americanos conseguem escapar e encontrar refúgio na casa do embaixador canadense. Sabendo que é apenas uma questão de tempo até os seis serem encontrados e provavelmente mortos, Tony Mendez (Ben Affleck), um especialista em fugas da CIA, sugere um plano arriscado para retirá-los do país em segurança. Um plano tão incrível que só poderia acontecer nos filmes.

Argo, fuck yourself:
Em tempos de “Amanhecer - Parte 2”, da saga Crepúsculo, e todo o “exagero jovem” sobre este, podemos acabar cometendo a falha de não assistir a alguns filmes interessantes, como este dirigido e protagonizado por Ben Affleck. Apesar de uma carreira não tão bem sucedida como ator, este tem evidenciado uma boa carreira na direção. Estreou dirigindo Medo da Verdade (“Gone Baby Gone”, EUA, 2007), um excelente filme que tem seu irmão como protagonista (Casey Affleck), e depois dirigiu e protagonizou Atração Perigosa (2010). Também escreveu o roteiro dos dois filmes.
Neste terceiro filme como diretor, onde mais uma vez assina o roteiro, Aflleck explora um dos momentos mais surpreendentes já vividos na CIA e também do cinema. Em 1979, durante a chamada Crise de Reféns no Irã, as massas furiosas invadiram a embaixada dos EUA, fazendo 54 prisioneiros. Seis funcionários, porém, conseguiram escapar, refugiando-se na casa do embaixador canadense em Teerã. A CIA, então, bola um plano inusitado de extradição desses funcionários, encabeçado pelo agente secreto Tony Mendez (interpretado por Affleck). O plano consistiu na criação de um filme falso, que seria uma boa desculpa para fazer com que os funcionários se passassem por uma equipe de produção cinematográfica que estaria viajando pelo Irã para filmar lugares exóticos em busca de locações, para um filme de ficção que não passava de uma imitação de Star Wars. Mesmo assim, um plano bem arriscado, considerando que o Irã era um país em crise política. As comunicações dependiam do telefone fixo e não existia toda a tecnologia de hoje para ajudar a CIA, o que explica a falta de opções e a aprovação dessa operação. O filme de ficção recebeu o título de “Argo”, e realmente circulava nos corredores de Hollywood na época.
Affleck tomou essa responsabilidade para si, de contar essa história verídica, assim como o personagem principal, bem interpretado por ele mesmo, assume uma arriscada responsabilidade por aqueles 6 americanos (uma frase do personagem em momento de decisão: “Quando as coisas acontecem, é porque alguém assumiu a responsabilidade”). De forma madura, ele aproveita para dosar o filme com cenas divertidas, apoiado muito bem pelos atores Alan Arkin (no papel do produtor Lester Siegel) e John Goodman (no papel do lendário maquiador John Chambers, da série Planeta dos Macacos). Também não podemos deixar de notar o excelente Bryan Cranston, mesmo que mais uma vez em papel secundário, fazendo o chefe de Mendez.
Existe uma crítica sobre a indústria cinematográfica, e algumas vezes é exibido o famoso monumento letreiro “Hollywood”, que na época se encontrava caindo aos pedaços. Para manter esse clima do mundo do cinema, alguns atores famosos são citados no filme, tais como Warren Beatty, Rock Hudson e John Wayne. Mesmo com essas doses de comédia, é na construção de tensão que Affleck se prova mais uma vez capaz como diretor. A cada momento em que parece que o filme vai ficar cômico demais, somos trazidos novamente para o foco da situação no Irã. Tudo é feito com calma e realismo, para que nos momentos finais o espectador fique bem nervoso com a tensão causada pela situação.
Muito bom o cuidado com a reconstrução dos eventos. O uso de cenas documentais em contraste com as que foram criadas para o filme, inclusive fotografias reais ao lado de fotos de cenas do filme, deixam uma boa impressão da maturidade da direção e produção. Recomendo aguardar um pouco, após o término do filme, para ver as imagens, inclusive fotos e gravação dos protagonistas reais.

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Fontes:

http://planocritico.ne10.uol.com.br/Cinema-review/critica-argo/
http://omelete.uol.com.br/argo-ben-affleck/cinema/argo-critica/

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Diário de um Jornalista Bêbado (“The Rum Diary”)

Eu indico
Diário de um Jornalista Bêbado (EUA, 2011)

Paul Kemp (Depp) é um jornalista itinerante, que cansa de Nova York e viaja para Porto Rico, para escrever para um jornal. Kemp tem o hábito de beber rum e fica obcecado pela bela Chenault (Heard), que está noiva de um empresário local.

Jornalismo e rum:
Hunter S. Thompson foi um jornalista e escritor norte-americano, tendo como segunda obra “Diário de um Jornalista Bêbado”. H. S. Thompson suicidou-se com um tiro de espingarda na cabeça em 20 de fevereiro de 2005. Ele deixou um bilhete em que se mostrava deprimido e sofrendo de terríveis dores após uma cirurgia na região da bacia. Seu corpo foi cremado e as cinzas foram lançadas ao céu por um pequeno foguete, em uma cerimônia bancada pelo próprio Johnny Depp, seu amigo e que também interpretou o personagem Raoul Duke na versão para o cinema de seu livro mais famoso: Medo e Delírio em Las Vegas (“Fear and Loathing in Las Vegas”, 1998).
O filme é dirigido por Bruce Robinson e conta com Johnny Depp interpretando o jornalista itinerante Paul Kemp que, cansado das convenções morais de uma América conservadora, viaja à bela ilha de Porto Rico, para trabalhar em um decadente jornal local, o "The San Juan Star", administrado pelo tirânico Lotterman (Richard Jenkins). De cara o jornal não passa uma boa impressão e não cumpre o seu papel de forma ética, pois quando Kemp chega para se apresentar a Lotterman, está havendo uma manifestação de trabalhadores na porta da empresa e Lotterman nem faz questão de saber do que se trata.
Adotando o ritmo calmo do lugar, regado a muito rum, Paul começa a se apaixonar por Chenault (Amber Heard), noiva de Sanderson (Aaron Eckhart), um dos maiores empresários da cidade, que planeja converter Porto Rico num paraíso do capitalismo. Ele tenta usar o jornalista para escrever a favor dos seus negócios. Com o poder da palavra, Paul deve encarar o seu dilema: beneficiar os empresários corruptos ou denunciá-los. O filme mostra o significado do que deve ser o verdadeiro jornalista, uma pessoa com a responsabilidade de ir atrás da verdade e até mais além, de contra a corrupção e injustiça, compartilhando a verdade e fazendo a notícia chegar aos leitores.
Vemos em algumas cenas as belas paisagens do Caribe, e em outras a parte feia de Porto Rico, o que é interessante pois traz essa realidade contraditória para o filme, e já entra na questão principal que é o dilema do jornalista em aproveitar a oportunidade e se entregar à corrupção (e ele experimenta um pouco desta corrupção) ou fazer a coisa certa, que a ética de sua profissão pede. Após um tempo o jornalista acaba tendo que alugar e dividir um apartamento bem decadente, onde convive com dois personagens interessantes e que, junto com Deep, trazem uma boa dose de comédia para o filme. A sinergia dos 3 atores ficou muito boa, até porque é difícil contracenar com Depp e ter um certo destaque, principalmente porque ele está no seu tipo de papel (imagine um jornalista errante, num local desconhecido para ele, e que anda quase o tempo todo bebendo rum e se metendo em confusões). Os dois personagens citados são interpretados pelos atores Giovanni Ribisi (que faz o papel do alucinado Moberg e é um ator que eu já gostava) e Michael Rispoli (interpreta Bob Sala). Existem algumas cenas bem divertidas envolvendo estes personagens, puxando o filme para o lado da comédia, de forma bem agradável.

Aqui algumas frases de peso que extraí do filme:

“Você sente o cheiro? É o cheiro de bastardos. É também o cheiro da verdade. Sinto o cheiro de tinta.”

“Eu quero fazer uma promessa para você, leitor. E eu não sei se eu posso cumpri-la amanhã, ou até mesmo no dia depois disso. Mas eu coloquei os bastardos deste mundo em alerta. Que eu não tenho os melhores interesses no coração. Vou tentar falar para o meu leitor. Essa é a minha promessa. E será uma voz feita de tinta e raiva.”

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Fontes:
http://omelete.uol.com.br/rum-diary-diario-de-um-jornalista-bebado/cinema/diario-de-um-jornalista-bebado-critica/
http://www.guiadasemana.com.br/cinema/filmes/sinopse/diario-de-um-jornalista-bebado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hunter_S._Thompson

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Coraline e o Mundo Secreto (“Coraline”)

Eu indico
Coraline (EUA, 2008)

O filme conta a história de Coraline Jones, uma menina que se muda com sua família para uma enorme casa. Entediada, a garota descobre uma porta secreta que dá para outra dimensão, bastante similar a sua, só que tudo aparenta ser melhor. Porém, Caroline logo descobre que há algo de errado com seus pais alternativos.

Dois mundos:
Bonecas de pano com botões costurados no lugar dos olhos, circo de camundongos, gato preto, vizinhos estranhos e portas que levam para outro mundo são algumas características dessa animação em stop-motion, dirigida por Henry Selick. No stop-motion, criam-se bonecos e coisas tangíveis que são fotografadas, de tal forma que o filme é projetado com no mínimo 24 fotogramas por segundo.
O roteiro foi baseado na obra "Coraline", de Neil Gaiman, lançada em 2002. Este autor, também conhecido pela série Sandman, tem em boa parte de suas histórias uma influência de contos de fada, com boas doses de suspense, deixando a coisa meio arrepiante. No caso de Coraline, existe uma variação entre o mundo real e este outro que ela descobre, dando à animação uma série de simbolismos, resultando num interessante drama familiar, carregado de suspense e aventura. O universo infantil fica bem retratado com essa possibilidade de uma outra família, mostrando como muitas crianças estão insatisfeitas com a sua própria, desejando outros tipos de pais, que possam sempre adivinhar e atender às suas vontades. Desta vez a animação está bem direcionada aos adultos, principalmente pelo clima que a história tem. Os botões nos olhos de cada personagem não só trazem um simbolismo, mas também criam um clima aterrorizante.
Como característica nas obras de Neil Gaiman, há uma preocupação importante com os detalhes, como por exemplo no comportamento dos pais de Coraline: a mãe vive mal humorada, mas percebe-se que ela sustenta a casa enquanto o pai vive o sonho de realização profissional (ela usa um laptop na sala, ele um computador ultrapassado no quarto, e uma das poucas vezes que a família está junta é na hora do jantar). Com os pais sempre ocupados, a insatisfação reflete na vida da filha, que também está com saudade de seus amigos (repare no porta-retrato), e assim ela fica encantada com a boa recepção do outro lado da porta secreta, e resolve explorar este novo mundo. Outro detalhe é que a casa nova é chamada de “castelo rosa”, sendo que no outro mundo acaba se tornando uma espécie de castelo dos horrores.
Outros personagens colaboram com a trama, como o estranho Wybie, que ganha a antipatia imediata de Coraline (facilmente pensamos mal de alguém que cruza nosso caminho). Os animais são interessantes e divertidos, como o gato preto e os cachorros das duas velhinhas - que já foram atrizes, assim como os camundongos do “grande” Bobinsky, um treinador de circo falido e sonhador. A princípio, podemos ser levados a pensar que são pessoas excêntricas demais, porém com o aprofundar da trama, criamos uma simpatia para com eles, que transbordam solidão e toda uma tristeza, nos remetendo à realidade de muita gente. Ninguém escolhe os vizinhos que vai ter, porém todos podemos conviver bem, todos somos humanos, falhos, e precisamos ou um dia precisaremos de afeto e da paciência dos outros.
Neil Gaiman afirmou que sua motivação ao escrever o livro era “expressar que, certas vezes, as pessoas que nos amam podem não nos dar toda a atenção que precisamos, e certas vezes aqueles que nos dão toda a atenção necessária podem não nos amar de maneira saudável”. Coraline, após viver aquele sonho que se transforma em pesadelo, percebe que as pessoas que aparentemente não eram tão encantadoras, eram as que a estavam protegendo, e que de fato, a amavam. 

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Fontes: