Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Footloose (EUA, 1984 e 2011)

Eu indico
Footloose (EUA, 2011 e 1984)

Ren McCormick é um rapaz criado na cidade grande que se muda para uma cidade pequena do interior. Disposto a organizar um baile de formatura, Ren acaba descobrindo que dançar não é permitido na cidade. Apaixonado por música, Ren decide lutar pela restauração da dança na cidade e, em meio a isso, acaba conquistando o coração de Ariel Moore. Entretanto, Ariel é a filha do conservador reverendo Shaw Moore, responsável pelo banimento da dança na cidade, em virtude da morte de seu filho. A versão original (1984) foi dirigida por Herbert Ross e a versão de 2011 por Craig Brewer.

Ritmo louco em 1984 e em 2011:
No meio dos anos 80, um filme soube casar muito bem com a dança e a música, mesmo numa época onde os musicais já não tinham tanto valor. Só o nome “Footloose” pode encher o coração de muitos fãs, que lembram de Kevin Bacon no papel de Ren McCormick, este que lhe deu grande visibilidade e mostrou seu talento fantástico para a dança, e também para a dramatização. Vale lembrar que este ator, que chegou a participar do filme de terror “Sexta-feira 13” (1980), fez papéis posteriores de grande valor, tais como “Assassinato em Primeiro Grau” (“Murder in the First”, 1995), “Sleepers: Vingança Adormecida” (1996), “Sobre meninos e lobos” (Mystic River, 2003) e “O Lenhador” (“The Woodsman”, 2004). Sua atuação em “Assassinato em Primeiro Grau” e “O Lenhador” é extraordinária e rendeu indicações.
É complicado comparar a nova versão do filme “Footloose” com a antiga, que é um clássico e possui o mérito da originalidade, assim como comparar os atores, já que Kevin Bacon deixou uma marca muito forte. Porém, é injusto tirar o mérito desta nova versão, que para começar já nos trás uma boa nostalgia. Ambos os atores possuem um grande talento para a dança, o ator estreante Kenny Wormald (da versão de 2011) poderia tranquilamente disputar com Kevin Bacon um desafio na dança. Ambos os filmes não ficam somente no contexto musical, afinal é um drama e musical, com uma mensagem bacana sobre viver o agora e como a música e a dança têm grande sentido e importância para os jovens. Além disso, trás a questão do ativismo, como podemos fazer a diferença e lutar contra coisas já estabelecidas e tornar o mundo um lugar melhor.
Craig Brewer dirige o remake que, de fato, segue a mesma linha do original. Ficou bem parecido, sendo uma coisa boa para quem for assistir sem ter visto o original. Algumas mudanças básicas foram feitas, talvez para trazer uma atmosfera de uma época mais atual, como colocar uma cena com uma espécie de baile funk e rap, ou na cena de disputa usar um ônibus de corrida ao invés de um trator. O que importa é que a cena com a dança country funciona nos dois filmes, não há quem não se divirta assistindo. Na refilmagem, de 2011, entendemos melhor os motivos da cidade proibir a dança, logo na primeira cena, assim como o trauma do protagonista com a morte de sua mãe por causa da leucemia. Novamente, o que importa é que a cena no galpão também funciona nos dois filmes, ambos os atores dão um show de performance na dança. Na refilmagem, o legal é que o personagem erra uns passos e até cai no chão. Os atores Kevin Bacon e Kenny Wormald dão um show de coreografia, como uma forma de esfriar a cabeça e resolver suas questões traumáticas dançando sozinho em um galpão esquecido. Sem contar a cena divertida onde ensina o amigo caipira Willard a dançar (interpretado por Chris Penn no original e Miles Teller no remake).
Em ambas as produções, as músicas combinam com as cenas apresentadas e o estilo country ficou perfeito para o estilo caipira de cidade pequena. A música tema do original abre e fecha os filmes de uma forma empolgante, começando o filme exibindo somente os pés e os passos de dança, e posteriormente vemos muitas cenas de dança bem coreografada. Não tem como esquecer as músicas “Footloose” (de Kenny Loggins) e “Let's Hear It for the Boy” (de Deniece Williams), essenciais para o sucesso do filme, tanto que foram mantidas na versão de 2011. Ambas, na versão original, receberam uma indicação ao Oscar de melhor canção original. A trilha sonora contém Tom Snow, Dean Pitchford, Kenny Loggins, Nigel Harrison, Mark Mothersbaugh, Jamshied Sharifi, Jim Steinman e Nate Archibald. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Um álbum, contendo a trilha sonora do filme, foi lançado nas lojas e acabou sendo indicado ao Grammy.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994)

Favoritos
The Shawshank Redemption (EUA, 1994)

Em 1946, o jovem e bem-sucedido banqueiro Andrew "Andy" Dufresne (Tim Robbins) é sentenciado a duas penas consecutivas de prisão perpétua pelo assassinato de sua esposa e de seu amante, a serem cumpridas na Penitenciária Estadual de Shawshank, no Maine, comandada pelo religioso e cruel agente penitenciário Samuel Norton (Bob Gunton). Rapidamente, Andy se torna amigo de Ellis "Red" Redding (Morgan Freeman), interno influente, também sentenciado à prisão perpétua, que controla o mercado negro do presídio. Ao longo das quase duas décadas de Dufresne na prisão, ele se revela um interno incomum. Dirigido por Frank Darabont.

Somos todos inocentes”:
A liberdade e a esperança são tão vivas no filme que podem ser consideradas duas personagens interligadas. A humanidade e sua relação com esse sentimento de liberdade é tratada sob algumas óticas neste drama emocionante, com uma história bem elaborada, roteiro bem adaptado a partir de uma obra interessante, direção e atores excelentes. A trama a princípio é simples, mas possui reviravoltas surpreendentes e se revela com uma profundidade fantástica. É o que se pode resumir da sensação em relação a este que é um dos melhores filmes já exibidos.
Tim Robbins faz uma ótima atuação, interpretando Andy Dufresne, pessoa de personalidade fantástica e inspiradora, representando a esperança, entre outras coisas. Como se não bastasse, contracena com Morgan Freeman, que recebeu uma indicação ao Oscar de melhor ator interpretando o presidiário veterano Red, personagem contraditório que representa, entre outras coisas, o costume. Apesar de Freeman ter em sua carreira inúmeras indicações, Tim Robbins acabou saindo na frente quando recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante por seu papel perfeito no filme “Sobre Meninos e Lobos” (“Mystic River”, 2003), sendo que Freeman ganhou o mesmo prêmio em “Menina de Ouro” (“Million Dollar Baby”, 2004). Talvez se tivesse um prêmio de melhor dupla, eles ganhariam em 1995.
A narração é feita por Red, uma escolha certeira tanto para o livro, quanto para o filme. Interessante ver as coisas pela interpretação dele, inclusive a própria mudança pela qual passa. Dessa forma também analisamos o personagem Andy sem saber se ele é culpado ou não pelo crime, já que as cenas iniciais são duvidosas. Com o passar da história, muitas lições podem ser presenciadas. Todo homem deseja ser livre, porém o costume na prisão acaba fazendo com que se tenha medo do mundo lá fora, mesmo com toda a angústia dos primeiros dias na prisão, bem representada no filme. Ser prisioneiro de algo, mesmo que seja do próprio medo, mostra que existe a liberdade física e a liberdade interior, mostradas numa narração e cenas caprichadas e com uma direção madura de Frank Darabont. Segundo o personagem: "Primeiro você detesta esses muros, depois se acostuma a eles até que você precisa deles". A saída da cadeia se transforma em uma nova prisão, de medo e incertezas. O ex-presidiário é um ninguém, sem amigos, família ou futuro digno. A forma como o filme nos traduz o que a prisão faz com a vida de um ser humano é tanto perturbadora quanto bela. Nos envolvemos com os presidiários, sem precisar saber o motivo de estarem ali (todos dizem “Somos todos inocentes”), e passamos a vê-los como seres humanos não tão diferentes de nós mesmos.
O roteiro é uma adaptação do conto "Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank", uma das quatro histórias do livro “Quatro Estações”, de Stephen King. Muitas histórias de King foram adaptadas para o cinema, embora a maioria delas sejam de terror, e podemos ver muitas adaptações ruins, mas não é o caso de “Um Sonho de Liberdade”, até porque o diretor Frank Darabont parece ser a melhor opção para os filmes adaptados das obras de Stephen King. Neste caso, ele também ficou responsável pela adaptação do roteiro. Dirigiu outras 3 adaptações de obras do escritor: “The Woman in the Room” (1983), “À Espera de um Milagre” (“The Green Mile”, 1999) e “O Nevoeiro” (“The Mist”, 2008). Estes dois últimos tiveram um resultado excelente e também foram relativamente fieis à obra.
“Um Sonho de Liberdade” foi endicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator (Morgan Freeman), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor som, melhor edição e melhor trilha sonora. Uma pesquisa do jornal Independent apontou este como o filme mais injustiçado da história do Oscar, sendo que em seguida ficou “À Espera de um Milagre”; talvez tenha sido o azar de competir com "Forrest Gump: O Contador de Histórias". Mesmo assim, ocupa o 72° lugar na "Lista dos melhores filmes estadunidenses" do American Film Institute e é considerado por muitos críticos como o melhor filme da história. Na lista do The Internet Movie Database (IMDb) ocupa a primeira posição, com o maior número de votos, superando grandes clássicos como “O Poderoso Chefão”, “Cidadão Kane” e “E o Vento Levou”.
A amizade é tratada como a chave para a liberdade plena, os dois personagens estabelecem uma amizade entre si que inspira a sobrevivência de ambos. A persistência e inteligência entram como parte da solução. E o diretor, nos momentos finais, nos dá quase que um presente inesperado, pois podemos imaginar que o filme caminharia para algo comum, mas acaba que a trama é direcionada para algo surpreendente e, ao mesmo tempo, gerando grandes emoções positivas.

Não faço a mínima ideia do que
aquelas duas italianas cantavam.
Na verdade, nem quero saber.
É melhor não tentar explicar tudo.
Quero imaginar que seja algo tão belo que não...
pode ser expresso em palavras...
e faz seu coração se apertar... com a música.
Aquelas vozes voaram mais alto...
e mais longe do que se pode imaginar num lugar cinzento.
Era como um belo pássaro que voou para a nossa gaiola...
e fez os muros se dissolverem.
E, pelo mais breve momento...
cada homem de Shawshank se sentiu livre.”
Red

- Valeu a pena ter ficado duas semanas na solitária?
- Dessa vez foi a mais fácil.
- Nunca é fácil ficar na solitária. Uma semana lá é como um ano.
- Acertou na mosca. Mas essa semana Mozart ficou comigo.
- Deixaram você levar o toca-discos para lá?
- Estava aqui (aponta para o cabeça). E aqui (aponta para o coração).
É por isso que a música é bela. Eles...
não podem tirá-la de você.”
Andy

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Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Shawshank_Redemption

domingo, 10 de novembro de 2013

O Palhaço que Não Ri (The Buster Keaton Story, 1957)

Eu indico
The Buster Keaton Story (EUA, 1957)

Cinebiografia do comediante e diretor Buster Keaton, mais conhecido como grande rival de Charles Chaplin na época do cinema mudo. O filme retrata bem as dificuldades enfrentadas pelos atores na época de passagem do cinema mudo para o falado e também mostra a quem foi este grande ator. Roteiro e direção de Sidney Sheldon.

História triste e feliz de Buster Keaton:
É importante saber quem foi Buster Keaton (1895 – 1966), um dos maiores gênios da comédia no cinema mudo, que chegou a encarar dificuldades com a chegada do cinema falado, assim como muitos outros artistas. Ele saiu da pobreza para a riqueza em um curto espaço de tempo. Entretanto, este que foi considerado o grande rival de Charles Chaplin no cinema, passou por momentos difíceis e quase morreu esquecido. Neste sentido, vale a pena assistir ao filme, mesmo com toda a repercussão negativa após os críticos alegarem que foram ignorados e distorcidos muitos fatos sobre o astro, não tendo fidelidade à história real. Soa estranho, visto que o próprio Buster Keaton participou da produção como conselheiro técnico.
Sidney Sheldon foi um famoso escritor de vários best sellers, tais como “A Outra Face”, “O Outro Lado da Meia-Noite”, “A Ira dos Anjos” e “Se Houver Amanhã”. Também foi roteirista de filmes e novelas, chegando a dirigir poucos filmes, inclusive adaptações de suas obras. Seus livros alcançaram a lista de mais vendidos do The New York Times, porém sua carreira no cinema foi bem criticada. “O Palhaço Que Não Ri” é um drama sobre a vida de Buster Keaton, co-escrito, co-produzido e dirigido por Sheldon, que foi tão criticado que o estúdio resolveu não renovar o contrato com o diretor.
Buster Keaton é interpretado por Donald O’Connor, um dos três principais atores de “Cantando na Chuva” (1952), o clássico dos musicais que também retrata a Hollywood na passagem do cinema mudo para o falado. Versátil e carismático, o ator dá um show e consegue mostrar o talento e a personalidade de Keaton, um comediante melancólico que praticamente não dá um sorriso de forma natural em sua vida. As cenas onde ele está interpretando, ensaiando uma cena para algum filme, são memoráveis. Podemos comparar um pouco com o próprio Chaplin interpretando Carlitos, ou a Robert Downey Jr. interpretando Chaplin no excelente “Chaplin” (1992), e assim temos uma ideia de quem foi Buster Keaton.
No filme, presenciamos a origem das gargalhadas do público quando um acidente ocorre numa peça teatral de “Os Três Keatons”; o garoto Buster, com apenas 7 anos, cai acidentalmente de uma mesa e daí temos a inspiração para realizar cenas com acidentes, quedas e porradas, num estilo pastelão que combina com filmes mudos. A família do ator é pobre e enfrenta a vida com dureza. Depois disso a história avança para quando o cinema passa a quase substituir o teatro de variedades e, assim como muitos outros artistas do Vaudeville, Keaton vai para Hollywood tentar a sorte no cinema. O seu talento já é usado para driblar os guardas e conseguir um teste para ator e, em pouco tempo depois, ele já está dirigindo seus próprios filmes. Também vemos sua decadência após a chegada do som nas telas, suas desventuras amorosas e os problemas com a bebida.
No filme, a carreira de Keaton acaba com a chegada do cinema falado. Numa das cenas temos a oportunidade de ver o anúncio do filme “O Cantor de Jazz” (1927), que de fato inaugurou a era do cinema falado. Também vemos o ápice da carreira de Keaton (entre 1920 e 1928), quando criou os filmes que o tornaram um dos maiores comediantes do cinema: “Marinheiro por Descuido” (The Navigator), “O Vaqueiro” (Go West), “Boxe por Amor” (Battling Butter), “Amores de Estudante” (College), e “A General” (1927), sua obra-prima, lançado no mesmo ano de “O Cantor de Jazz”. Na vida real, Buster Keaton sobreviveu por duas décadas de comédias sonoras baratas e eventuais aparições, e depois voltou à evidência ao participar do filme “Luzes da Ribalta” (Limelight, 1952), de Charles Chaplin. Esse filme parece ter salvo o artista da decadência que, depois de contracenar com Chaplin pela única vez, dá uma reviravolta em sua vida, voltando a casar, parando de beber e atuando em diversos papéis no teatro, TV e cinema.
Quatro anos antes de morrer, Buster Keaton recebeu emocionante homenagem em Paris. Jean Tulard, acadêmico e historiador francês e apaixonado por cinema, escreveu em seu Dicionário de Cinema:
“Em 1962, ao apresentar sua obra em Paris, no espaço da Cinemateca, Keaton entrou por uma porta, enquanto era esperado por outra; pegou o microfone que lhe deram e o utilizou como um barbeador elétrico: com alguns gestos, resumiu toda a sua arte. A ovação que lhe foi feita por um público bastante jovem de cinéfilos foi a maior e mais espontânea já registrada na Cinemateca. E também a mais merecida.”

Buster Keaton (1895 - 1966)

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Fontes: