Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Alta Frequência (“Frequency”)

Eu indico
Alta Frequência (EUA, 2000)

John Sullivan é um detetive da polícia de Nova Iorque que, dias antes de completar trinta anos da morte de seu pai, que era bombeiro, começa a ouvir alguém tentando se comunicar através de um velho aparelho de rádio. Para surpresa sua, já no segundo contato, percebe que aquela voz captada naquela frequência, era de seu pai, Frank Sullivan as conversas se tornam cada vez mais frequentes e familiares mas, como Frank ainda estava vivo em seu tempo, John pode preveni-lo do acidente que seria fatal. Advertido, Frank age de forma a evitar o acidente mas isso gera alterações no futuro, ou seja, no presente do John.

Viagem no tempo pelas ondas do rádio amador:
Existem alguns filmes interessantes que envolvem viagem no tempo, ou dimensões paralelas. A famosa trilogia De Volta para o Futuro, de Spielberg, é uma opção divertida, no mínimo. Outros que me recordo são: A Máquina do Tempo (1960), A franquia O Exterminador do Futuro (1984), Os 12 Macacos (1995), Corra, Lola, Corra (1998), Donnie Darko (2001), Efeito Borboleta (2004), e, recentemente, Contra o Tempo (“Source Code”, 2011).
As explicações científicas para o tema não são simples e muitos filmes não se preocupam com isso. Mesmo para quem ache o tema fictício demais, as situações interessantes que são trabalhadas nestes podem compensar. O filme Alta Frequência deixa explicado de forma geral o motivo do acontecimento que envolve principalmente os personagens interpretados por Dennis Quaid e Jim Caviezel (pai e filho). O foco do filme é mais na ação e no impacto emocional.
Graças a um aparelho de rádio amador e a um efeito provocado pela aurora boreal, pai e filho conseguem fazer contato, mesmo estando separados por 30 anos. Notícias na rádio e na TV, logo no início do filme, já afirmam que a aurora boreal em si é um grande mistério, e cientistas não conseguem explicar como ela causa efeitos de instabilidade nos aparelhos eletrônicos, principalmente em rádios. Após isto, a criatividade toma conta do enredo, o filho no ano de 1999 e o pai em 1969. A troca de informações implica em mudanças radicais no presente e daí vamos acompanhando os acontecimentos com grandes expectativas. O fato de permitir a John (Jim Caviezel) matar as saudades do pai, Frank (Dennis Quaid numa atuação muito boa), um bombeiro morto há três décadas em um incêndio, já garante uma boa densidade dramática. Pai e filho protagonizam momentos emocionantes, a interpretação de ambos é surpreendente, mesmo sem dividirem a mesma cena. Em meio a tudo isso existe um assassino serial que nunca foi capturado pela polícia, o que torna as coisas interessantes, pois pai e filho, através deste inusitado contato, tentam resolver o caso antes que as vítimas sejam afetadas. Os atores foram indicados em premiações menores, na categoria de melhor ator para Dennis Quaid e de melhor ator estreante para James Caviezel (ou Jim Caviezel, como é popularmente conhecido), embora este já tenha atuado em outros filmes, talvez com uma participação menor.

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Fontes: 

http://www.terra.com.br/cinema/suspense/frequency.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frequency

sábado, 14 de julho de 2012

Encurralado (“Duel”)

Eu indico
Encurralado (EUA, 1971)

Homem de negócios dirigindo sozinho em uma estrada secundária de repente se vê perseguido por motorista de caminhão. Depois de algum tempo, ele chega a conclusão de que aquele motorista pretende matá-lo.

Duelo:
É preciso dar valor a alguns filmes antigos, muitos servem de referência a filmes posteriores sem que saibamos disso. Este filme de 1971 é o terceiro dirigido por Steven Spielberg, e chamou atenção ao talento deste cineasta para o público. A partir de uma premissa simples, que envolve a perseguição entre um caminhão-tanque e um Plymouth Valiant vermelho, dirigido por um pacato trabalhador interpretado por Dennis Weaver, temos um excelente filme de suspense, que nos prende a atenção do início ao fim. Tudo à luz do dia.
Filmado em apenas treze dias e lançado primeiramente para a TV, este se faz bem original ao eliminar o uso de detalhar demais os personagens. No final das contas só sabemos o nome do protagonista, David Mann; os demais, nos créditos finais, ficam com a caricatura (a senhora Mann, o motorista de ônibus, o dono do café, a atendente no posto de gasolina, o homem velho, o motorista do caminhão). Logo no início, ao invés da prática de apresentar o personagem, acompanhamos a estrada com o carro em movimento, o motor roncando. Após narrações no rádio e uma pequena introdução do que está por vir, quando o personagem estranha o comportamento do caminhão, é que aparece (após quase meia hora de filme) os primeiros pensamentos do protagonista, a conhecida narração em off (abaixo os primeiros pensamentos do personagem, que resumem bem a proposta):
“Nunca se sabe. Nunca se sabe mesmo. Vivemos certos de que algumas coisas nunca mudam. Como andar numa auto-estrada... sem que alguém nos tente matar. E depois, acontece qualquer coisa sem nexo. Vinte ou vinte e cinco minutos de uma vida inteira... e tudo aquilo que parecia aguentar-nos desmorona-se. E, de repente, acaba-se tudo, ficamos nos afundando na lama. Pronto, rapaz, foi um pesadelo, mas agora já passou. Já passou.”

Assim facilmente nos colocamos no lugar dele, já que o diretor é um mestre em tornar realista as coisas mais improváveis. A atuação de Dennis Weaver também ajudou muito. Criando suspense com uma única ultrapassagem, e impressionando ao criar uma situação esquisita de um personagem que, na sua rotina em percorrer uma longa e livre estrada, acaba se sentindo encurralado. Como nunca vemos o motorista do caminhão, acaba que a máquina em si se torna um grande mostro, como se tivesse sendo dirigida por um fantasma. Os bons ângulos de câmera ajudam, vemos em certo momento a parte de baixo do caminhão, e em outro o mesmo esmaga a calota que se soltou do carro que está perseguindo, demonstrando assim sua grandeza.
Tenso e com um ritmo alucinante, a grande perseguição praticamente não para, chegando ao momento final como um clímax de um duelo ao sol e sobre rodas, um confronto. Em filmes assim, é importante também não estragar o final, e o deste é muito bom.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Prometheus

Eu indico
Prometheus (EUA, 2012)

Uma equipe de exploradores descobre novos indícios sobre as origens da humanidade na Terra, levando-os a uma aventura impressionante pelas partes mais sombrias do universo. A bordo da nave estelar Prometheus, eles seguem para um planeta distante, onde existe uma civilização avançada.

Ficção científica:
Ridley Scott dirigiu o seu último filme de ficção em 1982, o clássico “Blade Runner”, mas antes disso ele já era conhecido pelo filme “Alien - O Oitavo Passageiro” (1979). A intenção do diretor era que o filme Prometheus tivesse elementos de Alien, como o fato de se tratar do mesmo universo, revelando as origens da criatura ao mesmo tempo em que explora a sua mitologia. Particularmente não sou fã da franquia Alien, embora tenha me agradado bastante o segundo filme (“Aliens, O Resgate”, dirigido por James Cameron em 1986), com boas cenas de ação. Mas este filme Prometheus mostra a habilidade de produção e direção de Scott, e o resultado é um verdadeiro filme de ficção científica: futurista, com diálogos e cenas densas e interessantes, doses de suspense e terror, além de um visual de tirar o fôlego (foi inteiramente rodado com câmeras 3D e não economizou nos efeitos visuais), bem no estilo que questiona a existência e explora a necessidade de sobrevivência.
A procura por respostas sobre a criação da humanidade permeia boa parte do filme, embora o mesmo não tarde a revelar algumas respostas, ao mesmo tempo em que nos deixa com alguns questionamentos importantes (pois novas perguntas surgem); afinal, se tivermos todas as respostas sobre a criação do universo e da humanidade, não haveria mais necessidade de debates interessantes e discussões filosóficas, tão necessárias para a existência de alguns. No filme, as idéias são apresentadas à medida que vamos conhecendo personagens com diferentes opiniões (cientistas que acreditam que fomos criados por seres mais evoluídos, pessoas que acreditam em Deus como criador do universo e até aqueles que só querem fazer o seu trabalho sem necessidade de revelação alguma). Os diálogos, principalmente aqueles onde o andróide (Michael Fassbender) se envolve, são bem interessantes. Fassbender está fascinante interpretando o andróide David de uma forma que chega a ser estranha, meticuloso e sem sentimentos, artificial, a ponto de incomodar o espectador, quando decisões importantes são tomadas por uma máquina sem medo e sem consideração pela vida humana (a tipologia deste deve ser a mesma do Andróide do segundo filme de Alien). A protagonista Elizabeth Shaw também ficou bem interpretada pela Noomi Rapace, que me surpreendeu bastante. Um choque para quem conhece essa atriz pelo papel na trilogia Millenium, versão Sueca, onde ela interpretou uma exótica personagem.
O roteiro não só se aproveita desta grande questão (busca de nossas origens), como também trás novamente à tona os mistérios que rondam o surgimento da criatura da série Alien. É importante saber que o filme é muito mais do que um prelúdio para este último, tendo assim uma trama quase que independente.
O filme é o show de imagens, sons e efeitos. Os cenários são realistas e detalhados, o clima de Alien aparece com força em alguns deles, e temos a sensação de nostalgia que alguns filmes conseguem passar. Para quem for ao cinema, vai ter a sensação de que está chovendo forte do lado de fora da sala, durante uma cena do filme onde milhares de gotas de água estão caindo sobre os personagens. A trilha sonora de Marc Streitenfeld contribui bastante, inclusive usando alguns trechos das composições de Jerry Goldsmith feita para o “Alien” original.
Como se passa no ano de 2093, não perde a chance de introduzir alguns aparatos tecnológicos, como as esferas flutuantes que percorrem os lugares e mapeiam a região, assim como uma máquina para fazer cirurgias complexas sem necessidade de intervenção humana.

Prelúdio de Alien? - SPOILER
O interessante é que Prometheus desde o início procura se distanciar de Alien e mesmo assim reutiliza muitos elementos que deram certo no clássico de 1979 e constrói aos poucos uma nova atmosfera de tensão. Só que a última cena deixa bem claro que o mesmo é um prelúdio de Alien (por sinal uma cena bem legal). No início, após um belo panorama por montanhas e cachoeiras, vemos um alienígena humanóide, de corpo perfeito. Sob a sombra de uma nave, ele bebe um líquido escuro que faz com que ele se desintegre. O seu corpo cai em uma cachoeira, e o seu DNA desencadeia uma reação que origina vida. Depois que os cientistas comprovam que os seres humanos foram criados pela mesma espécie desta criatura, imaginamos que o planeta da cena inicial era a Terra. Daí as reflexões são bem interessantes, como o fato dos seres humanos serem uma espécie inferior, fruto de uma outra espécie mais evoluída que “brincou de Deus” ao nos criar. Outra questão interessante é relevar os verdadeiros motivos do patrocinador da missão, que ao invés de se importar em achar respostas, queria na verdade encontrar uma forma de prolongar a própria existência, enquanto outros personagens continuam a acreditar que a existência não acaba quando chega a morte. Até a nave Prometheus usa o nome do titã que roubou o fogo dos deuses e lutou pelo bem estar dos homens, o que despertou a ira de Zeus e este fez surgir Pandora para sua vingança contra a humanidade. Na parte final do filme, a nave foi sacrificada para salvar a Terra da destruição. Entre várias perguntas interessantes (“É possível ser um cientista e manter a fé no desconhecido?”, entre outras), o filme é apropriado para espectadores atentos, pois releva muitas coisas de forma bem sutil. Recomendo fortemente, após assistir ao mesmo, fazer a leitura do link abaixo:

Um destaque para a cena da cirurgia, que é praticamente uma evolução criativa da cena marcante de Alien - O Oitavo Passageiro, quando a criatura sai da barriga de uma pessoa.

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Fontes: 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Prometheus_%28filme%29
http://www.cineclick.com.br/criticas/ficha/filme/prometheus/id/2965
http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/269191/prometheus-ridley-scott-mixa-existencialismo-e-terror-ao-voltar-ao-universo-alien/