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Eu indico |
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Goodnight Mommy (Ich seh, Ich seh, Áustria, 2015) |
No calor
do verão, uma casa isolada no campo, entre bosques e campos de
milho. Gêmeos de dez anos de idade esperam por sua mãe. Quando ela
volta, com a cabeça envolta em ataduras após uma cirurgia plástica,
nada é como era antes. Severa e distante, ela fecha a família para
o mundo exterior. Começando a duvidar que esta mulher é realmente
sua mãe, os meninos estão determinados a encontrar a verdade de
qualquer maneira. Dirigido por Severin Fiala e Veronika Franz.
Elias
e Lukas:
Eu, brasileiro, tive a oportunidade de escolher somente
um filme para assistir em Nova York, queria muito conhecer algum
espaço de cinema nos EUA. Escolhi o Elinor Bunin Munroe Film Center,
no Lincoln Center, em Manhattan, que é tipo sala de arte, passando
filmes estrangeiros. Dessa forma, apesar da língua falada no filme
escolhido ser a alemã, as legendas em inglês foram suficientes para
entendimento pleno... e a escolha do filme foi certeira.
Há quem diga que este é o filme de terror mais
assustador do ano. Na verdade, o filme alterna entre o drama e o
suspense, inclusive trás à tona uma boa discussão sobre
relacionamentos familiares e a importância de cuidar bem dos filhos
após a ocorrência de um trauma. A Áustria anunciou que este será
o seu representante para o Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. Só
espero que passe logo pelas salas do cinema nacional, pois merece
muito ser assistido.
Na trama, mãe e dois filhos (gêmeos) estão isolados
numa residência em meio a árvores e plantações de milho. Ela
sofreu uma cirurgia plástica no rosto, sua aparência coberta de
ataduras dá um ar assustador e seu comportamento com os filhos
parece severo e questionável. Então, a relação entre eles vai
ficando cada vez mais tensa. Alguns fatos recentes observados pelos
garotos faz com que eles suspeitem se de fato ela é sua mãe
verdadeira. Daí em diante não dá para contar, só deixar o
registro de que a trama fica carregada de mistério, suspense,
expectativas sobre a verdade e, claro, cenas bem fortes.
O elenco é formado por Susanne Wuest, Elias Schwarz e
Lukas Schwarz. Ela simplesmente é chamada sempre de “mãe”
(mommy), então não sabemos o seu nome e essa deve ser uma forma que
os diretores encontraram para universalizar o papel de mãe. Os
garotos emprestaram o seu primeiro nome de verdade para os
personagens (os atores se chamam Elias e Lukas mesmo).
O filme é carregado de mistério, os cineastas
decidiram disponibilizar poucas explicações durante a trama, nos
deixando somente ser levados pelas cenas. Um ponto muito forte é a
fotografia, quanto mais com grandes paisagens da floresta e da
própria casa que é um espetáculo. Mas o ponto de maior destaque é
a forma como foi transportada para as telas essa discussão sobre a
relação familiar, as consequências de desentendimentos e
desconfianças - muitas vezes como reação após um trauma - e a
agressividade resultante dessa desconfiança, quanto mais num
ambiente isolado. A dupla Severin Fiala e Veronika Franz mistura tudo
isso com algumas cenas que se aproximam do macabro. Como os dois
garotos e a mãe precisam conviver quase o tempo inteiro juntos,
ficamos sempre na expectativa de como um vai tratar ou reagir a uma
ação do outro.
Aguarde um final impactante e difícil de ser
previamente descoberto, apesar de que existem algumas pistas durante
a trama, assim como outras que são estratégias para nos confundir
um pouco. Particularmente, gosto muito de ser surpreendido pelos
finais dos filmes, o que foi o caso.
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Fontes: