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A primeira vez do cinema brasileiro (Brasil, 2012) |
O
documentário parte do filme “Coisas Eróticas”, primeiro
longa-metragem de sexo explícito lançado no país, em 1982. Há pouco mais de trinta anos atrás a fita rodava nas principais salas de cinema do Brasil,
causando alvoroço no público em plena ditadura militar. Recheado de
curiosidades e polêmicas, o filme marcou a produção
cinematográfica da época para o bem e para o mal, figurando até
hoje entre as quinze maiores bilheterias nacionais de todos os
tempos. Dirigido por Bruno Graziano, Denise Godinho e Hugo Moura.
Não
censurado:
Podemos
dizer que “Coisas Eróticas”, produção de Raffaele Rossi, foi o
primeiro filme pornográfico nacional. A jornalista Denise Godinho,
que também faz parte da direção deste documentário intitulado
ironicamente como “A primeira vez do cinema brasileiro”, disse
numa resenha que o valor do filme não é artístico, mas
principalmente histórico. Não é a toa que o filme alvo do
documentário impulsionou o cinema brasileiro a gerar mais produções
pornográficas. Esse contexto histórico de nosso cinema é apresentado
ao longo do documentário.
Tem muitas entrevistas interessantes de cineastas, críticos
de cinema e de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a
produção de “Coisas Eróticas”, inclusive temos depoimentos do
filho de Raffaele Rossi. Este filme enfrentou a censura do regime
militar em 1982, mas mesmo assim mudou a cara do cinema pornográfico
nacional. As colocações ajudam a entender que, até hoje, ele ajudou na quebra da hipocrisia e numa abertura sexual maior, por
parte inclusive dos espectadores. Uma pena que estamos a mais de 30
anos a frente do lançamento deste filme e a indústria do cinema
pornográfico nacional está numa crise que parece sem volta.
Vemos
no documentário que, antes da estreia do filme, o presidente General
Figueiredo fez um discurso a favor dos “bons costumes”,
defendendo a censura sobre as coisas que ele considerava pornografia. Mas
“Coisas Eróticas” burlou a censura de forma curiosa e levou às
salas de cinema o sexo explícito. É um filme que merece ser
assistido, é claro que somente por adultos, e pode ser encontrado na
Internet, pois o mesmo foi compartilhado na íntegra no YouTube com
autorização dos diretores. Verdadeiramente picante e explícito, tendo
minimamente um roteiro simples, lidando com situações diferentes,
algumas banais, comuns, outras interessantes. Apesar do impacto que
o filme causou, curiosamente o seu realizador Raffaele Rossi declarou
que “ Coisas Eróticas foi o meu pior filme”.
O pornô no cinema:
Me apropriando do próprio documentário, resumo aqui
alguns momentos do cinema no mundo e no Brasil no que se trata do
tema:
-
“Uma Mulher Tomando Banho”, de Georges Méliès, foi o primeiro
pornográfico da história, em 1897;
-
“A Free Ride” (1915), de Wise Guy, mostrou o primeiro sexo oral;
-
O curta espanhol “Conesor”, dos Irmãos Baños, escandalizou os
costumes da época, embora tenha sido produzido especialmente para o
rei da Espanha Alfonso XIII;
-
A partir dos anos 40 as cenas pornográficas passaram a ser usadas
como educação sexual. Só na década de 60 que voltaram com força
total;
-
“Garganta Profunda” (Deep Throat, EUA, 1972), de Gerard Damiano,
com Linda Lovelace, foi o primeiro sucesso mundial;
-
Em 1982, “Coisas Eróticas” foi o primeiro nacional pornográfico
exibido nos cinemas;
-
Numa mostra internacional de cinema de São Paulo foi exibido o
polêmico filme japonês
“Império
dos Sentidos” (1976),
de Nagisa
Oshima;
- A chanchada (filmes de humor simples e caráter
popular, comuns no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960) perdeu
espaço para o pornô no Brasil após a década de 60.
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Fontes: