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Eu indico |
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Sing Street: Música e Sonho (Irlanda/Reino Unido/EUA, 2016) |
Dublin,
Irlanda, 1985. Conor (Ferdia Walsh-Peelo) é um jovem obrigado a
mudar de colégio, devido à difícil condição financeira de seus
pais, que ainda por cima brigam sem parar. Desiludido, Conor tem um
sopro de esperança ao conhecer Raphina (Lucy Boynton), uma garota
que está sempre à espera na porta da escola. Disposto a
conquistá-la, ele diz que está montando uma banda de rock e a
convida para estrelar um videoclipe. Com o convite aceito, agora ele
precisa fazer com que a banda exista de verdade.
Dirigido
por John
Carney.
Música
e sonho:
Os
anos 80 nos deixaram com uma seleção de bandas sensacionais e
muitas pessoas consideram essa época a melhor de todas para o mundo
da música. O irlandês John Carney dirige esse contagiante filme que
faz uma homenagem explícita às músicas anos 80. Mas não é um
filme “de banda” como outro qualquer; a homenagem aqui é
interessante pois ela permeia desde a influência das bandas na vida
dos garotos, como na forma como se vestem, até em suas ações, no
uso da melodia em suas músicas e também nos clipes que eles
produzem. Acompanhamos inclusive a produção “caseira” dos
videoclipes da banda, que ocorre da forma mais inusitada possível,
gerando cenas divertidíssimas. A primeira delas eu fiz questão de
rever algumas vezes.
É
um modo divertido, engraçado e belo a forma como a banda dos
garotos, chamada Sing Street, vai se desenvolvendo. Eles acabam se
descobrindo bem talentosos e vão aproveitar cada chance de mostrar
isso ao público. Nada mais nada menos que o mesmo diretor de “Mesmo
se nada der certo” (Begin again, 2014), outro filme musical
excelente. Em ambos os filmes existem músicas originais caprichadas,
tão boas que poderia de fato existir uma banda de sucesso com essas
músicas. Em Sing Street, como se não bastasse toda a trilha anos
80, as músicas compostas exclusivamente para o filme são vibrantes.
A música "Drive it like you stole it", de Gary Clark,
recebeu ao menos um prêmio de melhor canção no cinema.
O
filme foi muito bem recebido no Festival de Sundance e acabou tendo
uma indicação como melhor filme musical ao Globo de Ouro recente.
Quem é apaixonado por bandas dos anos 80 vai se emocionar com
algumas cenas deste filme. As bandas são apresentadas com cuidado; é
uma notícia na TV, é um comentário de algum garoto, é uma música
tocando na rádio, ou simplesmente a música é usada como trilha em
algumas cenas. Uma delas faz referência ao The Cure e foi a que mais
me chamou atenção, afinal, é uma das bandas que mais gosto. A
música “In Between Days” parece vir no momento certo e se
encaixa completamente com o enredo no filme. Além desta, temos
muitas outras bandas legais como Duran Duran, Starship, Genesis,
Tears for fears, Spandau Ballet e uma cena bem legal com a música
“Maneater” de Daryl Hall & John Oates.
É
incrível que este tenha sido o primeiro papel do ator Ferdia Walsh-Peelo, que interpreta o protagonista Cosmo. Ele chega de uma forma tímida,
como seu personagem aparenta ser inicialmente, e logo dá um show de
interpretação, principalmente quando está cantando. Na verdade
todo o elenco ficou muito bom, principalmente os garotos da banda. A
musa do protagonista, Raphina, interpretada pela belíssima Lucy
Boynton, está deslumbrante e é fácil para qualquer garoto se
apaixonar por ela. É aquele amor que um garoto tenta conquistar
através das canções que ele deixa numa gravação em fita, na
porta da casa dela.
Outro
elemento importante no filme é o processo de compor a canção, como
isso está ligado aos dramas que os garotos estão vivendo e como
ocorre essa influência positiva das bandas que estão fazendo
sucesso. Mais ainda, como a música é uma forma de se expressar, por
exemplo, criticando a rigorosa disciplina da escola dos garotos.
Enfim, muita coisa boa pode ser extraída de Sing Street e espero que
este não passe desapercebido pelo público e que muitos tenham a
sensação de alegria que eu tive ao assistí-lo.
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Fontes: