Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Rare Exports: a Christmas Tale

Eu indico
Rare Exports: a Christmas Tale
(FINLÂNDIA / NORUEGA / FRANÇA / SUÉCIA, 2010)

Durante escavações no Monte Korvatunturi (Finlândia), um ser estranho é descoberto congelado. Os responsáveis pelo achado identificam-no como o verdadeiro Papai Noel e tentam vendê-lo. Misteriosamente as crianças da cidade começam a desaparecer, junto com fogões e aquecedores. Além disso, são encontradas dezenas de renas mortas e mutiladas.

A verdadeira história de Papai Noel?
O diretor finlandês Jalmari Helander investe na idéia de que a verdadeira história de Papai Noel é um conto macabro. O filme beira ao terror e ao fantástico, tomando como base esse famoso personagem e sua versão sinistra, tendo origem no mito natalino do folclore pagão, mais antigo que a versão cristã e norte-americana (o bom velhinho). Existem lendas sombrias no folclore finlandês sobre Santa Claus: uma figura maligna com barbas e chifres que pune crianças desobedientes; uma espécie de bicho-papão. Numa das cenas do filme um garoto vê nos livros figuras com a entidade cruel e demoníaca chicoteando crianças ou afogando-as em caldeirões com água fervente. O filme também explora um pouco dos costumes locais, por exemplo quando são encontradas dezenas de renas mortas mutiladas, percebe-se a ameaça em desequilibrar a frágil economia local que depende desses animais para a subsistência. Tem cenas de aventura e o desfecho é de profunda ironia e humor negro, quando finalmente será explicado o título do filme (Exportações Raras).

Medo do Papai Noel:
Existem muitos filmes que retratam a figura maligna do Papai Noel, ao exemplo de Santa’s Slay (2005), Bad Santa (2003), Black Christmas (1974), Christmas Evil (1980), Silent Night, Deadly Night (1984), Jack Frost (1996), Don´t Open Till Christmas (1984), etc. Talvez a figura do bom velhinho tenha ficado monótona demais, mas uma coisa é certa: existem muitas crianças com pavor dessa figura. Encontrei esse divertido vídeo ao pesquisar sobre o assunto, uma seqüência de fotos com crianças desesperadas ao sentar no colo do Papai Noel:

O diretor e seu investimento no assunto:
Helander se inspirou em lembranças de sua infância para o tema e, antes de trabalhar no longa, dirigiu dois vídeos que fizeram sucesso em festivais especializados e viraram hits na internet: Rare Exports Inc. em 2003 e a continuação Rare Exports: The Official Safety Instructions em 2006. Como o filme é uma espécie de introdução para o surgimento da Rare Exports, sugiro deixar para assistir aos curtas somente após o longa. Seguem os curtas:

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Paul

Eu indico
Paul (EUA / Reino Unido, 2011)

Após saírem do evento Comic-Con nos EUA, Graeme Willy (Simon Pegg) e Clive Gollings (Nick Frost), dois jovens nerds apaixonados por ficção científica, resolvem viajar a procura da suposta Área 51, quando no meio do caminho se deparam com o alienígena Paul (voz de Seth Rogen), que está na Terra há 60 anos e acabou de fugir de uma base militar secreta. O alien pega uma carona com os dois e estes resolvem ajudar Paul na sua jornada em busca da nave-mãe.

Fugitivo, celebridade, preguiçoso, palhaço, alienígena:
Dando uma olhada em um pôster do filme, já nos passa uma idéia que a personalidade do alienígena é a grande sacada (fugitive, celebrity, slacker, joker, alien). Dá graça só de olhar para a expressão visual e os movimentos dele em algumas cenas, facilitadas pela ótima computação gráfica. Foi certeiro contratar o ator canadense Seth Rogen para a voz do alien. Ele é um comediante experiente, que ficou em segundo lugar no Concurso Amador de Comédia de Vancouver com apenas 16 anos, fez alguns papéis legais (um dos policiais doidos do filme Superbad) e também é escritor e produtor. Paul é um ET politicamente incorreto, desbocado, sarcástico e maconheiro, com aquelas sacadas rápidas no estilo comédia Stand-up (detalhe: o ator iniciou sua carreira fazendo comédia Stand-up durante quatro anos em plena sua adolescência). O filme possui ação suficiente para aumentar a diversão, uma boa dose de humor negro e o melhor de tudo é que quebra alguns clichês de filmes do mesmo gênero (como exemplo, a famosa sonda anal alienígena e os “poderes” do ET). O filme saiu direto em DVD no Brasil, uma pena porque é uma excelente opção para juntar os amigos no cinema e se preparar para uma boa gargalhada coletiva.

Piada sutil - SPOILER:
A espada com preço elevado que Clive admira durante a Comic-Con (e acaba comprando em Wyoming) foi intencionalmente posta no filme como uma referência a Blade, O Caçador de Vampiros, mas a produção não obteve a permissão de usar o nome do personagem como referência, então simplesmente usaram o termo "The Vampire Black" (O Vampiro Negro) acreditando que o público iria entender a piada. Segue o diálogo:
Quando Clive encontra a espada na Comic-Com, o vendedor informa:
- Essa é uma Vampiro Negro.
Após Clide mexer na espada e retirá-la um pouco da bainha, o vendedor completa:
- Cuidado! Ela morde.

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Fontes: 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lady Vingança (“Chinjeolhan geumjassi”)

Eu indico
Lady Vingança (Coréia do Sul , 2005)

Geum-ja passou os últimos 13 anos na cadeia, devido ao cruel assassinato de um garoto de 7 anos. Durante esse período, ela planeja sua vingança contra o sujeito que a obrigou a assumir a culpa pelo crime.

A abertura apresenta a música tema, imagens com tons claros, muito branco e tinta vermelha (ou sangue) forte, e termina com um close nos olhos de uma mulher com pálpebras pintadas de vermelho. As cores (e a música) são bem usadas durante o filme, dando um contraste visual marcante. Aos poucos tanto a história da personagem vai sendo mostrada quanto o seu plano, na medida em que a trama avança e retrocede no tempo. A narração fica por conta de outras personagens, como as prisioneiras que fizeram amizade com Geum-ja. É interessante perceber o olhar das mulheres sobre a personagem, e a sensibilidade feminina desta é um elemento adicionado à história que já possui um tema forte: vingança. Ao mesmo tempo em que o ódio transforma o coração puro desta bela mulher, está presente a visão feminina, madura e sensível, quando por exemplo a personagem busca pela aceitação da própria filha. Associando ao título em inglês “Sympathy for Lady Vengeance” (Simpatia pela Sra. Vingança), somos levados a torcer por ela e a temê-la por seus atos. Existe também uma violência psicológica misturada com a ânsia por justiça verdadeira e decisões pesando sobre os ombros de pessoas tão normais quanto cada um de nós.

A trilogia da vingança:
"Lady Vingança" é o terceiro filme da denominada "Trilogia da Vingança", que começa com "Mr. Vingança" e segue em "Old Boy". Esses 3 grandes filmes coreanos foram dirigidos por Chan Wook Park, sendo que os enredos são independentes, entretanto o tema vingança faz a grande ligação entre eles. Personagens injustiçados que decidem fazer a justiça com as próprias mãos e se vingar de quem os fez mal. É marcante como as coisas são até as últimas conseqüências, com grandes surpresas e reviravoltas.

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Fontes: 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tarde Demais (“Beautiful Boy”)

Eu indico
Tarde Demais (EUA, 2010)

A jornada de um casal que tenta desesperadamente encontrar alguma explicação, depois de descobrir que seu único filho cometeu um assassinato em massa dentro de sua universidade e depois se suicidou. O filme mostra como eles lidam com a realidade de ter o único filho morto e visto por todos como um assassino cruel.

Desenvolvendo a história:
Bill e Kate formam um casal que vive um relacionamento convencional. Nas cenas iniciais com o casal percebe-se um relacionamento que caiu numa rotina não muito agradável, ele janta sozinho ao mesmo tempo em que ela trabalha em casa, revisando um roteiro literário. O diálogo entre o casal é comum e logo chegam a uma discussão. O casal parece nem dormir na mesma cama. Após a notícia, o filme passa a mostrar o processo de luto do casal, que passam a ser as grandes vítimas, já que só eles choram pelo assassino e sofrem as conseqüências: assédio da mídia, problemas com colegas de trabalho, afastamento de parentes, julgamento da sociedade.

Foco no casal:
O foco do filme é o casal, o outro lado da notícia. Tanto que tudo que sabemos é exatamente o que o casal sabe, nem ao certo explica-se o que levou o filho a cometer os assassinatos, pois o casal evita assistir às notícias e à gravação feita pelo filho. É genial a idéia no filme de não buscar explicar a situação e sim mostrar o lado humano vivido pelos dois. E como, no final das contas, eles só têm um ao outro, isso torna o relacionamento mais unido. Interessante também foi mostrar as poucas pessoas que acabam despertando sentimento de afeto ou pena pelo casal, como o irmão da Katie e o senhor que trabalha no Hotel onde o casal passa um tempo refugiado (o mesmo que antes de conhecer Bill de perto, estava criticando o filho dele e o próprio casal). O filme começa e termina com a narração de uma poesia feita pelo garoto, que pode ser associada ao sentimento de perda do casal.

Sobre a atuação (fiquem de olho nele: Michael Sheen):
Maria Bello e Michael Sheen fazem um papel sensacional, deixando o filme mais realista, até porque muitas cenas mostram o rosto do casal (tem uma na qual eles estão no banco traseiro de um carro, e a câmera mostra através do retrovisor interno o casal lado a lado e, depois, as mãos se unindo). Mas a minha atenção maior foi para o Michael Sheen, que pode até não receber alguma indicação, mas merece uma oportunidade de protagonizar um novo papel dramático, pois esse cara promete.

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

72 horas (“The Next Three Days”)

Eu indico
72 horas (EUA / França, 2010)

John Brennan (Russell Crowe) é um professor universitário que leva uma vida perfeita, até sua esposa Lara (Elizabeth Banks) ser acusada de ter cometido um crime brutal. Ela jura que não é a autora do crime. Após três anos de recursos judiciais sem sucesso, John percebe que o único meio de ter sua esposa de volta será tirando-a da prisão. Só que ele tem apenas 3 dias para elaborar o plano e executá-lo.

Porque gostei muito:
Tenho uma forte queda por cenas de fuga, mais do ponto de vista do fugitivo e menos do perseguidor, por isso a minha opinião sobre este filme é muito suspeita. Quando um filme apresenta uma proposta que te agrada e, no desenrolar das cenas acaba ocorrendo aquilo que você gostaria mais algumas coisas que te surpreenderam, não tem como explicar a sensação. A partir do momento em que, na trama, começa de fato a fuga, a ação no filme não para, a tensão é alta, e o desenrolar das coisas se encaixa com cenas anteriores, onde o protagonista estava em fase de aprendizado e planejamento. As cenas ficaram bem realistas, até porque o roteirista e diretor Paul Haggis soube inserir dois elementos importantes que foram um diferencial: a sorte e o improviso. Também gostei da conclusão da história, que acabou sendo o final que imaginei para o filme. O ator Russel Crowe está ótimo como um homem comum que precisa tomar atitudes extremas, tendo que agir antes que seja tarde demais. Bem interessante como o personagem recorre à internet onde existem várias informações úteis para o seu objetivo, tais como arrombar fechaduras; chega até a conseguir encontrar um ex-prisioneiro que escapou inúmeras vezes da prisão, interpretado pelo Liam Neeson. O filme pode ser dividido em duas partes, na primeira metade temos a dramática da situação, na segunda temos a correria alucinante.

Refilmagem:
É uma refilmagem do filme francês Pour Elle (2007). O diretor Paul Haggis escolheu Russell Crowe apostando que ele é um ator capaz de interpretar um homem ordinário que precisaria enfrentar circunstâncias extraordinárias. Ele também acrescentou o seguinte questionamento sobre a temática do filme: “Você salvaria a mulher que ama se soubesse que isso te transformaria em um homem que essa mulher não poderia voltar a amar?”.

A confusão:
Engraçado, quando eu indicava o filme 72 Horas, algumas pessoas confundiam com o filme 172 Horas, um drama baseado na história real do alpinista Aron Ralston, que ficou preso 5 dias numa montanha de Utah (EUA) com uma fenda em seu braço (interpretado por James Franco que foi indicado ao Oscar pela sua atuação neste filme). A confusão foi maior pelo fato de que os dois filmes estavam em cartaz mais ou menos na mesma época. Enfim, recomendo assistir logo aos dois. 

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Castelo Animado ("Howl no Ugoku Shiro")

Favoritos
O Castelo Animado (Japão, 2004)
Trata-se de uma animação do diretor japonês Hayao Miyazaki, onde a principal personagem, Sophie, é enfeitiçada por uma Bruxa que transforma-a numa velha senhora. Sem muitas opções, ela acaba tendo que sair de casa em busca de uma forma de quebrar essa maldição. Até então, ela possuía uma vida simples trabalhando numa chapelaria da família, e não dava muita importância ao magnífico castelo enfeitiçado de Howl, uma geringonça ambulante que volta e meia passava andando pelas localidades interioranas ao redor da cidade. Sabendo que a região tem fama de possuir feiticeiros e bruxas, ela inicia sua jornada por uma trilha pelas montanhas, onde acaba se encontrando com o castelo e se tornando a faxineira deste. Paralelo à sua jornada, o mundo está em guerra e Howl é convocado para lutar por seu rei, mas Howl é um feiticeiro rebelde e não se deixa facilmente ser arrastado para a guerra. A história é baseada no livro Howl's Moving Castle, um romance de fantasia da escritora britânica Diana Wynne Jones.

A mensagem – UM POUCO DE SPOILER:
A grande mensagem deste longa é um apelo às guerras. De forma criativa, com personagens divertidos e carismáticos, alguns bem surreais (por estarem enfeitiçados) e com uma história humorada, o diretor insere em momentos oportunos diálogos e cenas para mostrar esse lado sombrio da guerra, variando entre o lado infantil e o lado adulto. A animação japonesa foi desenhada – em sua maior parte - da forma tradicional e possui um realismo fantástico e um tema adulto, algumas cenas de bombardeio lembram a Segunda Guerra Mundial. Acompanha uma trilha sonora branda na maior parte do filme, que simplesmente deixa de tocar justamente nas cenas de guerra. Perceba que, no final das contas, parece não existir um personagem que seja o grande vilão, nem a própria Bruxa que enfeitiça Sophie, nem a antiga mestra de Howl, Madame Suliman, que tenta convencê-lo a participar da guerra. O vilão é a própria guerra em si, sem motivos justificáveis para acontecer. Aliás, essa questão de não existir um personagem totalmenete malvado (um vilão), é uma característica marcante nas histórias de Hayao Miyazaki. Não devemos esquecer das lições embutidas também na parte fantástica da trama, com toda a aventura vivida pelos personagens. Veja que não fica claro como o feitiço da Bruxa sobre Sofie é quebrado (até porque a Bruxa fica gagá), mas tende a mostrar que tem uma relação com os sentimentos e o amadurecimento da personagem, em muitos momentos ela volta a ser como antes quando está mais decidida, ou quando está apaixonada.

Personagens criativos:
Cada personagem foi criado e desenvolvido com características únicas, diferente de muitos filmes que mostram personagens vazios e sem propósito. Entre eles, um cão asmático, um garotinho que cuida do castelo (o aprendiz Markl), um demônio em forma de fogo que controla o castelo (Calcifer) e um espantalho enfeitiçado (Cabeça de Nabo) que sempre ajuda a Sofie e terá um papel crucial na história. Todos vão mostrar o seu lado humano e terão um propósito no filme.

Hayao Miyazaki - escritor, diretor e ilustrador:
A computação gráfica foi utilizada neste filme apenas em alguma cenas, a maior parte foi desenhada da forma tradicional, manualmente e pelo próprio diretor japonês, que hoje possui 70 anos. Ele também é responsável por vários longas animados e muito interessantes, inclusive o vencedor do Oscar de melhor animação em 2001, A Viagem de Chihiro. Vou listar aqui outros que gostei: Princesa Mononoke (1997), Meu amigo Totoro (1988) e Laputa: The Castle in the Sky (1986). Miyazaki se dedica a escrever e dirigir longas-metragens, algumas vezes também como desenhista, e durante 12 anos escreveu e desenhou o mangá Kaze no Tani no Naushika, que deu origem ao filme animado Nausicaä do Vale do Vento (1984).

Indicado ao Oscar:
O Castelo Animado foi indicado ao Oscar de melhor animação em 2006, sendo que em 2003 o longa Spirited Away - A viagem de Chihiro, do mesmo diretor, faturou o Oscar na mesma categoria. Assisti às outras animações que concorreram em 2006, inclusive ao excelente Wallace & Gromit: A batalha dos vegetais, mas o considero inferior ao filme de Miyazaki. 

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Fontes: 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cinema Paradiso ("Nuovo Cinema Paradiso")

Favoritos
Cinema Paradiso (Itália, 1988)


O filme conta a história de uma amizade entre um garoto (Totó) e um projecionista (Alfredo), além do amor de ambos pelo cinema, na figura do chamado Cinema Paradiso, onde Alfredo trabalhava. Já adulto, Salvatore Di Vita (Totó) é um cineasta bem-sucedido e vive em Roma. Ele recebe um telefonema de sua mãe avisando que Alfredo faleceu, e isso traz lembranças de sua infância e, principalmente, do Cinema Paradiso.

Desenvolvimento da história:
Mostra a amizade entre um garoto, que freqüentava o cinema escondido do padre, e um adulto, que era o projecionista do mesmo cinema, uma pessoa mais experiente e vivida. Ambos acabam se conhecendo e compartilhando momentos, sejam bons ou ruins. Totó também se torna projecionista do cinema e os dois passam a assistir de camarote, tanto aos filmes quanto às pessoas que iam assistir ao filme. Dessa forma, o diretor Giuseppe Tornatore trabalha também com a questão das emoções que o público sente na sala de cinema e suas reações à magia dos filmes. Três fases da vida de Salvatore Di Vita (Totó) são mostradas durante o filme, tendo assim três atores distintos interpretando este personagem, mas somente um ator interpretou o Alfredo.

Porque o filme marcou tanto:
Interessante o fato de que o padre local era o primeiro a assistir ao filme, para fazer a censura, cortando as cenas de beijo, onde ele julga inadequadas. Essa situação é explorada de forma bem inteligente no filme, em uma das cenas mais bonitas que eu já vi. Sem dúvida está entre os primeiros da minha lista de favoritos. Qualquer pessoa que tenha um leve interesse pelo cinema (ou não), deve se encantar com este filme. Ou qualquer pessoa que reconheça o sentido de compartilhar uma paixão com algum amigo, e estes momentos vividos se tornarem inesquecíveis.

Pequena explicação do título:
O nome original do filme é “Nuovo Cinema Paradiso”, por conta de uma cena em que um morador local, que havia ganhado na loteria, resolve reconstruir o cinema após um acidente que o destruiu. Ele acaba batizando o cinema reconstruído de “Novo Cinema Paradiso”. 

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Fontes: 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Donnie Darko


Favoritos


Donnie Darko (EUA, 2001)

Donnie Darko é um garoto considerado problemático e com alguns traços de esquizofrenia. Em uma noite, uma espécie de coelho gigante, chamado Frank, o acorda e salva sua vida, pois uma turbina  de avião despenca do céu caindo exatamente na cama onde Donnie estaria dormindo. O coelho profetiza que o mundo irá se acabar dentro de pouco tempo (28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos, ou seja, na noite de Halloween, em 30 de Outubro de 1988) e convence Donnie a cometer alguns atos censuráveis, sem que este perceba a princípio qual o fundamento.

É estrelado por Jake Gyllenhaal (O Dia Depois de Amanhã, Zodíaco, Source Code), que está bem novinho neste filme, e dirigido pelo estreante Richard Kelly. Tem toda uma atmosfera enigmática e sombria do fim dos anos 80 e aborda temas da física, como viagem no tempo. Possui uma trilha sonora impecável (Tears for Fears, INXS, The Smiths, Duran Duran, etc) e as músicas são colocadas em momentos oportunos. Um filme que impressiona e gera muitas discussões interessantes, não é trivial de entender e muitos sites já publicaram várias explicações legais (busque no google por “Entendendo Donnie Darko”). Recomendo ler as explicações após assistir ao filme. No link seguinte, por exemplo, tem um esquema explicando toda a lógica do filme: 
http://img82.imageshack.us/img82/9015/donnie2ny0.jpg

Versão do diretor:
Recomendo assistir a versão do diretor (Donnie Darko - Director's Cut), que é mais extensa e, por possuir as cenas que haviam sido deletadas na versão original, ajuda no entendimento.

S. Darko - a continuação?
Em 2009 foi lançado o filme S. Darko (Samantha Darko), que foca na irmã mais nova de Donnie Darko uns 7 anos depois dos acontecimentos do primeiro filme. Na trama, Samantha Darko e seu amigo Corey estão com 18 anos e, durante uma viagem para Los Angeles, os dois são atormentados por visões estranhas. Pode-se considerar uma continuação, embora não tenha havido envolvimento do diretor de Donnie Darko (Richard Kelly) e a ligação mais forte - além da personagem - é a temática de viagem no tempo. Possui também uma trilha sonora que me agradou bastante (pricipalmente "Alive Alone" do The Chemical Brothers e "Heaven or Las Vegas" do Cocteau Twins), entretanto considero um filme bem inferior ao primeiro. Achei interessante a personagem Samantha ser interpretada pela mesma atriz do primeiro filme, Daveigh Chase, agora quase 8 anos mais velha.  

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Fontes: 
http://www.imdb.com/title/tt0246578/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Donnie_Darko
http://www.rodrigoghedin.com.br/blog/entendendo-donnie-darko
http://pt.wikipedia.org/wiki/S._Darko

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Blue Valentine ("Namorados Para Sempre")

Eu indico

Blue Valentine (EUA, 2010)

Blue Valentine, traduzido no Brasil para “Namorados Para Sempre”, conta a história de Cindy e Dean, casados há algum tempo e com uma filha. O casal passa por um momento de crise, vendo o relacionamento ser desmanchado aos poucos. Dispostos a seguir em frente, os dois tentam superar os problemas, buscando no passado e no presente os motivos que o mantiveram unidos até este momento e os fizeram se apaixonar um pelo outro.

A minha história com o filme:
Engraçado como é a magia de ver um filme bom sem ter a mínima noção do que se trata. Apesar de saber que o filme “Namorados para Sempre” passou nos cinemas de Salvador em meados de junho deste ano (2011), eu acabei não me animando por conta do título e somente depois, por acaso, peguei emprestado com um amigo o filme “Blue Valentine”, sem ter associado um ao outro, e assisti. Me agradou muito e, quando pesquisei informações na Internet e vi a capa do filme, percebi que era o mesmo que deixei passar pelo cinema, sem interesse. Por sinal, o cartaz do filme ficou bem legal.

Minhas impressões – CONTÉM SPOILERS:
É um filme sério, com o qual muitas pessoas vão se identificar. Relacionamento desgastado é uma coisa comum, e o filme aborda o tema fortemente. A variação das cenas entre o passado e o presente, deixa o espectador perceber como era a magia do início em contraste com a dificuldade do momento. O diretor usou recursos visuais para aumentar o contraste entre as cenas do presente e passado. No passado, o primeiro encontro (um pouco fora do tradicional, porém mágico) e as expectativas, onde o casal tinha força e coragem nos momentos de dificuldade (a exemplo da gravidez inesperada, do momento de encarar a família do outro ou até mesmo do enfrentamento violento com um relacionamento anterior), um encarando as diferenças do outro sem julgamento. No presente, o esforço em passar um momento de alegria, o relacionamento tendo a filha como única ligação entre marido e esposa, o ciúmes exagerado e a não aceitação do outro do jeito que é. Não há o questionamento padrão “ainda existe amor?”, pois o amor pode estar lá e ajuda a sustentar a relação, além da filha muito apegada aos pais (principalmente ao pai). Duas pessoas que se amam deveriam ficar juntas. Mas é suficiente?

Detalhes que fizeram a diferença – CONTÉM MAIS SPOILERS AINDA:
A primeira coisa que me chamou a atenção foi a atuação espetacular do casal de atores (Michelle Williams e Ryan Gosling), percebendo primeiramente a atuação do ator. Tanto na juventude do passado quanto no presente adulto, perceba a sutil diferença nos modos de cada um, sendo mais sérios no presente, mesmo assim com alguns comportamentos que lembram a característica marcante de cada um. Não podemos esquecer da filha (a pequena atriz Faith Wladyka), também cumprindo o seu papel, com uma atuação bem convincente.
A música que foi adotada pelo casal no filme remete a uma lembrança dos bons momentos, um dos poucos momentos no presente em que há um sorriso sincero é quando a música toca no rádio quando o casal está num quarto. Quem nunca teve um relacionamento que foi marcado por uma música?
O homem, Dean, se mostrando mais ingênuo tentando meios de levantar a relação, mas não conseguindo superar o ego e o desgaste, chegando a ter momentos de raiva. A mulher, Cindy, se mostrando mais decisiva com a sugestão de rompimento, sendo no fundo uma pessoa muito sofrida.
Após a última cena, junto com os créditos, vem a mesma música tocada e cantada pelo personagem Dean, e dançada pela personagem Cindy, na cena onde eles estão na rua, de madrugada, e ela mostra seu “talento” em sapateado quando ele canta. A magia do momento, não planejado, fica marcada, e talvez reste somente a boa lembrança. E quanto a música, sempre estará lá.

Informações interessantes que talvez você não saiba:
- A dupla de atores conviveu por um mês para se conhecer melhor e parece que o diretor deixou que improvisassem à vontade. A cena em que Dean toca e Cindy dança ficou muito natural, entre tantas outras. Ambos foram indicados a premiações pela atuação (inclusive globo de ouro para ambos e oscar para ela);
- Quase toda a trilha do filme foi composta por músicas da banda Grizzly Bear, sendo que muitas na versão instrumental. Entretanto, a música adotada pelo casal no filme se chama You and Me, da banda Penny & The Quarters. Perceba que é a mesma que toca no filme, uma vez no presente e outra no passado;
- O título original do filme traz a palavra “azul” com a palavra “valentine”; esta última não tem tradução, mas tem relação com o “Valentine’s Day” (Dia dos Namorados). Uma possível explicação é que a palavra foi criada para homenagear "St. Valentine", um religioso que ajudou a unir duas pessoas;
- A tradução para “Namorados Para Sempre” provavelmente foi uma estratégia de marketing já que, no Brasil, o filme entrou em cartaz em junho, mês dos namorados;
- Devido à morte do ator Heath Ledger, com o qual Michelle Williams foi casada, as filmagens de Blue Valentine foram adiadas para não prejudicar a dedicação dela (o diretor não queria outra atriz). A espera com certeza valeu a pena;
- O ator Ryan Gosling é mesmo que fez o protagonista do filme “Diário de Uma Paixão”, considerando por muitas pessoas como um grande romance;
- A música “You Always Hurt the One You Love” foi escrita originalmente por Allan Roberts e Doris Fisher. Ao longo do anos, vários artistas mostraram a sua performance com a música. O ator Ryan Gosling mostra o seu talento na cena em que ele toca e canta a música para a personagem Cindy dançar, nas ruas. 

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Fontes: 
http://www.arcauniversal.com/lazerecultura/noticias/namorados-para-sempre-5654.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Blue_Valentine
http://www.imdb.com/title/tt1120985/soundtrack
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_dos_Namorados