Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Vingador do Futuro (“Total Recall”)

Eu indico
Total Recall (EUA, 1990 ou 2012?)

Para um operário de fábrica como Douglas Quaid, embora tenha uma bela e amada esposa, a viagem pela mente soa como as férias perfeitas de sua rotina frustrante - memórias reais de uma vida como super-espião podem ser o que ele realmente precisa. Mas quando uma operação dá errado, Quaid se torna um homem caçado. Perseguido pela polícia - controlada pelo Chanceler Cohaagen, líder do mundo livre - Quaid se alia a uma rebelde para encontrar o líder da resistência do submundo e derrotar Cohaagen. A linha entre a realidade e a fantasia se torna cada vez mais fina, e o equilíbrio de seu mundo está em risco, à medida que Quaid descobre sua identidade, seu amor e seu verdadeiro destino.

Comparação:
O diretor Len Wiseman viveu o grande desafio em dirigir um remake de um dos maiores filmes de ficção científica, O Vingador do Futuro (1990), que por sinal foi baseado no livro "We Can Remember It for You Wholesale", do escritor Phillip K. Dick. Talvez o ideal seja não tentar comparar ambos, e simplesmente aproveitar as grandes cenas de ação deste remake, algumas bem criativas e originais, assim como os efeitos visuais potentes, que são elementos importantes neste gênero.
O enredo é bacana, já aproveitando o do original. A ficção científica tenta projetar como será o futuro e daí os filmes do gênero aproveitam toda a criatividade que o ser humano pode ter. Neste caso, o filme se torna bem interessante pela abordagem dos sonhos, e da possibilidade de viver experiências através de memórias implantadas. O futuro do planeta passa a ser projetado com um certo pessimismo, já começando pela vida do personagem principal (seja Colin Farrell agora, ou Arnold Schwarzenegger no filme anterior) que pode parecer boa – a começar pela companhia de Sharon Stone ou Kate Beckinsale como esposa – mas mesmo assim, o protagonista sente que falta algo mais, falta algum sentido à sua vida. Apesar de toda tecnologia ao extremo, temos uma boa parte da população com uma qualidade de vida baixa. O filme provoca uma reflexão sobre a opressão, trazendo a necessidade de um movimento de resistência na busca pela liberdade. Neste filme de 2012, a Colônia sofre com a pobreza e a superpopulação, e ainda com a opressão da Federação, que obriga os trabalhadores da Colônia a usarem um meio de transporte chamado “A Queda” – uma espécie de elevador que cruza o centro da terra – todos os dias para sua jornada de trabalho. Daí este movimento de resistência que é formado pela Colônia com o objetivo de conseguir direitos iguais. O uso da Queda simboliza claramente essa questão da opressão e desigualdade, focando a disputa por territórios em um planeta devastado por uma guerra química. Mas na questão de enredo eu dou um valor maior ao filme original, principalmente pelos elementos alienígenas, com aqueles marcianos estranhos (mutantes e telepatas), que deu toda uma atmosfera psicodélica e foram usados no filme para demonstrar a questão de domínio sobre os mais fracos (a população marciana), já que o império monopoliza o ar necessário para a sobrevivência das criaturas.
Pelas cenas de ação, ambos possuem alguns créditos, mas neste ponto eu fico com o atual. Como exemplo, uma das primeiras cenas é uma perseguição alucinante, e temos uma tomada de câmera que vi pela primeira vez em games como Prince of Persia (2010), onde a câmera fica bem afastada dos personagens e vemos a ação como se tivéssemos em outro local, bem afastado, tendo assim também uma boa visão das áreas ao redor (que, neste caso, é uma favela do futuro). Além disso, cenas de ação com elevadores que também se deslocam na horizontal e cenas em ambiente com baixa gravidade ficaram bem originais e divertidas de assistir. No filme original, alguns destaques neste quesito são: a arma que permite criar um holograma de si mesmo e uma cena de ação numa máquina de raios x, onde vemos somente os esqueletos dos personagens em movimento.
Quanto aos atores, é difícil não escolher Schwarzenegger, ícone do cinema de ação, e que traz uma interpretação com um pouco de humor, já sendo grandalhão e trazendo o seu sotaque carregado e seu carisma. O Colin Farrell faz um papel mais focado, se mostrando aflito com a situação que passa, dando assim um maior realismo. Por um lado, prefiro que tenham sido mesmo bem diferentes, senão perderia a graça. Quanto aos demais, gostei mais da Kate Beckinsale representando uma personagem neurótica - e bem mais insana e experiente na briga - do que a Sharon Stone.
Acredito que exista um mérito no fato do remake ter sido diferente, mas mantendo também muitas referências ao original. Se fosse uma mera repetição, não surpreenderia aqueles que já conhecem o anterior.

Sutileza nas referências – SPOILER PARA OS DOIS FILMES:
Muitas referências são feitas ao filme original, aqui seguem alguns exemplos:
- A cena do “aeroporto” de Marte do antigo (o disfarce é diferente, mas o desenrolar da cena é igual);
- A famosa frase “2 semanas!” (o tempo dos implantes de memória da Rekall);
- A vontade do protagonista de ir à Marte;
- A "prostituta dos três peitos" do original foi mantida, talvez como uma homenagem aos fãs do filme de 1990;
- A forma do personagem concluir de que ele estava na realidade, e não num sonho projetado pela Rekall: no filme antigo, ele percebe o suor no rosto de outro personagem, enquanto neste novo ele vê a lágrima nos olhos de uma pessoa;
- Ambos os personagem se aproveitam de seu conhecimento, relativo à experiência profissional, para sair de situações de perigo em cenas de ação. No antigo, Schwarzenegger usa uma ferramenta, parecida com uma brocadeira, para perfurar um cano de combustível de uma máquina que iria esmagá-lo (detalhe que ele trabalhava perfurando pedras). Já Farrell ganha uma briga com um robô porque sabe como desmontar o circuito que o mantém funcionando. Interessante que essas experiências são da personalidade que foi implantada no personagem, antes dele se redescobrir sendo um agente.
Segue um vídeo que mostra algumas cenas de cada um dos filmes, ao mesmo tempo, como forma comparativa:

domingo, 16 de setembro de 2012

Willow - Na Terra da Magia (“Willow”)

Eu indico
Willow (EUA, 1988)

Willow Ufgood é um anão e aprendiz de mágico que conta com a ajuda de Madmartigan, um exímio espadachim, numa guerra contra feiticeiros e monstros. Juntos eles terão de vencer todos esses seres para salvar um bebê (que mais tarde será princesa) das mãos de uma terrível rainha, Bavmorda. Bavmorda usa de magia negra para controlar o reino e teme a criança, pois uma profecia diz que será o motivo de sua derrota.

Na Terra da Magia:
Dirigido por Ron Howard e roteirizado por George Lucas e Bob Dollman. Ver este filme nos dias de hoje dá uma sensação de nostalgia. Para quem não conhece, é uma boa oportunidade de ver um bom filme de aventura, apresentando uma terra mágica habitada por diferentes seres, tais como anões, feiticeiros, bruxas, fadas, criaturas pequeninas, trolls etc. Nada muito incomum, mas agrada pelas cenas de batalha e perseguição, com pitadas de comédia garantidas pela dupla de seres pequeninos e atrapalhados, mas que tentam ajudar a qualquer custo, sendo interpretados por Kevin Pollak e Rick Overton.
Tendo direito a monstro de duas cabeças, feitiços, batalha entre bruxas, lutas de espada, magias que fazem objetos ter vida, fuga na neve, etc., o filme é uma grande jornada e pode ter inspirado os produtores de O Senhor dos Anéis, assim como os produtores de O Hobbit, principalmente pelo início do filme, logo após retratar de forma interessante a aldeia dos anões, quando os pequeninos têm que fazer uma jornada para proteger a princesa (ainda bebê).
Um grande trabalho foi feito em relação aos efeitos visuais e som, rendendo duas indicações ao Oscar (Efeitos Especiais e Edição de Som). Também me chamou muita atenção a trilha de James Horner, com uma música bem agradável e que pode ficar na cabeça. Para quem se interessa, segue o link para ouvir:

Os protagonistas formam uma dupla incomum. Warwick Davis interpreta o anão Willow e Val Kilmer interpreta o guerreiro Madmartigan, este último garantindo as melhores cenas de ação. Entre altos e baixos eles acabam se unindo contra as forças malignas deste universo, conseguindo aliados pelo caminho, tendo assim muitos elementos dos jogos de RPG estilo medieval e fantasia.
Interessante ter um anão como protagonista. O ator Warwick Davis havia antes atuado no filme Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi (1983), sendo ele um grande fã dos filmes de Star Wars. Ele interpretou um Wicket, por isso não chegamos ainda a ver o seu rosto nas telas... até que foi selecionado para Willow. Após este, novamente o ator apareceu em personagens onde não é tão fácil identificá-lo: retornou ao universo de Star Wars, jogando 3 papéis diferentes em Star Wars Episódio I, sendo um deles o Yoda em cenas onde Yoda estava andando. Fez o professor Filius Flitwick nos filmes de Harry Potter e estrelou a versão cinematográfica de O Guia do Mochileiro das Galáxias, como o "corpo" de Marvin the Paranoid Android (mesmo a voz do personagem ter sido fornecido por Alan Rickman, que também participou dos filmes Harry Potter, como Professor Snape). Sua altura favorece a escolha para estes tipos de papéis, mas claro que não podemos deixar de citá-lo como um bom ator.

__________________________________
Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Warwick_Davis

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Super Nada

Eu indico
Super Nada (Brasil, 2012)

São Paulo. Guto (Marat Descartes) é um artista de rua e aspirante a ator que sonha em um dia ser reconhecido pelo seu trabalho. Dedicado, ele pratica, se prepara e participa de todas as audições que pode, na espera de que um dia a sorte chegue. Ele admira Zeca (Jair Rodrigues), um comediante que trabalha na TV e é idolatrado por muita gente, apesar de estar com a carreira decadente. Os dois se encontram por acaso. O que será que o destino reserva para eles?

O super e o nada, o ator e o personagem:
Como é dito pelo personagem Zeca: “Não tá fácil pra ninguém”, a realidade de muitos atores pode não ser o que a maioria pensa. Neste filme, o personagem principal Guto, luta para sobreviver em São Paulo, mesmo com seu talento para atuação, com foco na comédia, e de todos os seus esforços. Guto faz o que de fato gosta, ele é apaixonado pela arte, pela comédia. Seu quarto é cheio de posters de comediantes brasileiros, como o Golias e o Zeca (do programa Super Nada, inventado para a compor a narrativa). Sua vida não é fácil, ele chega a fazer bico atuando nas ruas, às vezes em sinais de trânsito e em teatros que não parecem bem valorizados.
Super Nada é um programa que mostra situações cômicas, estrelado pelo Zeca, surpreendentemente bem interpretado pelo Jair Rodrigues. Quando Guto é chamado para um teste do programa "Super Nada", ele enxerga uma pequena chance de mudar seu rumo e entra em estado de satisfação por poder participar de um programa do qual é grande fã. E a partir daí o encontro dos dois atores vai permear a trajetória do filme e trazer conseqüências inesperadas. Juntos numa atuação bem sinérgica, eles agradam ao espectador, ao mesmo tempo em que nos confunde, considerando que são atores interpretando atores, em alguns momentos precisam interpretar a improvisação, e como estamos do lado de cá da telona, não sabemos o quanto de fato houve improviso nas cenas e o quanto foi encenação do improviso... Fantástico.
O roteiro satiriza um pouco a decadência da comédia brasileira, quando vemos no programa Super Nada um monte de bordões e piadas sem sentido (e sem graça ou criatividade). Vemos o mundo dos pequenos artistas, às vezes numa condição marginal. A situação é retratada com realismo e criatividade. O melhor de tudo, como alguns críticos já disseram, é que passa todas essas idéias sem caminhar no sentido da expectativa do público. Surpreende. Reflete sobre a arte e o envelhecimento dos artistas, ao mesmo tempo em que mexe com o ego humano de cada um.
Super Nada foi exibido no segundo dia do 40º Festival de Cinema de Gramado, na categoria de longa-metragem nacional. A excelente atuação de Marat Descartes garantiu ao mesmo o prêmio de melhor ator. O diretor, Rubens Rewald, ao ser entrevistado no final do evento, informou que o ator conseguiu ser, ao mesmo tempo, o tudo e o nada no filme, ajudando fortemente no resultado da obra. No filme, percebemos inclusive como a influência de questões emocionais pode influir na atuação de um artista, em algumas cenas onde o Guto está em conflito e não consegue fazer uma boa interpretação de cena. E daí fica mais difícil impulsionar a carreira e dar algum sentido à sua vida, além de precisar se sustentar, tendo que ser obrigado a ter ajuda financeira da mãe, que também fica cuidando da filha do personagem. Ego, humilhação, humanidade, temos tudo isso no personagem muito bem interpretado pelo Marat. O próprio personagem se surpreende ao conhecer melhor o Zeca, o Super Nada (ator no estilo malandro suburbano que conquista pela espontaneidade), quando ouve do mesmo a autoavaliação realista de que trata-se de um ator velho, de um programa decadente e sem graça.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2012-08-12/jair-rodrigues-rouba-a-cena-de-super-nada.html