Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Snoopy e Charlie Brown: o filme (2015)

Eu indico
The Peanuts Movie (EUA, 2015)

Próximo das férias de inverno, a vida de Charlie Brown e sua turma sofre uma mudança com a chegada na cidade de uma garotinha da cabelo vermelho. Charlie Brown logo se encanta pela jovem e tenta lutar contra sua timidez e sua baixa autoestima para falar com ela. Ao mesmo tempo, Snoopy encontra uma máquina de escrever e começa a imaginar uma história fantasiosa e heroica. Dirigido por Steve Martino.

Das tirinhas para a telona:
O cartunista Charles M. Schulz criou Snoopy e sua turma em 1950, desenhou todas as tirinhas e participou de todas as produções relacionadas aos seus personagens até sua morte, em 2000. Nunca mais ninguém havia escrito novas histórias envolvendo Charlie Brown e sua turma, mas o desenho animado encanta até os dias de hoje. Este filme, então, resgata essa energia que a história infantil sempre passou, com um avanço na parte gráfica para mostrar que estamos muitas décadas a frente, inclusive com a tecnologia 3D foi utilizada.
O filme foi autorizado pela família de Schulz, após anos de negociação. De fato, começou a se concretizar em 2007, após Craig Schulz, filho de Charles, assumir a obra do pai. Junto com o seu filho Bryan, desenvolveu o roteiro para o filme. O resultado é fiel ao ambiente original, uma animação agradável, moderadamente movimentada e engraçada. O sentimento de nostalgia e o carinho pelos personagens pode fazer muita gente gostar do filme, mesmo que não apresente nada muito novo em relação às histórias antigas. A garotinha de cabelo vermelho, a professora e adultos que nunca mostram o rosto e nunca entendemos o que eles falam, o azar inacabável de Charlie Brown, a esperteza e imaginação fértil de Snoopy, a casinha de cachorro de Snoopy onde cabe tudo... temos de tudo um pouco. Existe também uma mensagem bem positiva para crianças e adultos, voltada para a importância de ser gentil e altruísta, buscando sempre o bem para as pessoas ao redor, principalmente os amigos. A obra continua sendo uma forma de encarar a vida infantil com leveza e contém algumas lições importantes. A trilha sonora original, de Vince Guaraldi Trio, também está presente.
Como a família Schulz acompanhou o projeto, não tinha como perder a fidelidade com o original. Tem um destaque no filme que é uma das marcas registradas da obra: as cenas da imaginação do Snoopy, quando este se transforma no Barão Vermelho e entra em batalhas aéreas que, no fim das contas, refletem um pouco o que o seu dono e amigo Charlie Brown está vivenciando na realidade. A presença do fiel companheiro do Snoopy, o passarinho amarelo chamado Woodstock, inclusive nas cenas do Barão Vermelho, são os momentos mais engraçados do filme, principalmente quando aparecem os filhos de Woodstock, com destaque para um deles que é bem trapalhão.

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Fontes:

quarta-feira, 18 de maio de 2016

A primeira vez do cinema brasileiro (Brasil, 2012)

Eu indico
A primeira vez do cinema brasileiro (Brasil, 2012)

O documentário parte do filme “Coisas Eróticas”, primeiro longa-metragem de sexo explícito lançado no país, em 1982. Há pouco mais de trinta anos atrás a fita rodava nas principais salas de cinema do Brasil, causando alvoroço no público em plena ditadura militar. Recheado de curiosidades e polêmicas, o filme marcou a produção cinematográfica da época para o bem e para o mal, figurando até hoje entre as quinze maiores bilheterias nacionais de todos os tempos. Dirigido por Bruno Graziano, Denise Godinho e Hugo Moura.

Não censurado:
Podemos dizer que “Coisas Eróticas”, produção de Raffaele Rossi, foi o primeiro filme pornográfico nacional. A jornalista Denise Godinho, que também faz parte da direção deste documentário intitulado ironicamente como “A primeira vez do cinema brasileiro”, disse numa resenha que o valor do filme não é artístico, mas principalmente histórico. Não é a toa que o filme alvo do documentário impulsionou o cinema brasileiro a gerar mais produções pornográficas. Esse contexto histórico de nosso cinema é apresentado ao longo do documentário.
Tem muitas entrevistas interessantes de cineastas, críticos de cinema e de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a produção de “Coisas Eróticas”, inclusive temos depoimentos do filho de Raffaele Rossi. Este filme enfrentou a censura do regime militar em 1982, mas mesmo assim mudou a cara do cinema pornográfico nacional. As colocações ajudam a entender que, até hoje, ele ajudou na quebra da hipocrisia e numa abertura sexual maior, por parte inclusive dos espectadores. Uma pena que estamos a mais de 30 anos a frente do lançamento deste filme e a indústria do cinema pornográfico nacional está numa crise que parece sem volta.
Vemos no documentário que, antes da estreia do filme, o presidente General Figueiredo fez um discurso a favor dos “bons costumes”, defendendo a censura sobre as coisas que ele considerava pornografia. Mas “Coisas Eróticas” burlou a censura de forma curiosa e levou às salas de cinema o sexo explícito. É um filme que merece ser assistido, é claro que somente por adultos, e pode ser encontrado na Internet, pois o mesmo foi compartilhado na íntegra no YouTube com autorização dos diretores. Verdadeiramente picante e explícito, tendo minimamente um roteiro simples, lidando com situações diferentes, algumas banais, comuns, outras interessantes. Apesar do impacto que o filme causou, curiosamente o seu realizador Raffaele Rossi declarou que “ Coisas Eróticas foi o meu pior filme”.

O pornô no cinema:
Me apropriando do próprio documentário, resumo aqui alguns momentos do cinema no mundo e no Brasil no que se trata do tema:
- “Uma Mulher Tomando Banho”, de Georges Méliès, foi o primeiro pornográfico da história, em 1897;
- “A Free Ride” (1915), de Wise Guy, mostrou o primeiro sexo oral;
- O curta espanhol “Conesor”, dos Irmãos Baños, escandalizou os costumes da época, embora tenha sido produzido especialmente para o rei da Espanha Alfonso XIII;
- A partir dos anos 40 as cenas pornográficas passaram a ser usadas como educação sexual. Só na década de 60 que voltaram com força total;
- “Garganta Profunda” (Deep Throat, EUA, 1972), de Gerard Damiano, com Linda Lovelace, foi o primeiro sucesso mundial;
- Em 1982, “Coisas Eróticas” foi o primeiro nacional pornográfico exibido nos cinemas;
- Numa mostra internacional de cinema de São Paulo foi exibido o polêmico filme japonês “Império dos Sentidos” (1976), de Nagisa Oshima;
- A chanchada (filmes de humor simples e caráter popular, comuns no Brasil entre as décadas de 1930 e 1960) perdeu espaço para o pornô no Brasil após a década de 60.

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Fontes:

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O Abrigo (Take Shelter, 2011)

Eu indico
Take Shelter (EUA, 2011)

Curtis LaForche (Michael Shannon) mora numa pequena cidade de Ohio com a esposa Samantha (Jessica Chastain) e sua filha de seis anos, que possui uma deficiência auditiva. Os dois trabalham pesado para juntar o dinheiro para suprir as necessidades especiais da filha, mas mesmo passando por algumas dificuldades, eles podem dizer que são felizes. Isso começa a mudar quando Curtis passa a ter pesadelos com uma tempestade apocalíptica e começa a ficar obsessivo. Ele constrói um abrigo no quintal e desperta a preocupação da esposa e a desconfiança dos amigos e colegas de trabalho. Dirigido por Jeff Nichols.

Vamos para o abrigo?
Uma família pequena enfrenta problemas comuns e vive razoavelmente bem a sua rotina, até que Curtis, o pai, começa a ter sonhos e visões de uma tempestade apocalíptica. Essas premonições envolvem também pessoas violentas, seus vizinhos, sua esposa e até o cachorro. Importante a forma como o filme mostra a transformação do personagem e as consequências. Mais ainda é conseguir balancear entre os temas obsessão paranoica e premonição, mantendo a nossa atenção e forte expectativa do que pode acontecer de fato.
Curtis fica obsessivo em construir um abrigo para enfrentar algo que nem ele mesmo tem certeza se vai ocorrer. Assim, a estrutura da relação familiar vai sendo prejudicada pelo seu comportamento. Aqui a dramatização funciona bem, a partir das atuações de Michael Shannon e Jessica Chastain. Ele está muito bem no papel, condicionante para o resultado do filme, pois é focado em seu personagem. Jessica Chastain, como sempre, está ótima, essa que é uma das minhas atrizes preferidas atualmente. O protagonista está cada vez mais paranoico e, na interpretação do ator, temos uma boa noção do tormento vivido por ele. Ele mesmo confessa para a esposa: “é como se fosse uma sensação, um sentimento...”. Ao menos, é uma pessoa decidida, que vai passar por todas as barreiras para cumprir seu objetivo, que é se precaver pensando inclusive na própria família. Assim, a sua anterior rotina vai sendo prejudicada: trabalho, amigos, todas as relações, inclusive com sua esposa, vão sofrendo com isso.
Mostrando a importância do apoio familiar para o restabelecimento do ser humano a sua sanidade mental e, por outro aspecto, discutindo a questão da premonição, aviso divino, ou como através de sonhos podemos ser alertados, ou se eles são de fato meramente sonhos sem significado, enfim, o filme desenrola e a conclusão é bem interessante e pertinente, embora possa não agradar a todos. O importante é que o filme lida bem com essas duas questões. Além disso, parece que as coisas acontecem no tempo certo, nem muito cedo e nem tarde demais, para facilitar nossa compreensão e satisfação. A fragilidade do homem diante da força da natureza também se destaca na trama.
As visões dele são de fato reais ou alucinações de sua mente adoecida? Ele mesmo procura ajuda com profissionais e confessa à esposa que é uma sensação, e pode não ser de fato real. Enquanto não acontecer nada real, nos resta acompanhar a trama até o seu desfecho.

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Fontes: