Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Assim Caminha a Humanidade (“Giant”)

Favoritos
Assim Caminha a Humanidade (EUA, 1956)

O filme conta a história de Leslie (Elizabeth Taylor), Bick (Rock Hudson) e Jett (James Dean). Bick conheceu Leslie quando foi a casa do pai dela comprar um cavalo premiado e os dois se apaixonaram. Eles se casam e vão para o Texas - terra de Bick - e lá constroem sua família, no rancho Reata. Ali perto mora Jett, que de certa forma é inimigo de Bick. A cada dia que passa os dois continuam se odiando, ainda mais quando Jett enriquece e se torna um magnata do petróleo. O filme aborda claramente a intolerância racial e é um épico imbatível que explora o assunto e defende o fim do racismo.

Gigante:
Quando vi o cartaz para o Oscar de 2012, reconheci esse filme com a cena de James Dean sentado no carro e a mansão na paisagem de fundo. Estava na hora de assisti-lo novamente e confirmar a grandiosidade deste épico. A narrativa apresenta uma época singular da história americana, retrato de uma era de transição em que o Texas de fazendeiros criadores de gado passa a ser o Texas dos exploradores de petróleo. Aborda fortemente os problemas raciais, passa pela guerra e a mudança do poder e do dinheiro. Das dez indicações, apenas George Stevens levou o Oscar (melhor direção). De forma bem cuidadosa e plausível, vemos o amadurecimento dos 3 personagens principais, chegando a inverter papéis, tanto na questão do sucesso financeiro quanto na questão do caráter. Achei melhor separar um parágrafo para cada personagem.

Jett Rink (James Dean) - SPOILER:
Já começo com a atuação de destaque para James Dean, que interpreta Jett Rink, um trabalhador da fazenda que se torna inimigo de Bick e possui uma paixão pela sua esposa Leslie. O sentimento de inferioridade transparece no personagem até quando ele fica rico e famoso, não se livrando das marcas deixadas por sua origem social e dificuldade de subir na vida. Na primeira parte da trama é um personagem bom, simples e quase esquecido (tinha como amiga somente a irmã de Rink e Leslie, que tinha uma certa educação e cuidado com ele). Revela-se mais esperto que o esperado e aproveita uma oportunidade de negócio que vai transformá-lo em um grande petroleiro. Já no final, fica arruinado por causa de sua ganância junto com o fato de que não perdeu o sentimento de inferioridade e não se sente digno do amor da mulher por quem é apaixonado. O personagem foi inspirado na vida de Glenn McCarthy (1908 - 1988), imigrante irlândes que se tornou um dos principais petroleiros no Texas. Este foi o último filme de James Dean, por conta de um acidente fatal quando o mesmo se dirigia para uma corrida (ele nem chegou a ver o filme concluído). Recebeu uma indicação ao Oscar pela atuação, sobre a qual não há o que reclamar (o sotaque, a cara sofrida e encabulada e a transformação do personagem potencializam o filme).

Jordan Benedict (Rock Hudson) - SPOILER:
Outro indicado a melhor atuação foi Rock Hudson, que interpreta o Jordan Benedict (Bick), um rancheiro texado, dono do Rancho Reata, propriedade da família há 3 gerações, uma mansão no meio de um deserto, tendo quase meio milhão de acres. A transformação deste personagem passa pela necessidade de superar o seu próprio preconceito, já herdado pelo comportamento de sua rica família. Durante os 25 anos em que se passa o filme, ele vai sofrendo a perda do controle da propriedade para o Jett Rink, que expande a exploração de petróleo na região. Só que durante esse tempo ele constituiu uma família e foi transformado por ela, principalmente pela bondade e amor de sua esposa por desconhecidos e desprivilegiados (afinal ele investia muito na pecuária e não se importava com a situação precária dos imigrantes na região de seu rancho). Como seu único filho homem decide ser médico, Bick está para assumir a derrota de não conseguir dar continuidade ao legado da família, e é só nos minutos finais do filme que percebe onde está o verdadeiro sucesso, que é na gentileza e caráter de mudar para melhor, ver o orgulho de sua esposa e filhos por ele e ter orgulho de si mesmo por defender a dignidade de pessoas desconhecidas que sofrem injustiça.

Leslie Lynton (Elizabeth Taylor) - SPOILER:
Quando Leslie Lynton (Taylor) chega ao Texas em 1923, ela precisa se adaptar a um novo mundo, já que foi criada no conforto familiar em Maryland e agora está casada com Jordan Benedict, que junto com a irmã cuida do Rancho Reata. A irmã de Bick não gosta do comportamento de Leslie, que possui forte personalidade e não aceita muito bem as idéias do marido a respeito de como tratar as mulheres, os amigos e principalmente os empregados, quase todos mexicanos e tratados com desprezo. Indignada e sustentada pelo seu amor ao marido, Leslie aos poucos passa a tentar mudar o pensamento dele, buscando tratar os criados com delicadeza e dando-lhes o mínimo de assistência médica. Ela possui uma personalidade forte, e essa presença feminina na vida do gigante (“giant”) Jordan vai mostrá-lo que a verdadeira grandeza está na atitude e no coração.

sábado, 14 de janeiro de 2012

50/50

Eu indico
50/50 (EUA, 2011)

Tudo vira de pernas para o ar na vida de Adam (Joseph Gordon-Levitt) quando ele descobre ter câncer. Kyle (Seth Rogen), o seu melhor amigo, tenta ajudá-lo de todas as maneiras, mas não deixa de utilizar a doença de Adam para se dar bem com as mulheres. Nas poucas chances que lhe restam, Adam conhecerá Katherine (Anne Kendrick), uma jovem psicóloga que irá virar sua cabeça de vez.

Comédia ou drama?
Estamos na véspera do Globo de Ouro de 2012 e temos alguns indicados bem interessantes. Para entrar no clima, escolhi comentar sobre este filme que recebeu uma indicação para a categoria melhor filme (musical / comédia). Este fica entre o drama e a comédia, na verdade o que me chamou mais a atenção foi a forma inteligente como esses dois gêneros ficaram bem casados, pois apesar de ser uma história bem dramática – a luta contra o câncer de um rapaz de 25 anos, foram criadas várias cenas engraçadas (e sem exageros), dando uma boa aliviada e invertendo a emoção do público. Mostra a importância de ter uma amizade até para os piores momentos, e uma amizade verdadeira, pois o personagem coadjuvante interpretado por Seth Rogen não esconde a verdade do amigo e tem um astral muito forte, sem contar no fato de ser a caricatura do amigo engraçado que tem aquelas grandes sacadas de humor (é realmente um papel para o Seth Rogen), sem apelar para aqueles clichês que beiram ao ridículo. Além de mostrar que o humor pode ser encontrado em lugares improváveis e o quanto isso facilita o processo de seguir em frente, também percebe-se que na vida existem grandes e inesperadas reviravoltas, e neste caso o cenário é de um diagnóstico ruim, mas que também provocou mudanças nas vidas dos dois amigos que levaram a outras reviravoltas boas (uma maior proximidade do relacionamento com os pais, o encontro do primeiro amor verdadeiro e a confirmação de que o melhor amigo é mesmo amigo para todas as horas). Fora tudo isso, reforça que existe a possibilidade de vencer, e recomeçar a vida mais confiante e com mais sentido.

Personagens com presença:
O filme é uma adaptação do livro I'm With Cancer, uma incrível experiência real em que Will Reiser conta como foi diagnosticado com câncer e venceu a doença depois de vários anos de luta. O roteiro do filme também foi feito pelo Reiser. O ator Joseph Gordon-Levitt surpreende vivendo Adam e conta com o Seth Rogen que além de interpretar o melhor amigo, também produziu o filme. Temos também a importante presença de Anna Kendrick (Amor Sem Escalas) como a jovem psicóloga que recebe o caso mas não tem experiência de vida para lidar com ele, entretanto acaba mudando a vida de Adam dando um clima bem legal de romance ao filme. E não podemos deixar de perceber a presença de personagens importantíssimos que são introduzidos quando o protagonista encontra-se na sessão de quimioterapia, dois homens mais velhos que passam a compartilhar experiências de vida, até porque o fato de serem pessoas mais maduras e com o mesmo tipo de doença, sentindo também na pele, acabam mostrando mais solidariedade com o outro.

sábado, 7 de janeiro de 2012

O Hospedeiro (“Gwoemul”)

Eu indico
O Hospedeiro (Coréia do Sul, 2006)

Na beira do rio Han, moram Hee-bong e sua família, donos de uma barraquinha de comida no parque. Seu filho mais velho, Gang-du, tem 40 anos, mas é um tanto imaturo; a filha do meio é arqueira do time olímpico coreano; e o filho mais novo está desempregado. Todos cuidam da menina Hyun-seo, filha de Gang-du, cuja mãe saiu de casa há muito tempo. Um dia, surge um monstro no rio, causando terror nas margens e levando com ele a neta querida de Hee-bong. É a hora da verdade para cada membro da família, que decide enfrentar o monstro em busca da menina.

Filme no estilo mostro do lago - SPOILER:
O primeiro ataque do mostro é no parque da cidade, durante o dia e com muita gente, uma seqüência espetacular de filmagem e fotografia, incluindo a trilha de fundo para dar um suspense maior. Toda a cena é em tempo real, uma parte dela tomando como ponto de vista o protagonista e exibindo as imagens praticamente do ponto de vista dele, dando um bom realismo da situação. O diretor não precisou apelar para a exibição de cenas fortes e mesmo assim causou impactos; por exemplo, na cena em que o bicho entra num trailer com um monte de gente, ao invés de mostrar o que está acontecendo dentro, vemos o lado de fora, o trailer sacudindo e as pessoas gritando.
Foi uma boa surpresa um filme no estilo “mostro do lago” poder agradar tanto. A chave do sucesso foi misturar o terror com o drama familiar. Existe um foco na situação da atrapalhada família de classe baixa que precisa dar um jeito de resgatar a garotinha que foi levada pelo monstro, já que as autoridades se mostram incompetentes e preocupadas com outras questões, questões essas que vão se revelar desnecessárias. O mais legal é que na hora da necessidade cada membro da família se mostra corajoso e com um atributo importante que será usado no enfrentamento com o mostro. É nesse momento que percebemos que a coragem e virtude da família sobrepõem todos os seus defeitos. A última cena de ação é uma boa briga da família com o bicho.

Aproveitando uma situação real:
O filme garante também boas críticas e algum humor. Existe o fato ambiental, como se a natureza se vingasse do homem, já que o bicho foi fruto de uma incompetência, o despejo de uma substância tóxica que escoa até o rio Han. Mostra também a incapacidade do governo em ligar com a situação, as autoridades coreanas esperando pela ajuda dos EUA e acreditando que o bicho carrega um vírus letal. Bong Joon-ho, junto com os co-roteiristas Baek Cheol-Hyeon e Hah Joon-Won, aproveitou um incidente real que aconteceu em 2000 na Coréia do Sul, em McFarland, em que detritos químicos de uma base militar americana de Yongsan, no centro de Seul, foram lançados nas águas do Han, gerando um sério impasse diplomático.

Torcendo pela sequência:
Fiquei animado depois de saber que se deseja fazer uma seqüência para o filme. Uma das informações é que poderiam aproveitar a idéia do escritor de história em quadrinhos Kang Full como ponto de partida: uma horda de famintos mutantes atacaria operários, ambulantes e policiais durante as obras de escavação do riacho Cheonggye, em Seul. Anos antes dos acontecimentos do primeiro filme, o degradado leito de um rio subterrâneo, encoberto por uma estrada, teria servido de esconderijo para os monstros.