Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Eva – Um Novo Começo (“Eva”, Espanha, 2011)

Eu indico
Eva (Espanha, 2011)

Em 2041, os seres humanos convivem com criaturas mecânicas. Alex (Daniel Brühl), um famoso engenheiro cibernético, retorna a Santa Irene, depois de dez anos, para atender a um pedido muito específico da Escola de Robótica: a criação de um robô-criança. Nesses dez anos de ausência, seu irmão David e Lana reconstruíram suas vidas e tiveram a filha Eva (Claudia Vega), que acaba tendo uma relação especial com Alex. Dirigido por Kike Maíllo.

O que você vê quando fecha os olhos?
No topo das montanhas geladas de Santa Irene, em 2041, uma mulher à beira do abismo grita, quando seu corpo cai. Correndo entre os pinheiros, na neve, uma menina de casaco vermelho corre até um chalé de madeira e bate à porta. O homem que atende pergunta: "Eva, o que você faz aqui? Onde está sua mãe?" E a menina desmaia. Este é o início enigmático da trama que aborda as questões da chamada inteligência artificial, num futuro próximo onde seres humanos convivem com robôs criados por eles. O diretor trata das questões de forma agradável e com simplicidade, indo tanto pela abordagem tecnológica (ferramentas para escolher os elementos que vão formar o caráter do robô, por exemplo) quanto pela humana, onde entram as situações críticas como a liberdade humana, segurança e perduração. Mostra a convivência entre seres humanos e máquinas de forma quase natural, tão semelhantes entre si que se confundem nas ruas.
A premissa parte da busca pela criação de um modelo perfeito, sem defeitos e pecados como os seres humanos. São mostradas utilidades dos androides, que podem falar várias línguas, jogar xadrez, cozinhar, cuidar de idosos e doentes, ensinar crianças, fazer manutenções domésticas, etc. Porém, ao tratar das imperfeições destes é que a trama ganha muito sentido, já que os defeitos os tornam mais ainda parecidos com os humanos. E junto com isso vem questões de tolerância, medo, perdão. Uma forma criativa de desativar os robôs imediatamente, a fim de salvaguardar a espécie humana, é a criação de uma frase senha – pelo visto universal – que pode ser usada a qualquer momento: “O que você vê quando fecha os olhos?” é a “proteção” perfeita contra os robôs.
Encarregado de criar o software de controle emocional de um androide menino (o SI-9), Alex, engenheiro cibernético, é o protagonista do filme. Eva, que remete à figura feminina bíblica criada a partir da costela de Adão (como metáfora para a criação de robôs à imagem e semelhança do homem), é uma garota de personalidade atípica, extrovertida e simpática, perfeita como modelo para um robô criança (embora a mãe não permita sua participação nesta experiência), que aparece diante de Alex e eles acabam tendo forte empatia entre si. A garota, com boa interpretação da atriz Claudia Vega, inspira Alex para o projeto, a ponto deste querer usar as características de sua personalidade como protótipo para a criação do robô. A interação entre os dois é mais um ponto forte no filme.
É preciso reconhecer que, diante de tantos filmes excelentes que tratam a temática da inteligência artificial, como “A.I. Inteligência Artificial” (2011, de Steven Spielberg) e “Blade Runner” (1982, de Ridley Scott), é difícil ganhar um destaque. Entretanto, este filme consegue e pode ser acrescentado à lista.

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Fontes:

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Fugitivo (“I Am a Fugitive From a Chain Gang”, 1932)

Eu indico
I Am a Fugitive From a Chain Gang (EUA, 1932)

Desempregado após o término da Primeira Guerra, James Allen (Paul Muni) torna-se um vagabundo sem dinheiro. Quando assiste a outro homem cometendo um furto, é condenado injustamente a dez anos de cadeia, numa prisão na Geórgia. Lá, é perseguido e castigado cruelmente por guardas sádicos. Com a ajuda de outro prisioneiro, escapa e parte determinado em busca do sonho que tem de se tornar um engenheiro. Dirigido por Mervyn LeRoy.

Fugindo de uma prisão estilo “gangue da corrente”:
Baseado na história real de Robert E. Burns, que roubou 5 dólares para comer e de fato conseguiu escapar do sistema legal da Geórgia com a ajuda de três governadores de Nova Jersey. Burns chegou a trabalhar neste filme, em Hollywood, mas voltou para Nova Jersey com receio da prisão. O livro e o filme conseguem criticar claramente o sistema presidiário na década de 1930, na Geórgia, onde os presos viviam acorrentados e forçados a trabalhar numa estrada de ferro. A expressão “Chain Gang” se traduz como uma prisão onde existem trabalhos forçados a que são submetidos os presidiários acorrentados; assim, os prisioneiros são a “gangue da corrente”.
Paul Muni, que antes atuou em Scarface (1932), interpreta o protagonista James Allen, que passa de herói da primeira guerra mundial para desempregado e, por azar do destino, torna-se prisioneiro. Após conseguir, de forma incrível, escapar da prisão, com o passar do tempo ele chega a se tornar um cidadão exemplar, trabalhando na construção civil e sendo reconhecido por suas obras importantíssimas. Mas isto é só um resumo dos acontecimentos que terão boas reviravoltas e um final marcante. Para se ter uma ideia (e sem revelar os fatos para não perder a graça), a última palavra saída da boca de Allen no filme complementa o episódio geral com uma crítica severa ao Estado Americano, que com seus sistemas e leis, junto com certa inflexibilidade e interpretações equivocadas, chega a favorecer a injustiça, podendo forçar um cidadão exemplar a se tornar um facínora. Uma temática social interessante e perigosa de ser tratada na época, principalmente para um filme que acabou sendo sucesso de público.
Indicado ao Oscar de melhor filme, ator e edição de som, este ainda procura encher mais ainda os olhos do espectador, com algumas situações de fuga bem elaboradas – que podem ter inspirado muitos prisioneiros. Essa combinação de elementos nos remete a um outro grande filme: Rebeldia Indomável (“Cool Hand Luke”, EUA, 1967), excelente e muito inspirador, dirigido por Stuart Rosenberg e estrelado por Paul Newman. Ambos fazem suas críticas ao mesmo sistema de prisões e ao Estado Americano, assim como disputam cenas de fuga criativas e empolgantes, tendo como protagonista um personagem inspirador.

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Fontes:

terça-feira, 9 de setembro de 2014

G-Men Contra o Império do Crime ("G" Men, EUA, 1935)

Eu indico
"G" Men (EUA, 1935)

James Cagney interpreta o jovem advogado criminalista, Brick Davis, que tenta resistir a tentações do mundo do crime, embora sua educação tenha sido paga por um gângster. Sua vida dá uma reviravolta quando um amigo e agente federal tenta recrutá-lo para o FBI, e é assassinado por um gângster. Dirigido por William Keighley.

Os homens do FBI contra o crime organizado:
James Francis Cagney Jr. foi um renomado ator norte-americano, que teve o privilégio de participar dos primeiros grandes filmes de gângster do cinema. Com isto estabeleceu um papel típico de gângster violento em filmes como Inimigo Público (1931), Fúria Sanguinária (“White Heat”, 1949) e Anjos da Cara Suja (1938). Entretanto, neste filme “G” Men ele interpreta o mocinho que fica famoso ao enfrentar corajosamente os gângsters do momento.
G-Men Contra o Império do Crime apresenta os principais elementos que servem de inspiração para filmes de gângster que perduram até hoje, como bandidos que desde criança são assediados a entrar no mundo do crime, chefões poderosos que aproveitam uma vida de poder e luxo, a dificuldade do FBI em combater o crime organizado, alguns sacrifícios pessoais para mudar este cenário, assim como a presença marcante da metralhadora Thompson. Na época, este filme foi original por focar o lado dos mocinhos, neste caso do FBI, em seus primeiros anos. O senso e vontade de combater o crime organizado exalta do personagem Brick Davis (interpretado por Cagney) depois de alguns acontecimentos, e logo este se mostra útil às investigações – com sua capacidade lógica de análise – e também não exita em partir para a ação. Um personagem incorruptível e atendo à lei. As situações enfrentadas por ele nos mostram a imagem pública adotada pelo FBI na guerra contra o crime.
Parece que é apenas uma lenda o fato de que os agentes do FBI eram chamados de “G” Men, a partir do fato de que um bandido assustado, chamado George “Machine Gun” (metralhadora em português) Kelly, gritou para os agentes não atirarem nele. Com esta lenda, foram criados filmes, histórias em quadrinhos e novelas para promover o FBI. Outra explicação é que “G” Men significa "Homens do Governo".
Não podemos deixar de mencionar que antes deste, o filme “Little Caesar” (1931) fez grande sucesso. Posteriormente muitos filmes do gênero surgiram, como Scarface em 1983. Mas este aqui é um bom retrato filmado da guerra contra o crime declarada pelo governo, diante das quadrilhas de gângsters quase onipotentes que assolavam o país. Teve uma das mais altas bilheterias do ano e deve ser conferido pelos fãs do gênero.
Cabe complementar que este eclético ator (James Cagney) chegou a atuar como dançarino e sapateador na Broadway e em Nova Orleans, na década de 1920. Fundou uma produtora em 1942 e dirigiu um filme em 1957 ("Short Cut to Hell"), além de ter sido presidente e um dos fundadores do Sindicato dos Atores entre 1942 e 1944. Depois de vinte anos fora das telas, ele retornou em 1980 para viver um chefe de polícia em Na Época do Ragtime ("Ragtime"), do diretor Milos Forman.

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Fontes: