Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Tempestade do Século (EUA / Canadá, 1999)

Eu indico
Storm of the Century (EUA / Canadá, 1999)

Little Tall é uma pequena cidade que fica em uma ilha longe do continente e está prestes a receber uma violenta tempestade de neve. Andre Linoge (Colm Feore), um forasteiro bastante estranho, chega na pequena cidade e cria pânico e morte entre os moradores. Ele sabe o segredo de todos os habitantes. Mike Anderson (Timothy Dale), o policial da cidade, tenta manter cada um em alerta contra a forte tempestade e contra Linoge. Dirigido por Craig R. Baxley. Roteiro de Stephen King.

"Dê-me o que quero e eu irei embora"
A Tempestade do Século é uma das melhores histórias criadas por Stephen King, com um terror focado no psicológico e capaz de prender bastante a atenção. Quem encarar o filme, com quatro horas e pouco de duração, não vai se arrepender. O roteiro foi escrito pelo próprio escritor, diferente da maioria de suas adaptações para o cinema, e ele só lançou o livro depois, garantindo assim a fidelidade e o excelente resultado. Nas mãos do Craig R. Baxley, a parceria funcionou muito bem, a sensação de imersão na história é alta, ou seja, o espectador vai se sentir como os personagens presos naquela situação: angustiado, confuso e perplexo. Originalmente, foi produzida como uma mini série de três capítulos para a rede de televisão ABC.
Little Tall é uma pequena ilha do Estado norte-americano do Maine. Os moradores estão se preparando para enfrentar a pior nevasca dos últimos anos. A tranquilidade do lugar é garantida pela convivência com algumas regras básicas, e pelo protagonista Mike Anderson (Timothy Dale), policial da cidade que resolve tudo e acalma as coisas, quando preciso. Mas essa tranquilidade é abalada quando surge, na cidade, de forma inexplicável, um estranho chamado Andre Linoge (Colm Feore), que conhece todos os segredos dos habitantes e gera situações de desconforto, repetindo sempre a mesma frase: “Dê-me o que quero e eu irei embora“. O que vem a partir daí não pode ser contado para não estragar a obra, então pode se preparar para a revelação e os acontecimentos interessantes que virão. A história vai se tornando cada vez mais sufocante até a sua conclusão. Não somente prende a atenção, como toda a explicação para o que acontece é muito criativa.
Um elemento interessante relacionado às histórias de Stephen King são as ligações entre elas. Por exemplo, em “A Tempestade do Século”, a ilha onde a ação acontece, Little Tall, é a mesma do filme Eclipse Total (“Dolores Claiborne”, 1995). Durante outra passagem, um dos moradores fala sobre a cidade de Derry, local onde se passa a história do livro Insônia (Insomnia, 1994) e várias outras (é o local preferido de Stephen King em suas histórias). E em outra cena, um personagem está lendo "The Little Pig", que é uma das histórias favoritas do garotinho de O Iluminado (“The Shinning”, 1980).

"Meu nome é Legião, porque somos muitos" - SPOILER
Ocorre numa das cenas uma referência a uma passagem bíblica. De acordo com os evangelhos, Jesus exorcizou um homem que estava possuído na região dos gerasenos (atualmente Jerash). Ele estava possuído pelo demônio conhecido como "Legião", uma coletividade de demônios. Quando Jesus pergunta o seu nome, ele responde: "Meu nome é Legião, porque somos muitos.", assim como ocorre no filme. Uma grande horda de porcos estava se alimentando ali perto e Jesus fez com que os espíritos malignos saíssem do homem e entrassem nos porcos. Aproximadamente 2.000 porcos correram e se jogaram de uma ladeira, afogando-se num lago. Da mesma forma os habitantes da ilha são arrastados para uma direção, tendem a cair e se afogar, como os porcos, se não obedecerem a Linoge.

Melhores adaptações das obras de Stephen King para o cinema e TV:
Existem muitas adaptações dos livros e contos deste escritor, aclamado como o mestre do suspense e terror. Relaciono aqui as que gostei:

1986 - Stand By Me (Conta Comigo) (Baseado no conto 'O Corpo', localizado no livro 'Quatro Estações', de 1982)

1989 - Pet Sematary (Cemitério Maldito) (Baseado no livro de 1983)

1990 - Misery (Louca Obsessão) (Baseado no livro de 1987)

1992 - The Lawnmower Man (O Passageiro do Futuro) (Baseado no conto de 1976)

1993 - The Dark Half (A Metade Negra) (Baseado no conto de 1989)

1994 - The Stand (A Dança da Morte) (Mini-série baseada no livro de 1978)

1994 - The Shawshank Redemption (Um Sonho de Liberdade) (Baseado no conto 'Rita Hayworth and Shawshank Redemption' de 1982, localizado no livro 'Quatro Estações')

1995 - Dolores Claiborne (Eclipse Total) (Baseado no conto de 1993)

1995 - The Langoliers (Fenda no Tempo) (Mini-série baseada no livro de 1990)

1997 - The Shining (Mini-série, segunda adaptação do livro de 1977)

1998 - Apt Pupil (O Aprendiz) (Baseado no conto de 1982)

1999 - The Green Mile (A Espera de Um Milagre) (Baseado no livro de 1986)

1999 - Storm of the Century (Mini-série, roteiro original)

2001 - Hearts in Atlantis (Lembranças de Um Verão) (Baseado no conto de 1999, 'Low Men In Yellow Coats')
Resenha neste blog: 

http://eueatelona.blogspot.com.br/2013/10/lembrancas-de-um-verao-hearts-in.html

2004 - Secret Window (Janela Secreta) (Baseado no conto 'Secret Window, Secret Garden' de 1990)

2007 - 1408 (1408) (baseado no conto de 1999)

2007 - The Mist (O Nevoeiro) (Baseado no conto de 1980, localizado no livro Tripulação de Esqueletos )

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Fontes:

quinta-feira, 11 de junho de 2015

O incrível homem que encolheu (EUA, 1957)

Eu indico
The Incredible Shrinking Man, EUA, 1957

Durante um passeio de barco, Scott Carey (Grant Williams) é atingido por uma misteriosa nuvem de partículas brilhantes. Em seguida é acidentalmente aspergido com inseticida e começa a encolher diariamente. A vida se torna um pesadelo para o agora pequenino Scott, vulnerável a tudo e todos. Dirigido por Jack Arnold.

Incrível:
Estamos diante de uma ficção científica, estilo fantástico, no qual um homem começa a diminuir de tamanho e tem que enfrentar todas as dificuldades que surgem, seja sua relação com a esposa e outras pessoas, seja sua sobrevivência. Outros filmes exploram essa relação que surge quando seres vivos se tornam maiores que o homem, mas na maioria delas o foco é na aventura, no suspense. Aqui, nesta adaptação do romance de Richard Matheson, temos uma boa aventura, mas carregada de ironia, desespero e agonia pela situação e uma boa reflexão sobre a existência. Os pensamentos do personagem no final do filme, que começa a narrar a sua história a medida que vai diminuindo e ficando sozinho, é bem significante e pode ser conferida no final deste texto.
Um mergulho no misterioso universo microscópico, que quase sempre tratamos com desdém porque estamos muito elevados em relação a ele. É tão fácil pisar numa aranha e lançar inseticidas em mosquitos, tão natural e seguro, mas imagine você se tornar um ser menor do que eles. Nosso protagonista então tem que se utilizar da inteligência e controle emocional, nossa vantagem em ser um animal racional.
Jack Arnold tem este filme como um dos seus clássicos, juntamente com “O Monstro da Lagoa Negra” (1954). Os efeitos especiais são de Clifford Stine. Richard Matheson escreveu o roteiro para uma sequência, “The Fantastic Shrinking Girl” na qual Louise Carey segue seu marido até o mundo microscópico. Foi publicada pela Gauntlet Press em 2006, numa coleção chamada "Unrealized Dreams", porém não chegou a ser foi produzida.

Frase no final do filme - SPOILER:
Muito interessante quando, após diminuir tanto, o personagem fica contente em poder sair do porão que por muito tempo o aprisionou, com toda uma nova energia e coragem para encarar este mundo de gigantes lá fora.

Olhei para o céu, como se de algum modo pudesse compreender o céu, o universo, os mundos infinitos, a tapeçaria prateada de Deus que cobre a noite.
Nesse instante eu soube a resposta do enigma.
Havia pensando nos termos da limitada dimensão da mente humana.
Tinha subestimado a natureza.
Pois a ideia de que a vida começa e acaba.
É uma ideia humana, não da natureza.
Senti meu corpo encolhendo, fundindo-se, convertendo-se em nada.
Meus medos acabaram e em seu lugar ficou a aceitação.
Toda esta vasta glória da criação tinha que significar algo.
E eu significava alguma coisa também.
Sim, até o mais pequeno que o ínfimo, também significava algo.
Para Deus não existe um nada.
Então eu existo!”

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Fontes:

terça-feira, 9 de junho de 2015

Chappie (EUA, 2015)

Eu indico
Chappie (EUA, 2015)

Em um futuro próximo, uma opressiva força policial mecanizada é encarregada de patrulhar as ruas e controlar o crime em Joanesburgo, África do Sul. Um dos androides da força policial é roubado e reprogramado com o intuito de ser utilizado como arma pelos criminosos. Ao ser reprogramado, o androide se torna Chappie, o primeiro robô com capacidade de pensar e sentir por si mesmo. Isso faz com que forças poderosas e destrutivas comecem a ver Chappie como uma ameaça para a humanidade e para a ordem pública, e elas farão de tudo para garantir que Chappie seja destruído. Dirigido por Neill Blomkamp.

CHAPPiE:
Em 2004 foi lançado um curta-metragem chamado “Tetra Vaal”, do próprio diretor deste filme, Neill Blomkamp. Este então foi a base para o diretor escrever, juntamente com Terri Tatchell, o roteiro do filme Chappie.
A captura de voz e movimento do robô, que é nosso grande protagonista, foi feita utilizando o ator Sharlto Copley. Podemos dizer que a atuação do ator-robô é a melhor do filme. O grande elemento é justamente a humanização do robô, desde gestos e comportamentos, até gírias. É tão bem trabalhado que esquecemos estar diante de uma máquina “pensante”. Os personagens secundários ajudam, principalmente os pais “adotivos” de Chappie. A mãe, por exemplo, se comporta de forma bem sentimental para com ele, os dois então criam um laço “de sangue” muito forte.
É o terceiro longa-metragem de Blomkamp como diretor, que tem em seu currículo “Distrito 9” (2009) e “Elysium” (2013). Podemos perceber algumas semelhanças entre os três filmes, então parece que este é um estilo no qual o diretor quer investir. Assim como no excelente “Distrito 9”, logo no início nos deparamos com pessoas, especialistas, dando entrevistas à TV sobre a situação. Estamos em 2016 e robôs pré-programados estão substituindo e auxiliando a polícia em Joanesburgo. Este começo já maximiza o nível de realismo do filme, menos do que em “Distrito 9”, porém mais plausível porque o foco não está em alienígenas, mas em máquinas criadas pelo homem.
Sendo uma máquina evoluída, com grande capacidade de processamento e inteligência artificial, Chappie aprende muito rápido. É muito interessante acompanharmos sua evolução, inclusive emocional. A influência do meio onde vive, um gueto, com pais traficantes e excluídos da sociedade, o faz tomar um caminho inicial tortuoso. As primeiras aventuras do robô são exibidas em cenas engraçadíssimas, que superam de longe muitos filmes de comédia. A idéia das correntes no pescoço é divertida e, ao mesmo tempo, genial.
Hugh Jackman faz o antagonista, mas quase fica esquecido diante do nosso carismático protagonista, um robô. Chappie luta por conquistar uma identidade e ainda vai aprender sobre a ética e a justiça. Mas ele está no meio de um grupo de excluídos, no lixo da África. O cenário é de fábricas e prédios abandonados, favelas habitadas.
Não estamos diante de novidade alguma, é mais um filme de ficção com o tema inteligência artificial, tal como o maravilhoso “A.I. Inteligência Artificial” (2001), de Steven Spielberg. Entretanto, o filme Chappie consegue humanizar tanto a máquina pensante, focando no emocional e na linguagem corporal, que conquista seu lugar entre os melhores filmes do gênero. Mais ainda, nos apresenta um final não convencional e bem interessante, para refletir.

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Fontes: