Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Poltergeist: O Fenômeno (“Poltergeist”)

Favoritos
Poltergeist (EUA, 1982)

Uma típica família americana vive o famoso sonho americano, moram na casa dos sonhos, numa cidade pequena e com espaço para uma piscina. Mas logo a família Freeling começa a presenciar fenômenos psíquicos, que a princípio parecem ser inofensivos, mas que cada vez se tornam mais aterrorizantes até que  uma entidade “seqüestra” a pequena Carol Anne (Heather O'Rourke) e tudo vira um inferno.

O Fenômeno de 1982:
O clássico Poltergeist foi escrito e produzido por Steven Spielberg, um sucesso de público e crítica que concorreu ao Oscar de melhores efeitos visuais e melhor trilha sonora. Existe uma versão remasterizada e é fortemente indicado, principalmente para fãs de suspense ou terror. Na época em que foi lançado, existiam muitos filmes que focavam nas cenas sanguinolentas, mortes, assassinos mascarados, mutilação e tudo o mais. Talvez por isso tenha impactado bastante, por possuir uma boa história, cenas tensas, expectativas e sustos bem elaborados.
Apesar de dirigido por Tobe Hopper, percebemos que o filme tem toda a influência de Spielberg, já conhecido por sua criatividade, e o resultado é um show de cenas onde tudo se transforma em algo assustador, desde uma árvore (quando troveja, vemos a sua sombra enorme), ou uma televisão, até o boneco de um palhaço. São introduzidas até cenas cômicas nos momentos oportunos, e no todo o filme surpreende bastante. Esperar o momento certo para a trilha sonora surgir, é uma marca de Spielberg. Para quem o assistir hoje em dia, acredito que fique a sensação de que não se fazem mais filmes assim. Uma certa crítica também aparece, como a TV sendo o único meio de comunicação entre o sobrenatural e o físico, ou uma corretora de imóveis que brinca com a morte. A trilha sonora ajuda a construir uma atmosfera intensa e faz o filme chegar a seu clímax rapidamente. Além disso, a própria falta de trilha sonora também ajuda a termos bons momentos de suspense.
No centro da trama está a típica família americana da Califórnia, que vive numa casa bacana. Steve Freeling (Craig T. Nelson), sua esposa Diane (JoBeth Williams), e seus filhos Dana, Robbie e Carol Anne (respectivamente Dominique Dunne, Oliver Robins e Heather O’Rourke). Os acontecimentos sobrenaturais surgem logo e a história é contada de uma forma simples, mas nos faz realmente sentir medo, usando-se de um terror mais psicológico. É interessante como existem artimanhas para causar tensão e susto, naquelas cenas em que sabemos que algo deve acontecer, mas mesmo assim tomamos um baita susto quando acontece. As cenas que foram colocadas com pouco uso – ou uso algum - de uma trilha sonora também são impactantes.
Os efeitos especiais foram feitos pela lendária Industrial Light & Magic, para a época do filme foi como fazer mágica. Quem toma conta de todos os efeitos sonoros é Jerry Goldsmith, o mesmo que produziu os sons de Jornada nas Estrelas.
Os atores escolhidos para interpretar a família ficaram tão bons que até parece uma família da vida real. A garotinha Carol Anne (Heather O'Rourke) está ótima, e ela trabalha nos 3 filmes. Destaque é quando ela usa uma fala mais conhecida em filmes do gênero: “They're here!” (“Eles estão aqui””) e, no segundo filme, a garotinha novamente repete a idéia, dizendo: "They're back!" (“Eles voltaram!”). Realmente não fizeram boas continuações, mesmo repetindo os personagens interpretados pelos mesmos atores. As continuações foram “Poltergeist II - o Outro Lado” (1986) e “Poltergeist III - Cresce o Pavor” (1988).
O termo poltergeist (do alemão polter, que significa ruído, e geist, que significa espírito) é usado quando algum evento sobrenatural se manifesta deslocando objetos e fazendo ruídos. Acredita-se que o foco dessa perturbação é muitas vezes uma criança na fase da puberdade, em geral do sexo feminino. O evento caracteriza-se por estar relacionado a um indivíduo e por ter curta duração, diferente de uma assombração, que pode-se estender por anos, sempre associada a uma área, geralmente uma casa. No fenômeno poltergeist um espírito perturbado usa o indivíduo para se manifestar, às vezes de forma agressiva, fazendo objetos como pedras, por exemplo, voarem pelos ares atingindo objetos e outras pessoas. Para a manifestação desse espírito, segundo a literatura espírita, é necessária a presença de um médium de efeitos físicos, ainda que seja completamente alheio à sua faculdade, para que os fenômenos ocorram. No filme, tudo isso é explicado e usado de alguma forma, temos até sequências com uma equipe de médiuns monitorando a casa e sofrendo os diabos, com destaque para a atriz Zelda Rubinstein, com apenas 1,30m de altura e uma voz peculiar, interpretando a personagem Tangina Barrons, uma vidente experiente (que também aparece nos 3 filmes). Perceba quantos mistérios e suspenses dos roteiros atuais tem uma ponta de Poltergeist no meio.

Na vida real - A Maldição de Poltergeist:
Alguns acontecimentos macabros aconteceram durante e após as filmagens do filme, tanto que se criou o termo chamado “A Maldição de Poltergeist”, onde algumas mortes no elenco aconteceram. Porém a mais marcante foi a morte da atriz mirim Heather O'Rourke (interpreta a Carol Anne) que morreu logo após as filmagens do terceiro filme, aos doze anos de idade, com uma infecção intestinal. Antes dela, morreu Dominique Duane (interpreta a irmã mais velha de Carol Anne no filme), logo após a estréia do 1° filme, quando um ex-namorado ciumento simplesmente a espancou e depois estrangulou. Em 1985 o ator Julian Beck (interpretou o reverendo que assustava a família Freeling) morreu de um cancer fulminate e, em junho de 1986, o ator Will Sampson (interpretou o índio que ajudava a família no 2° filme), aos 53 anos, morre após um transplante de coração.
Seguem outros eventos coletados, que podem até ser boatos:
- Em 1984 foi gravado o 2° filme, sendo que um fato estranho ocorreu: a casa escolhida como cenário foi realmente construída em cima de um cemitério chumash (tribo indigena que viveu ali no sec. 17), coincidindo com a história do 1° filme;
- A atriz Zelda Rubenstein fez uma sessão de fotos para Poltergeist III e em uma delas, tinha uma luz brilhante obstruindo o seu rosto. Ela depois informou que a foto foi feita no exato momento que sua mãe na vida real morreu;
- A casa do primeiro filme foi parcialmente destruída por um terremoto em 1994;
- Em uma cena onde o ator Oliver Robins estava sendo sufocado, alguma coisa deu errado e ele estava sendo sufocado de verdade;
- JoBeth Williams diz que quando voltava para casa depois das filmagens, encontrava os seus quadros todos tortos na parede. Ela os endireitava mas, ao retornar no dia seguinte após as filmagens, estavam todos tortos novamente;
- Ao estrangular Dominique Dunne, para encobrir o barulho, o namorado colocou para tocar a trilha sonora de Poltergeist em volume bem alto;
- Foram usados esqueletos de verdade no filme, a atriz JoBeth Williams confirmou em uma entrevista.

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Fontes: 

http://www.plantaopop.com/2010/12/critica-poltergeist-o-fenomeno.html
http://thesinistro.wordpress.com/2010/04/25/mortes-no-filme-poltergeist/
http://culturareino.blogspot.com.br/2011/04/maldicao-do-filme-poltergeist-oque.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Poltergeist
http://planocritico.com/critica-poltergeist-o-fenomeno/

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Pequeno Nicolau (“Le Petit Nicolas”)

Eu indico
Le Petit Nicolas (França, 2009)
 
Nicolau (Maxime Godard) é um garoto muito amado pelos pais, que leva uma vida tranqüila, até o dia em que ouve uma conversa entre seus pais, que o faz achar que a mãe está grávida. Nicolau entra em desespero e já pensa no pior: ao nascer um irmão, eles deixarão de lhe dar atenção. Para escapar de seu terrível destino, o menino faz campanha para mostrar o quanto é indispensável, mas acaba cometendo vários tropeços, o que faz com seus pais fiquem enfurecidos. Desesperado, ele muda de tática e, com seus amigos desastrados, bola diversos planos para achar uma solução para seu problema.

Comédia francesa infantil?
Le Petit Nicolas tem origem numa obra literária infantil franco-belga, de mesmo nome, criada em 1959 por Jean-Jacques Sempé e René Goscinny, autor de Asterix. Aproveitando o gancho, o diretor usa em uma das cenas uma passagem dos quadrinhos Asterix e Obelix, no que diz respeito ao famoso elixir que lhes garante a força mágica para enfrentar o exército romano. De forma criativa, os créditos de abertura do filme imitam um livro, usando ilustrações da obra original.
Essa comédia francesa tem algumas sacadas interessantes, como nos apresentar o mundo aos olhos de um garoto, Nicolau, que é o narrador dos acontecimentos. Como sua interpretação das coisas ainda é imatura, a contradição do que ele fala com o que vemos acontecer já garante algumas cenas engraçadas. Por outro lado, também acompanhamos o ponto de vista dos adultos, como a insatisfação do pai (Kad Merad) no trabalho, em sua luta para agradar o patrão, assim como as crises da mãe (Sandrine Kiberlain), fatos que não são percebidos pelo garoto; características de uma classe média que precisa se contentar com as sobras da riqueza. São os pontos de vista adulto e infantil sobre uma mesma situação, e de forma divertida vão ocorrendo vários acasos até o seu desfecho.
É divertido o fato de boa parte dos personagens serem crianças, amigos de escola, uma turma que vai causar a maior confusão, com base numa interpretação imatura de Nicolau, com o seu plano para manter-se não só o filho único, mas, simbolicamente, manter-se para sempre uma criança. E, depois disso, a questão do amadurecimento com a aceitação de se tornar o irmão mais velho, protetor e responsável. Cada um dos amigos de Nicolau possui uma característica marcante. Temos o melhor amigo, que só pensa em comer, o desligado Clotário (Victor Carles) que sempre sai de castigo, o garoto mais riquinho que só pensa no pai, e até o mais estudioso que fica dedurando os colegas. E numa das primeiras cenas a professora faz a já conhecida pergunta para as crianças: “O que você vai fazer quando crescer?”. Mais legal ainda é a resposta de Nicolau, já nas últimas cenas do filme, após todos os acontecimentos que ocorrem com o mesmo.

Desventuras - SPOILER:
A turma causa uma boa confusão com seu plano para contratar alguém para dar sumiço ao irmão de Nicolau, que ainda vai nascer. Mesmo tratando de coisas sérias, acaba que o filme consegue brincar com a vida e ficar engraçado, como por exemplo quando os garotos aguardam um bandido sair da prisão para contratá-lo, ou quando procuram na lista telefônica uma parte dedicada a gangster, ou quando fazem um cassino a céu aberto para arrecadar dinheiro. Temos também uma sequência com um carro descontrolado pelas ruas de Paris (advinha quem está dentro?). E quem iria imaginar que o desligado Clotário, que seria o burro da classe, salvaria a turma durante a visita de um ministro à escola? E daí vemos o papel importante da professora (Sandrine Kiberlain, do filme “Mademoiselle Chambon”, que também recomendo), que numa oportunidade anterior ajudou o aluno a aprender o nome do Rio Sena, usando uma estratégia efetiva.
Sobra também espaço para as atrapalhadas dos adultos, como quando a esposa tenta ajudar o marido agradando o chefe e a esposa num jantar, tentando se comportar com classe e parecer culta. O jantar obviamente termina em confusão. A anfitriã enrola-se nas palavras (quem entende francês pode perceber melhor) e seu marido nada pode fazer a este ponto. Interessante que a bajulação para ele ganhar a atenção do patrão vai ter outro desfecho depois.
Entre descobertas e trapalhadas, acaba sobrando para o espectador, o riso.

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Fontes: 

http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-o-pequeno-nicolau/
http://galeriaphotomaton.blogspot.com.br/2010/08/o-pequeno-nicolau-descobertas-infantis.html

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Flores do Oriente (“Jin Líng Shí San Chai”)

Eu indico
Flores do Oriente (China, 2011)

Em meio à Segunda Guerra entre China e Japão, John Miller (Christian Bale) chega ao país oriental para providenciar o enterro de um padre. É quando se depara com jovens estudantes de um convento e prostitutas de um bordel próximo à Igreja. Dois grupos heterogêneos que convivem com o medo constante devido aos consecutivos estupros e execuções promovidas pelo exército japonês.

Heróis:
O cineasta Zhang Yimou, que também dirigiu os excelentes “Herói” e “O Clã das Adagas Voadoras”, traz este filme que foi indicado ao globo de ouro (melhor filme em língua estrangeira) e também representou a China na disputa por uma vaga no Oscar 2012. Como somos induzidos no próprio trailer, o filme trata da figura dos verdadeiros heróis, pessoas comuns que de forma inusitada e, mediante situações extremas, acabam cometendo atos heróicos em detrimento de outras pessoas. É ambientado na segunda guerra sino-japonesa, em 1937, onde a capital da China é invadida e destruída pelos japoneses. Podemos perceber o comportamento brutal dos invasores japoneses, que mataram e estupraram muitos chineses sem necessidade. O diretor, que já foi fotógrafo, é conhecido pelo seu domínio técnico e bom gosto. O roteiro é baseado no romance “The 13 Women of Nanjing”, do autor chinês Yan Geling.
Neste evento que ficou conhecido como Massacre de Nanquim (a cidade que inventou a tinta famosa), o agente funerário John (Bale) chega a uma igreja católica na cidade para fazer o enterro de um padre, mas acaba sendo o único ocidental num convento onde está um grupo de estudantes e, posteriormente, chega um grupo de prostitutas fugitivas. Sem querer, acaba se vestindo de padre e se tornando o protetor das jovens, diante das investidas dos invasores japoneses.
Logo no início o que chama a atenção são os enquadramentos precisos e movimentos de câmera, assim como os efeitos sonoros, que ficaram bem realistas. Tiros, tanques, casas desabando, explosões. Acompanhamos com a câmera pessoas fugindo e exércitos em conflito. O diretor arranja um espaço para destacar uma estratégia do exército chinês para impedir a passagem de um tanque inimigo, que é atacarem o tanque de frente, em fila indiana, sendo que o último da fila está com o corpo coberto de explosivos e deve alcançar o tanque, usando os da frente como escudo humano.
Mas existem poucas cenas de guerra e os solos de violino de Joshua Bell deixam um ar de drama durante uma boa parte do filme. Em um dado momento, temos a oportunidade de ouvir a agradável canção "A lenda do rio Qin Huai", cantada pelas prostitutas, que fala sobre o rio Qin Huai, que passa por Nanquim.
Uma decisão acertada foi deixar a narração por conta de uma das crianças, reforçando a questão do despertar da maturidade. Mas o foco maior do filme é apresentar atos de coragem que fizeram algumas pessoas terem um papel fundamental no resultado das coisas, diminuindo as conseqüências de uma guerra e da maldade humana para um grupo de pessoas inocentes. Importante destacar que existem outros personagens que se tornam heróis na trama, como o soldado chinês que possui um papel importante, as prostitutas que também protegem as crianças e o coroinha da igreja. O filme agrada mesmo com o clichê da figura do homem sem fé, que se entusiasma por uma causa que o leva ao heroísmo e sacrifício, ou a redenção. E, diante do horror da guerra, as pessoas podem reaprender a sua humanidade. Em tempos difíceis, pessoas comuns se tornam heróis.

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Fontes: 

http://omelete.uol.com.br/christian-bale/cinema/flores-do-oriente-critica/
http://noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho/2012/05/24/estreia-flores-do-oriente/