Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tarde Demais (“Beautiful Boy”)

Eu indico
Tarde Demais (EUA, 2010)

A jornada de um casal que tenta desesperadamente encontrar alguma explicação, depois de descobrir que seu único filho cometeu um assassinato em massa dentro de sua universidade e depois se suicidou. O filme mostra como eles lidam com a realidade de ter o único filho morto e visto por todos como um assassino cruel.

Desenvolvendo a história:
Bill e Kate formam um casal que vive um relacionamento convencional. Nas cenas iniciais com o casal percebe-se um relacionamento que caiu numa rotina não muito agradável, ele janta sozinho ao mesmo tempo em que ela trabalha em casa, revisando um roteiro literário. O diálogo entre o casal é comum e logo chegam a uma discussão. O casal parece nem dormir na mesma cama. Após a notícia, o filme passa a mostrar o processo de luto do casal, que passam a ser as grandes vítimas, já que só eles choram pelo assassino e sofrem as conseqüências: assédio da mídia, problemas com colegas de trabalho, afastamento de parentes, julgamento da sociedade.

Foco no casal:
O foco do filme é o casal, o outro lado da notícia. Tanto que tudo que sabemos é exatamente o que o casal sabe, nem ao certo explica-se o que levou o filho a cometer os assassinatos, pois o casal evita assistir às notícias e à gravação feita pelo filho. É genial a idéia no filme de não buscar explicar a situação e sim mostrar o lado humano vivido pelos dois. E como, no final das contas, eles só têm um ao outro, isso torna o relacionamento mais unido. Interessante também foi mostrar as poucas pessoas que acabam despertando sentimento de afeto ou pena pelo casal, como o irmão da Katie e o senhor que trabalha no Hotel onde o casal passa um tempo refugiado (o mesmo que antes de conhecer Bill de perto, estava criticando o filho dele e o próprio casal). O filme começa e termina com a narração de uma poesia feita pelo garoto, que pode ser associada ao sentimento de perda do casal.

Sobre a atuação (fiquem de olho nele: Michael Sheen):
Maria Bello e Michael Sheen fazem um papel sensacional, deixando o filme mais realista, até porque muitas cenas mostram o rosto do casal (tem uma na qual eles estão no banco traseiro de um carro, e a câmera mostra através do retrovisor interno o casal lado a lado e, depois, as mãos se unindo). Mas a minha atenção maior foi para o Michael Sheen, que pode até não receber alguma indicação, mas merece uma oportunidade de protagonizar um novo papel dramático, pois esse cara promete.

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Fontes: 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

72 horas (“The Next Three Days”)

Eu indico
72 horas (EUA / França, 2010)

John Brennan (Russell Crowe) é um professor universitário que leva uma vida perfeita, até sua esposa Lara (Elizabeth Banks) ser acusada de ter cometido um crime brutal. Ela jura que não é a autora do crime. Após três anos de recursos judiciais sem sucesso, John percebe que o único meio de ter sua esposa de volta será tirando-a da prisão. Só que ele tem apenas 3 dias para elaborar o plano e executá-lo.

Porque gostei muito:
Tenho uma forte queda por cenas de fuga, mais do ponto de vista do fugitivo e menos do perseguidor, por isso a minha opinião sobre este filme é muito suspeita. Quando um filme apresenta uma proposta que te agrada e, no desenrolar das cenas acaba ocorrendo aquilo que você gostaria mais algumas coisas que te surpreenderam, não tem como explicar a sensação. A partir do momento em que, na trama, começa de fato a fuga, a ação no filme não para, a tensão é alta, e o desenrolar das coisas se encaixa com cenas anteriores, onde o protagonista estava em fase de aprendizado e planejamento. As cenas ficaram bem realistas, até porque o roteirista e diretor Paul Haggis soube inserir dois elementos importantes que foram um diferencial: a sorte e o improviso. Também gostei da conclusão da história, que acabou sendo o final que imaginei para o filme. O ator Russel Crowe está ótimo como um homem comum que precisa tomar atitudes extremas, tendo que agir antes que seja tarde demais. Bem interessante como o personagem recorre à internet onde existem várias informações úteis para o seu objetivo, tais como arrombar fechaduras; chega até a conseguir encontrar um ex-prisioneiro que escapou inúmeras vezes da prisão, interpretado pelo Liam Neeson. O filme pode ser dividido em duas partes, na primeira metade temos a dramática da situação, na segunda temos a correria alucinante.

Refilmagem:
É uma refilmagem do filme francês Pour Elle (2007). O diretor Paul Haggis escolheu Russell Crowe apostando que ele é um ator capaz de interpretar um homem ordinário que precisaria enfrentar circunstâncias extraordinárias. Ele também acrescentou o seguinte questionamento sobre a temática do filme: “Você salvaria a mulher que ama se soubesse que isso te transformaria em um homem que essa mulher não poderia voltar a amar?”.

A confusão:
Engraçado, quando eu indicava o filme 72 Horas, algumas pessoas confundiam com o filme 172 Horas, um drama baseado na história real do alpinista Aron Ralston, que ficou preso 5 dias numa montanha de Utah (EUA) com uma fenda em seu braço (interpretado por James Franco que foi indicado ao Oscar pela sua atuação neste filme). A confusão foi maior pelo fato de que os dois filmes estavam em cartaz mais ou menos na mesma época. Enfim, recomendo assistir logo aos dois. 

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Fontes: 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Castelo Animado ("Howl no Ugoku Shiro")

Favoritos
O Castelo Animado (Japão, 2004)
Trata-se de uma animação do diretor japonês Hayao Miyazaki, onde a principal personagem, Sophie, é enfeitiçada por uma Bruxa que transforma-a numa velha senhora. Sem muitas opções, ela acaba tendo que sair de casa em busca de uma forma de quebrar essa maldição. Até então, ela possuía uma vida simples trabalhando numa chapelaria da família, e não dava muita importância ao magnífico castelo enfeitiçado de Howl, uma geringonça ambulante que volta e meia passava andando pelas localidades interioranas ao redor da cidade. Sabendo que a região tem fama de possuir feiticeiros e bruxas, ela inicia sua jornada por uma trilha pelas montanhas, onde acaba se encontrando com o castelo e se tornando a faxineira deste. Paralelo à sua jornada, o mundo está em guerra e Howl é convocado para lutar por seu rei, mas Howl é um feiticeiro rebelde e não se deixa facilmente ser arrastado para a guerra. A história é baseada no livro Howl's Moving Castle, um romance de fantasia da escritora britânica Diana Wynne Jones.

A mensagem – UM POUCO DE SPOILER:
A grande mensagem deste longa é um apelo às guerras. De forma criativa, com personagens divertidos e carismáticos, alguns bem surreais (por estarem enfeitiçados) e com uma história humorada, o diretor insere em momentos oportunos diálogos e cenas para mostrar esse lado sombrio da guerra, variando entre o lado infantil e o lado adulto. A animação japonesa foi desenhada – em sua maior parte - da forma tradicional e possui um realismo fantástico e um tema adulto, algumas cenas de bombardeio lembram a Segunda Guerra Mundial. Acompanha uma trilha sonora branda na maior parte do filme, que simplesmente deixa de tocar justamente nas cenas de guerra. Perceba que, no final das contas, parece não existir um personagem que seja o grande vilão, nem a própria Bruxa que enfeitiça Sophie, nem a antiga mestra de Howl, Madame Suliman, que tenta convencê-lo a participar da guerra. O vilão é a própria guerra em si, sem motivos justificáveis para acontecer. Aliás, essa questão de não existir um personagem totalmenete malvado (um vilão), é uma característica marcante nas histórias de Hayao Miyazaki. Não devemos esquecer das lições embutidas também na parte fantástica da trama, com toda a aventura vivida pelos personagens. Veja que não fica claro como o feitiço da Bruxa sobre Sofie é quebrado (até porque a Bruxa fica gagá), mas tende a mostrar que tem uma relação com os sentimentos e o amadurecimento da personagem, em muitos momentos ela volta a ser como antes quando está mais decidida, ou quando está apaixonada.

Personagens criativos:
Cada personagem foi criado e desenvolvido com características únicas, diferente de muitos filmes que mostram personagens vazios e sem propósito. Entre eles, um cão asmático, um garotinho que cuida do castelo (o aprendiz Markl), um demônio em forma de fogo que controla o castelo (Calcifer) e um espantalho enfeitiçado (Cabeça de Nabo) que sempre ajuda a Sofie e terá um papel crucial na história. Todos vão mostrar o seu lado humano e terão um propósito no filme.

Hayao Miyazaki - escritor, diretor e ilustrador:
A computação gráfica foi utilizada neste filme apenas em alguma cenas, a maior parte foi desenhada da forma tradicional, manualmente e pelo próprio diretor japonês, que hoje possui 70 anos. Ele também é responsável por vários longas animados e muito interessantes, inclusive o vencedor do Oscar de melhor animação em 2001, A Viagem de Chihiro. Vou listar aqui outros que gostei: Princesa Mononoke (1997), Meu amigo Totoro (1988) e Laputa: The Castle in the Sky (1986). Miyazaki se dedica a escrever e dirigir longas-metragens, algumas vezes também como desenhista, e durante 12 anos escreveu e desenhou o mangá Kaze no Tani no Naushika, que deu origem ao filme animado Nausicaä do Vale do Vento (1984).

Indicado ao Oscar:
O Castelo Animado foi indicado ao Oscar de melhor animação em 2006, sendo que em 2003 o longa Spirited Away - A viagem de Chihiro, do mesmo diretor, faturou o Oscar na mesma categoria. Assisti às outras animações que concorreram em 2006, inclusive ao excelente Wallace & Gromit: A batalha dos vegetais, mas o considero inferior ao filme de Miyazaki. 

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Fontes: