Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

[ESPECIAL] Livro e tatuagem sobre cinema


O meu blog já tem 2 anos e mantenho a meta mensal de postar 3 filmes, com algum conteúdo crítico sobre cada um e como forma de indicação. Até o momento separei em duas categorias: filmes que gostei (recebem o selo da mãozinha “Eu Indico”) e filmes que gostei demais (recebe o selo da taça “Favoritos”).

Neste momento, gostaria de indicar um livro que tem me ajudado muito nessa imersão no mundo cinematográfico: “Tudo Sobre Cinema”, editado por Philip Kemp e com o prefácio de Christopher Frayling, com 576 páginas. Após uma boa introdução sobre a história do cinema, ele é organizado de forma cronológica e escrito por uma experiente equipe de críticos especializados, mostrando a evolução da sétima arte. Para cada década, cita os filmes que marcaram a época, que influenciaram e foram influenciados pelo contexto, e detalha alguns deles. É uma ótima fonte para quem, como eu, gosta de ver filmes de todas as épocas e todos os gêneros. Impressionante como houve uma rápida evolução da sétima arte em um curto período da história e, ao mesmo tempo, filmes bem antigos ainda são inesquecíveis. Em 1895, os irmãos Lumière projetaram o primeiro filme: “A saída dos operários da fábrica Lumière”, na França.

Aproveitando, finalmente fiz a minha primeira tatuagem...


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Os Suspeitos (Prisoners, 2013)

Eu indico
Prisoners (EUA, 2013)

Duas famílias devem lidar com o desaparecimento de suas filhas pequenas. Quando um dos pais suspeita que o detetive encarregado das buscas já desistiu de procurar pelo culpado, desesperadamente ele começa a desconfiar de todas as pessoas ao redor. Fazendo sua própria investigação, encontra o principal suspeito e decide sequestrá-lo. Dirigido por Denis Villeneuve. Roteiro de Aaron Guzikowski.

Priosioneiros:
O diretor canadense Denis Villeneuve, do filme “Incêndios” (Canadá, 2010), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, apresenta este suspense que trata de uma situação comum nos Estados Unidos, e que qualquer família pode acabar vivenciando, que é o desaparecimento de crianças. A sequência de abertura com a oração do Pai Nosso entrelaçada com um pai instruindo um filho a caçar um cervo já mostra a seriedade e algumas questões da trama. Muita tensão, valores morais e uma ótima forma de mostrar as transformações dos personagens – cada um reagindo à sua maneira – diante da situação foco de tensão do filme.
Com suas duas horas e meia, o diretor consegue prender a atenção do espectador e ainda consegue reunir provavelmente o melhor elenco do ano: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Viola Davis, Maria Bello, Terrence Howard, Melissa Leo, Paul Dano e Dylan Minnette. Os destaques vão para Hugh Jackman - como um pai preocupado ao extremo e que acaba tomando uma difícil decisão pensando na família, Jake Gyllenhaal - como um policial dedicado a ponto de se consumir bastante com o caso e, também, Paul Dano - como o principal suspeito, com um comportamento desassociado do mundo ao redor e que praticamente não fala. Dano é o único que ainda não teve indicação a premiações por suas atuações anteriores, apesar de que seus papéis (pequenos em sua maioria) costumam ter relevância, como em Sangue Negro (2007), Pequena Miss Sunshine (2006) e Roubando Vidas (2004); provavelmente depois deste filme, o ator será mais valorizado. Um destaque especial para Jake Gyllenhaal, pois se encontra em um papel mais difícil de ter visibilidade em termos de atuação, pois suas emoções não ficam tão explícitas como acontece com os demais personagens (seu envolvimento com a situação é mais indireto, pois ele está prestando um serviço); mesmo assim, cada detalhe de sua atuação, seja um piscar repetitivo de olhos, ou um escorregão, parecem tão reais como se fossem improviso, não estivessem no papel. Este deve ser o melhor trabalho de Gyllenhaal, uma boa aposta para o próximo Oscar.
Os Suspeitos alterna as histórias do pai e do detetive, ambos com sua obsessão, e vai mostrando a reação dos demais personagens. Pistas são apresentadas e reviravoltas testam o raciocínio e a tensão do espectador. Porém, os dilemas morais dos personagens, suas transformações e decisões, é o forte do filme. O drama dos pais diante do tempo cruel enquanto suas filhas estão desaparecidas. O mal, em sua essência e implicações morais, e o limite de cada um são alguns pontos focados no filme. O título original, Prisioneiros, é mais adequado, já que cada personagem se torna um prisioneiro de algum forma, mesmo que seja da sua própria consciência, de sua angústia. Como em "Incêndios", o canadense Villeneuve acumula reviravoltas e um final impactante, mas no primeiro filme o impacto é maior. Vale a pena ver os dois.

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Fontes:

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Eu e Você (Io e Te, 2012)

Eu indico
Io e Te (Itália, 2012)

Escondido no porão para passar suas férias de inverno, Lorenzo, um jovem de quatorze anos, introvertido e um pouco neurótico, está se preparando para viver seu grande sonho: nada de conflitos, nada de colegas chatos de classe, nada de brincadeiras e falsidades. O mundo lá fora com suas regras incompreensíveis e ele deitado no sofá, bebendo muita coca-cola, comendo atum em caixinha e com livros de terror ao seu redor. Será Olivia, que chega de repente no porão com sua agressiva vitalidade, a tirar Lorenzo de seu universo sombrio, para que ele tire a máscara de adolescente complicado e aceite o jogo caótico da vida fora de quatro paredes. Dirigido por Bernardo Bertolucci.

Io e te:
O universo juvenil e seus conflitos. O jovem Lorenzo (Jacopo Antinori) se mostra antissocial, aproveitando uma chance e se escondendo por uma semana, na companhia de suas músicas (David Bowie e The Cure já dão um crédito a mais ao filme com suas músicas) e sua criação de formigas. Quando toda a turma da escola se prepara para uma excursão, Lorenzo vê a oportunidade de passar essa semana sozinho no porão do prédio onde mora, deixando sua mãe pensar que ele foi na excursão. No entanto, a meia-irmã Olivia (Tea Falco), de 25 anos, descobre o esconderijo e decide ficar com ele durante o período. Viciada em heroína e passando por uma forte crise de abstinência, Olivia é responsável por tirar o menino da sua zona de conforto e, assim, temos um grande filme que trata sobre convivência, expectativas e laços sanguíneos. Obrigados a conviver no cubículo, os dois começam a ensinar coisas um ao outro.
O diretor Bernardo Bertolucci tem fama de tratar a sexualidade em seus filmes, porém neste ele explora a questão com uma certa sutileza. Tímido e na puberdade, Lorenzo se comunica com a irmã mais através de olhares do que falando. A mãe de Lorenzo evita certa aproximação com o garoto, apesar de morarem juntos, e acaba que os meio irmãos - afastados por outras questões de família - vivem uma experiência única em apenas uma semana juntos. Bertolucci aproveita o espaço fechado para deixar um clima mais intimista em seu filme, e constrói a narrativa com base, essencialmente, na imagem. O porão acaba sendo o refúgio fechado ao mundo. Os transtornos que Olivia introduz na vida do rapaz levam a pequenas transformações na relação entre eles. Com Lorenzo, podemos sonhar em abstrair o mundo, em nos ocultar dos problemas que existem; com Olivia, vemos a importância de se arriscar e, com isto, algumas consequências que aparecem. Aqui a transcrição de uma fala de Olívia que casa com o título e outras questões do filme:

As fotos que você viu são parte de uma série chamada "Sou uma parede".
É uma metáfora.
Basicamente, sou eu me transformando naquela parede,
entrando no papel de parede, para dentro do gesso.
Como um lagarto...
Não como um lagarto.
Praticamente, eu queria me materializar.
Eu e você, se não tivéssemos um ponto de vista, seríamos iguais, não é?
Sim, sem um ponto de vista, deixaríamos de ser
sempre um contra o outro
e aceitaríamos a realidade como ela é, sem julgá-la.

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Fontes:

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Lembranças de um Verão (Hearts in Atlantis, 2001)

Eu indico
Hearts in Atlantis (EUA, 2001)

Após a morte de um amigo, Bob Garfield visita sua cidade quando era uma criança e começa a relembrar seu passado. Nessa época, quando tinha apenas 11 anos, apareceu em sua vida um senhor misterioso chamado Ted Brautigan. Entretanto, é com a amizade e atenção de Ted que Bobby aprende a ter uma outra visão de seu falecido pai, bem como as possibilidades que a vida lhe oferecia na época. Escrito por William Goldman e dirigido por Scott Hicks.

Corações na Atlântida:
Stephen King não somente escreve livros e contos de terror, mas também possui suas histórias dramáticas. Este filme tem como base dois contos do livro “Hearts in Atlantis”, os contos “Low Men in Yellow Coats” e “Heavenly Shades of Night are Falling”. A história tem suas pitadas de ficção e suspense, quando trata da questão da paranormalidade, mas é essencialmente um bom drama. Existem outros bons exemplos de filmes inspirados em suas obras, que não são de terror: “Conta Comigo” (“Stand by Me”, 1986), “À Espera de um Milagre” (“The Green Mile”, 1999) e meu preferido “Um Sonho de Liberdade” (“The Shawshank Redemption”, 1994). A amizade entre protagonistas é um tema em comum entre esses filmes, assim comum uma pequena dose de suspense ou ficção.
A amizade entre o garoto Bobby Garfield (Anton Yelchin) e um estranho senhor, Ted Brautigan (Anthony Hopkins), que chega à pacata cidade do primeiro, é a chave da trama. O garoto sente a falta de um pai que mal conheceu e isso fica mais forte quando sua mãe se preocupa com futilidades e somente com si mesma, enquanto que o personagem de Hopkins se mostra uma pessoa que teve uma infância sem muitos amigos, provavelmente por conta de seu dom que faz com que o governo fique à sua procura para se aproveitar dos “poderes” e combater comunistas (quase que uma lenda urbana da época, anos 60). A participação de Anthony Hopkins, como de costume, é um diferencial, tão bom que este parece mesmo não enxergar bem, e percebemos isso antes do personagem assumir que possui a visão prejudicada.
O garoto fica fascinado inicialmente com o aspecto enigmático de Ted, protegendo seu grande segredo, mas é o cuidado e as orientações do senhor que vão causar ao garoto uma verdadeira admiração, levando-o a perceber detalhes ao seu redor, principalmente nas questões pessoais. Ted dá a dica a Bobby para aproveitar aquele verão com seus inseparáveis amigos, a experimentar um verdadeiro amor de infância e a conhecer características boas de seu falecido pai. Também aprende a perdoar e a repassar a bondade, como visto nas últimas cenas, onde ele entrega à filha de Carol Gerber a foto da mãe da garota, ainda pequena, o que deve trazer sensações positivas da filha em relação à mãe que ela não deve ter conhecido bem. A atriz Mika Boorem interpreta mãe e filha.
Tudo se passa rapidamente pelas lembranças do bem-sucedido fotógrafo Bob (David Morse), quando visita sua antiga cidade. O diretor Scott Hicks mencionou que o “11″, marcado na janela de Bobby, significa que todas as lembranças se passaram em questão de segundos na mente do personagem adulto. Isso fica evidente por causa da condensação na janela que evapora. Esses detalhes especiais no filme são reflexo do roteiro escrito pelo veterano William Goldman, autor de roteiros consagrados como “Butch Cassidy” (1969), “Todos os Homens do Presidente” (1976) e “Chaplin” (1992). O monólogo de Anthony Hopkins sobre o jogador de futebol que retorna da aposentadoria é do romance Um Passe de Mágica (Magic), do próprio William Goldman, que também escreveu o roteiro da adaptação de seu romance, no qual Hopkins também foi protagonista.
Com uma dose de sensibilidade, o diretor Scott Hicks (do excelente “Shine: Brilhante”, de 1996), mostra a trajetória deste menino de 11 anos e a forma como ele projeta no carismático Ted a presença de um pai que mal conheceu. O filme também usa músicas consagradas dos anos 60, como “Only You”, “Smoke Gets in Your Eyes” e “The Twist”.

Às vezes, quando somos pequenos, temos momentos de tal alegria que achamos que estamos vivendo num lugar tão mágico como deve ter sido Atlântida… depois crescemos e os nossos corações se partem em dois.”

Eu não trocaria nem um minuto. Por nada nesse mundo.”

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Fontes: