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Distrito 9 (EUA / Nova Zelândia / África do Sul, 2009) |
Alguns anos atrás, os aliens
fizeram seu primeiro contato com a Terra. Humanos esperavam que a raça fosse
hostil e proporcionasse um ataque ao planeta. Ao invés disso, as criaturas acabam
refugiadas numa favela na África do Sul, o Distrito 9. Mas ao expandirem o seu
território, o governo começa a agir e contrata a MNU, uma empresa que tenta
controlar os alienígenas e mantê-los em campos de concentração.
D9:
Ao invés de revisitar a velha idéia
do extraterrestre que invade a Terra e, mais precisamente, os Estados Unidos, aqui
a nave-mãe alienígena paira sobre Johanesburgo, uma das maiores metrópoles da
África do Sul, como o próprio protagonista conta no início do filme: “Para
surpresa geral, a espaçonave não parou sobre Manhattan, Washington nem Chicago.
Ela veio parar diretamente sobre Joanesburgo.”. Outra inusitada façanha foi
passar boa parte do filme como um documentário, com a população local narrando
as desventuras de ter 2 milhões de ETs como vizinhos. O resultado é um grande
realismo nas cenas, mesmo com todas as criaturas aparecendo. A pós-produção foi feita pela equipe de Peter
Jackson com um orçamento de 30 milhões de dólares. O estreante diretor
sul-africano Neill Blomkamp pretendia na verdade dirigir o filme de Halo – um
famoso e premiado game de tiro em primeira pessoa lançado inicialmente em 2001
para o console Xbox. Quem conhece esse tipo de jogo vai perceber que no filme
Distrito 9 existem algumas cenas bem ao estilo Halo, com armas sofisticadas,
pessoas e criaturas explodindo.
Cenas de ação bem bacanas começam
a surgir antes que o filme fique cansativo, já que na primeira metade são
mostradas, em forma de pseudodocumentário, algumas entrevistas e a operação de transferência dos alienígenas do
distrito nove, um campo de refugiados na cidade sul-africana, criado há 20 anos
para abrigar os visitantes perdidos do espaço. Vamos acompanhando o personagem Wikus
van de Merwe, que é o encarregado dessa operação; por sinal, muito bem interpretado
pelo ator estreante Sharlto Copley, amigo de infância do diretor (ambos fizeram
a direção e produção do curta de 2005 Alive in Joburg, que deu origem ao
roteiro de Distrito 9). O estilo de pseudodocumentário com ficção passa a ser de
ação com ficção, mesmo ainda mantendo momentos com depoimentos rápidos e o uso de
câmeras de rua, visores de armas de longo alcance, noticiários, vídeo de
câmeras de vigilância etc. A partir daí temos explosões, armas extraterrestres
exóticas, fugas e cenas movimentadas que podem empolgar o público.
O filme foi indicado a quatro Oscar
em 2010 (Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhores Efeitos Visuais e
Melhor Edição). As indicações de melhor filme e roteiro adaptado são
conseqüência principalmente do caráter de crítica ao preconceito e segregação social.
O título e a premissa de District 9 foram inspiradas pelos acontecimentos que
tiveram lugar no District Six, na Cidade do Cabo, durante o apartheid. Afinal, mostra
os alienígenas pobres, favelados e em situação de miséria. Cartazes que proíbem
a aproximação de alienígenas estão espalhados pela região, e as pessoas
entrevistadas manifestam o seu repúdio pelas criaturas, batizadas pelo nome de
“camarões”, justamente pelo fato deste animal estar bem abaixo na cadeia
alimentar, além de ser conhecido por alimentar-se de lixo (uma comparação fiel
à forma de tratamento que a população dá aos aliens). Existe toda uma crítica à
imprensa, que é manipulada pela MNU e distorce os acontecimentos, quando mostra
por exemplo uma imagem manipulada de Wikus com um alienígena e insinua que ele
está infectado com uma exótica doença sexualmente transmissível e altamente
contagiosa. A própria MNU acaba sendo desmascarada como uma fachada para experimentos
ilegais com as criaturas, pois recebe imensos lucros para aprender a manipular as
armas encontradas na nave-mãe ou fabricar armas que tenham como matéria-prima
as defesas naturais dos alienígenas. Wikus acaba sendo um tipo de anti-herói
que despreza seu inimigo e de repente se vê forçado a se colocar no lugar dele.
Nada como fazer as pessoas provarem do próprio preconceito para que elas
percebam como antes eram preconceituosas.
Marketing criativo:
Uma campanha de marketing do filme começou
em 2008, na San Diego Comic-Con, enquanto o trailer surgiu em Julho de 2009. Em
entrevista, o diretor Blomkamp afirmou que a idéia era fazer o público sentir,
no começo, uma certa ojeriza pelos aliens, que eles parecessem insetos
nojentos, mas, ao longo da história, criar uma empatia por eles. Houve toda uma
pesada campanha publicitária em estilo realista, com cartazes espalhados por
cidades americanas pedindo para denunciar aliens e mantê-los à distância; havia
até um número para telefonar e uma secretária para atender e encaminhar a
denúncia. O site abaixo explica o que acontece:
Apesar do tom sinistro de
brincadeira, muitas das entrevistas vistas no filme são bem reais e falam de
uma África do Sul que vai além da relação mais óbvia com o apartheid. Blomkamp
entrevistou sul-africanos pobres sobre o que eles achavam dos "alienígenas
ilegais" (similar a "imigrantes ilegais"). Como não sabiam do
filme, os entrevistados soltavam o verbo contra os zimbabuanos que passaram a
imigrar em massa para a África do Sul nos últimos dez anos, fugidos da ditadura
de Robert Mugabe e povoando as favelas do país vizinho. Nada melhor do que
passar a história na áfrica, representando a guerra entre duas raças. O filme
também abre espaço para os grupos de direitos humanos, que chegam a defender os
aliens contra os abusos por parte dos “mercenários” da MNU.
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