Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Super Nada

Eu indico
Super Nada (Brasil, 2012)

São Paulo. Guto (Marat Descartes) é um artista de rua e aspirante a ator que sonha em um dia ser reconhecido pelo seu trabalho. Dedicado, ele pratica, se prepara e participa de todas as audições que pode, na espera de que um dia a sorte chegue. Ele admira Zeca (Jair Rodrigues), um comediante que trabalha na TV e é idolatrado por muita gente, apesar de estar com a carreira decadente. Os dois se encontram por acaso. O que será que o destino reserva para eles?

O super e o nada, o ator e o personagem:
Como é dito pelo personagem Zeca: “Não tá fácil pra ninguém”, a realidade de muitos atores pode não ser o que a maioria pensa. Neste filme, o personagem principal Guto, luta para sobreviver em São Paulo, mesmo com seu talento para atuação, com foco na comédia, e de todos os seus esforços. Guto faz o que de fato gosta, ele é apaixonado pela arte, pela comédia. Seu quarto é cheio de posters de comediantes brasileiros, como o Golias e o Zeca (do programa Super Nada, inventado para a compor a narrativa). Sua vida não é fácil, ele chega a fazer bico atuando nas ruas, às vezes em sinais de trânsito e em teatros que não parecem bem valorizados.
Super Nada é um programa que mostra situações cômicas, estrelado pelo Zeca, surpreendentemente bem interpretado pelo Jair Rodrigues. Quando Guto é chamado para um teste do programa "Super Nada", ele enxerga uma pequena chance de mudar seu rumo e entra em estado de satisfação por poder participar de um programa do qual é grande fã. E a partir daí o encontro dos dois atores vai permear a trajetória do filme e trazer conseqüências inesperadas. Juntos numa atuação bem sinérgica, eles agradam ao espectador, ao mesmo tempo em que nos confunde, considerando que são atores interpretando atores, em alguns momentos precisam interpretar a improvisação, e como estamos do lado de cá da telona, não sabemos o quanto de fato houve improviso nas cenas e o quanto foi encenação do improviso... Fantástico.
O roteiro satiriza um pouco a decadência da comédia brasileira, quando vemos no programa Super Nada um monte de bordões e piadas sem sentido (e sem graça ou criatividade). Vemos o mundo dos pequenos artistas, às vezes numa condição marginal. A situação é retratada com realismo e criatividade. O melhor de tudo, como alguns críticos já disseram, é que passa todas essas idéias sem caminhar no sentido da expectativa do público. Surpreende. Reflete sobre a arte e o envelhecimento dos artistas, ao mesmo tempo em que mexe com o ego humano de cada um.
Super Nada foi exibido no segundo dia do 40º Festival de Cinema de Gramado, na categoria de longa-metragem nacional. A excelente atuação de Marat Descartes garantiu ao mesmo o prêmio de melhor ator. O diretor, Rubens Rewald, ao ser entrevistado no final do evento, informou que o ator conseguiu ser, ao mesmo tempo, o tudo e o nada no filme, ajudando fortemente no resultado da obra. No filme, percebemos inclusive como a influência de questões emocionais pode influir na atuação de um artista, em algumas cenas onde o Guto está em conflito e não consegue fazer uma boa interpretação de cena. E daí fica mais difícil impulsionar a carreira e dar algum sentido à sua vida, além de precisar se sustentar, tendo que ser obrigado a ter ajuda financeira da mãe, que também fica cuidando da filha do personagem. Ego, humilhação, humanidade, temos tudo isso no personagem muito bem interpretado pelo Marat. O próprio personagem se surpreende ao conhecer melhor o Zeca, o Super Nada (ator no estilo malandro suburbano que conquista pela espontaneidade), quando ouve do mesmo a autoavaliação realista de que trata-se de um ator velho, de um programa decadente e sem graça.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2012-08-12/jair-rodrigues-rouba-a-cena-de-super-nada.html

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