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Eu indico |
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Super Nada (Brasil, 2012) |
São Paulo. Guto (Marat Descartes)
é um artista de rua e aspirante a ator que sonha em um dia ser reconhecido pelo
seu trabalho. Dedicado, ele pratica, se prepara e participa de todas as
audições que pode, na espera de que um dia a sorte chegue. Ele admira Zeca
(Jair Rodrigues), um comediante que trabalha na TV e é idolatrado por muita
gente, apesar de estar com a carreira decadente. Os dois se encontram por
acaso. O que será que o destino reserva para eles?
O super e o nada, o ator e o
personagem:
Como é dito pelo personagem Zeca:
“Não tá fácil pra ninguém”, a realidade de muitos atores pode não ser o que a
maioria pensa. Neste filme, o personagem principal Guto, luta para sobreviver em São Paulo, mesmo com seu
talento para atuação, com foco na comédia, e de todos os seus esforços. Guto
faz o que de fato gosta, ele é apaixonado pela arte, pela comédia. Seu quarto é
cheio de posters de comediantes brasileiros, como o Golias e o Zeca (do
programa Super Nada, inventado para a compor a narrativa). Sua vida não é
fácil, ele chega a fazer bico atuando nas ruas, às vezes em sinais de trânsito
e em teatros que não parecem bem valorizados.
Super Nada é um programa que
mostra situações cômicas, estrelado pelo Zeca, surpreendentemente bem interpretado
pelo Jair Rodrigues. Quando Guto é chamado para um teste do programa
"Super Nada", ele enxerga uma pequena chance de mudar seu rumo e
entra em estado de satisfação por poder participar de um programa do qual é
grande fã. E a partir daí o encontro dos dois atores vai permear a trajetória
do filme e trazer conseqüências inesperadas. Juntos numa atuação bem sinérgica,
eles agradam ao espectador, ao mesmo tempo em que nos confunde, considerando
que são atores interpretando atores, em alguns momentos precisam interpretar a
improvisação, e como estamos do lado de cá da telona, não sabemos o quanto de
fato houve improviso nas cenas e o quanto foi encenação do improviso... Fantástico.
O roteiro satiriza um pouco a
decadência da comédia brasileira, quando vemos no programa Super Nada um monte de
bordões e piadas sem sentido (e sem graça ou criatividade). Vemos o mundo dos pequenos artistas, às vezes numa
condição marginal. A situação é retratada com realismo e criatividade. O melhor
de tudo, como alguns críticos já disseram, é que passa todas essas idéias sem
caminhar no sentido da expectativa do público. Surpreende. Reflete sobre a arte
e o envelhecimento dos artistas, ao mesmo tempo em que mexe com o ego humano de
cada um.
Super Nada foi exibido no segundo
dia do 40º Festival de Cinema de Gramado, na categoria de longa-metragem
nacional. A excelente atuação de Marat Descartes garantiu ao mesmo o prêmio de
melhor ator. O diretor, Rubens Rewald, ao ser entrevistado no final do evento,
informou que o ator conseguiu ser, ao mesmo tempo, o tudo e o nada no filme, ajudando
fortemente no resultado da obra. No filme, percebemos inclusive como a
influência de questões emocionais pode influir na atuação de um artista, em
algumas cenas onde o Guto está em conflito e não consegue fazer uma boa
interpretação de cena. E daí fica mais difícil impulsionar a carreira e dar
algum sentido à sua vida, além de precisar se sustentar, tendo que ser obrigado
a ter ajuda financeira da mãe, que também fica cuidando da filha do personagem.
Ego, humilhação, humanidade, temos tudo isso no personagem muito bem
interpretado pelo Marat. O próprio personagem se surpreende ao conhecer melhor
o Zeca, o Super Nada (ator no estilo malandro suburbano que conquista pela
espontaneidade), quando ouve do mesmo a autoavaliação realista de que trata-se
de um ator velho, de um programa decadente e sem graça.
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2012-08-12/jair-rodrigues-rouba-a-cena-de-super-nada.html
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