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Eu indico |
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What Ever Happened to Baby Jane? (EUA, 1962) |
Bette Davis é Jane Hudson, uma
artista que alcançou a fama quando menina e ficou conhecida como "Baby
Jane". Agora envelhecida e distante do público há muitos anos, vive encerrada
em uma mansão com sua irmã, Blanche Hudson (Joan Crawford) desde um acidente
que selou a sorte de ambas, terminando a carreira brilhante de Blanche e acelerando
a decadência geral de Jane. Disposta a brilhar nos palcos novamente, Jane volta
à Baby Jane, passando por cima de tudo e de todos para atingir seu objetivo.
Mas o que houve?:
Um filme que começa com uma
pergunta. O que teria acontecido para a estrela mirim Baby Jane crescer e se
tornar amargurada e aparentemente maléfica? Na interpretação espetacular de
Bette Davis, estamos diante de um filme que me prendeu a atenção, com boas
cenas de suspense e certa agonia, que me recordaram um pouco o filme Louca
Obsessão (“Misery”, EUA, 1990), mais um bom suspense com excelente
interpretação de Kathy Bates (uma de minhas atrizes favoritas).
O diretor Robert Aldrich reproduziu
com competência toda a atmosfera do “calvário” de Blanche sob a guarda de sua
irmã insana, Jane. Desde criança, Jane mostrara-se mimada e incapaz de lidar
com decepções, rejeições e de ser coadjuvante naquela família. Quando mais
velha, embriagada, Jane atropela Blanche e a coloca em uma cadeira de rodas acabando
definitivamente com seus sonhos de estrelato no cinema. Talvez pelo sentimento
de culpa, ou por falta de opções, ela cuida e envelhece junto com a irmã. Só
que Jane acaba caindo em decadência no estrelato e, talvez por isso, dedica
seus dias a atormentar a indefesa irmã aprisionada no segundo andar (irmã esta
que ainda é bem lembrada pelos fãs). Apesar de ser difícil deixar de julgar
negativamente a insana Jane, não sabemos se seu comportamento é conseqüência de
sua decadência como atriz, de sua velhice e os problemas mentais que vem com
isso, de sua amargura por ter que cuidar da irmã ou até por pura maldade. Bette
Davis abraça a personalidade de Jane mais velha, arrastando propositadamente os
pés no assoalho e irritando com a sua estridente risada, mas não
necessariamente provoca ódio no espectador, pois em alguns momentos podemos
sentir até pena da mesma.
As atuações de Bette Davis e Joan
Crawford são elementos fundamentais para sustentar a narrativa, sem deixar de
mencionar a atuação de Victor Buono como o pianista fracassado Edwin (indicado
ao Oscar como ator coadjuvante). Interessante que as duas atrizes, famosas
também por serem grandes inimigas nos bastidores, neste filme duelam nas telas
(tanto em atuação em si, quanto no fato de encarnar personagens que brigam
entre si).
Joan Crawford, por outro lado, no
pele de Blanche, está presa e obrigada a reagir com pavor às ofensas da irmã e quase
implorando piedade. Disto, sente-se a dor de Blanche não pelo sofrimento e
olheiras fundas, mas pelas ações desproporcionais de Jane. Um filme que
surpreende, até porque não necessariamente as coisas são o que parecem. Afinal,
o que terá acontecido a Baby Jane?
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