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Eu indico |
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The Agony and the Ecstasy (EUA, 1965) |
Preocupado com o legado que
deixaria para as gerações futuras, o Papa Júlio II (Rex Harrison) resolve
contratar o artista Michelangelo (Charlton Heston) para pintar o teto da Capela
Sistina. O artista se nega, mas logo é forçado pelo pontífice a fazê-lo. A
partir daí, começam as disputas entre Michelangelo e o papa à respeito do
projeto. Dirigido por Carol Reed.
Arte e religião:
Baseado no best-seller de Irving
Stone, ambientado no início do Século XVI, tendo como foco o processo de
criação de uma das maiores obras-primas do mundo, as pinturas no teto da Capela
Sistina, que foram concebidas pelo trabalho complexo de Michelangelo, entre
1508 e 1512, e que transformaram a vida deste artista, o diretor Carol Reed nos
dá uma boa visão do processo, com a câmera se posicionando em diferentes
ângulos, do chão para o alto mostrando o ponto de vista de quem visitava a
capela, assim como no alto dos andaimes onde o artista passou quatro anos
pendurado.
Contemplamos a pressão sofrida
pela constante cobrança do papa, contra a técnica detalhada do pintor que
precisava de tempo e inspiração para concluir tamanha obra e, também, contra o
tempo que era ameaçado pela guerra que ocorria. Júlio II, conhecido como o Papa
Guerreiro, valorizada a arte e também participava como um combatente líder nas batalhas.
Os conflitos e diálogos entre o famoso pintor Michelangelo, que se apresenta
como uma pessoa que não só tem paixão pela arte, assim como pela religião, com
pensamentos que superavam os costumes e preconceitos da época, com este outro marcante
personagem, o papa Júlio II, que contrata o artista para pintar o teto da
Capela Cistina como uma forma de fortalecer a igreja, vão garantir uma riqueza
fascinante, explorando os conflitos éticos e morais da época. Com fortes
personalidades e boas interpretações de Charlton Heston (como Michelangelo) e
Rex Harrison (papa Júlio II), o filme é essencial, principalmente para quem
gosta da história do renascimento.
O projeto se torna uma batalha de
vontades alimentada pelas diferenças artísticas e de temperamento dos
personagens, que por incrível que pareça desenvolvem um respeito e amizade entre
si. Questionando o verdadeiro sentido do reino dos céus, as pinturas vão representar
todo o livro Gênesis da Bíblia Sagrada, da forma como Michelangelo o enxergava.
A Criação de Adão, um afresco de 280 cm x 570 cm, representa o momento no qual
Deus cria o primeiro homem. Deus é representado como um ancião barbudo envolto
em um manto que divide com alguns anjos. Seu braço esquerdo está abraçado a uma
figura feminina, Eva. O braço direito está esticado para criar o poder da vida
de seu próprio dedo para Adão, o qual está com o braço estendido para seu
criador. Os dedos de Adão e de Deus estão separados por uma pequena distância,
representando que existe uma liberdade, o livre arbítrio, entre Deus e os
homens.
O pintor Rafael, um dos mestres
do Renascimento, aparece no filme para enaltecer a capacidade de Michelangelo,
quando se recusa a substituir o mesmo mostrando que intervir na obra de outro
artista, quanto mais aquele, não seria ético.
O filme foi indicado ao Oscar de
direção de arte, fotografia, figurino, música original e som, embora não tenha
faturado nenhum dos prêmios.
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Fontes: