|
Eu indico |
|
They Shoot Horses, Don't They? (EUA, 1969) |
Em 1929,
em plena depressão americana, uma desumana maratona de dança
premiava o casal que resistisse por mais tempo na pista, mesmo que
isso representasse a morte para o vencedor. Dirigido por Sydney
Pollack.
Assim
como cavalos:
Um concurso de dança se aproveita do desespero das
pessoas para ganhar publicidade, sendo palco para mostrar o quanto
alguém pode se sujeitar a qualquer sofrimento para ganhar alguma
coisa. Estamos no final da década de 20, com as consequências da
grande depressão pós queda da Bolsa de Nova York, onde de fato
esses concursos existiam e atraíam milhares de pessoas necessitadas.
Baseado
no livro de Horace McCoy, o filme mostra esse concurso que oferece um prêmio de 1.500 dólares somente para o
casal que conseguir ficar mais tempo dançando. A maratona é
desesperadora: a cada duas horas sem parar, dez minutos de descanso
em acomodações desumanas onde o encosto é outra pessoa. Se alguém
cai, tem dez segundos para levantar, como se fosse uma contagem do
boxe. Como se já não bastasse, existe uma corrida de dez minutos,
em volta de um círculo, onde os últimos três casais a cruzar a
linha de chegada são desclassificados. Em uma dessas cenas da
corrida, contemplamos em câmera lenta o desespero e empenho dos
casais, retratando, junto com o resto da trama, uma sociedade em
crise, onde pessoas se permitem uma absurda condição, numa desumana
maratona de dança.
Em sua
maioria vencidos pelo cansaço e pela dor, suas vidas não valem mais
do que um cavalo ferido em acidente. Daí o curioso título original
"They Shoot Horses, Don't They?" (“Eles atiram em cavalos, não é mesmo?”), uma referência ao ato
de sacrificar o animal ferido para que ele não sofra mais, o que
cabe como metáfora perfeita para este filme. E a plateia se diverte,
torce, adota ídolos, aposta, como se os participantes fossem cavalos
numa corrida. Até o expectador pode acabar entrando na torcida,
principalmente pelo casal protagonista, Gloria (Jane Fonda) e Robert
(Michael Sarrazin), nem que torça para que eles consigam,
milagrosamente, sair bem dessa situação, até porque eles não tem
perspectiva alguma no mundo lá fora.
A fome,
miséria e desemprego atrai uma fila de pessoas querendo participar
do concurso insano, pelo prêmio ou pelas refeições diárias.
Alguns parecem estar sem rumo na vida e acabam entrando na
competição. É a oportunidade de lidar com diversos personagens e
fazer uma análise da sociedade da época, tanto os afetados pela
depressão, quanto a minoria que está ali para assistir e se
divertir. O destaque de atuação fica para o vencedor do Oscar de
Melhor Ator Coadjuvante, por este filme, Gig Young, que interpreta o showman
do concurso, um personagem feito para ser odiado, apesar de que, em
alguns momentos, consegue ser humanizado. Com isto, a condução do
diretor Sydney Pollack resultou na
indicação
de 9 Oscar, este que também já foi
produtor e ator, e faleceu aos 73 anos em 2008.
__________________________________
Fontes: