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Eu indico |
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Isolados (Brasil, 2014) |
O
psiquiatra Lauro (Bruno Gagliasso) e sua namorada, Renata (Regiane
Alves), decidem passar férias em uma casa isolada na serra, porém o
que parecia ser uma época de paz e sossego, acaba se tornando um
pesadelo, quando uma sequência de ataques violentos na região se
aproxima cada vez mais do casal. Dirigido por Tomas Portella.
Suspense nacional de qualidade:
Historicamente,
o cinema nacional deixa a desejar no gênero suspense. Talvez por
conta disso é que este filme tenha se destacado quando apareceu na
42ª edição do Festival de Gramado, abrindo a programação do
evento. Outrossim, estamos num ano onde o suspense e o terror não
passaram muito bem pelas salas de cinema, já que as produções
lançadas em 2014 foram muito fracas; dessa forma, este filme pode
ser considerado a melhor opção. Sendo um filme nacional, ajuda a
mudar uma imagem de que este gênero, por aqui, nunca foi destaque.
De fato,
mesmo comparando com produções internacionais, este filme
brasileiro é um bom suspense. O diretor Tomas Portella soube
introduzir rapidamente, nas sequências iniciais, toda a atmosfera
misteriosa necessária para demonstrar o que viria pela frente, e
isso é suspense de verdade, suspense psicológico. O cenário das
florestas de Teresópolis ajuda a contextualizar a problemática pela
qual a região passa quando assassinos insanos entram em ação. A
cena inicial já é forte o suficiente para ganhar a atenção do
público amante do gênero. O mistério vai sendo relevado aos poucos,
as informações sobre os assassinos, os quais o diretor insiste em
esconder os rostos, surgem a partir de depoimentos de personagens
secundários. A fotografia usa as sombras das árvores e casas do
vilarejo, mais ainda do casarão onde o casal Bruno Gagliasso e
Regiane Alves vão ficar, isolados, com o objetivo de melhorar a
relação. A casa, cheia de buracos nas paredes com vidros e luzes
coloridas, pouca iluminação, ajuda a aumentar a tensão e o
suspense. Podemos também nos preparar para um final interessante e,
para muitos, surpreendente. A ameaça que vem do lado de fora da
casa, rodeada pela mata com seus barulhos sempre curiosos e
sinistros, vai marcar os melhores momentos do filme.
Este
também é o último trabalho do grande ator José Wilker, no cinema.
Ele faleceu em abril deste ano de 2014. No final do filme, uma frase
“in memorian”, escrita por Wilker, é apresentada. Na verdade ela
faz parte de uma matéria escrita por ele, em 2001, que contém um
dos melhores depoimentos sobre o cinema que eu já li. Então,
reproduzindo:
“Orson
Welles, provavelmente mentindo, afirma que na verdade: 'um filme,
além de morto, não está nem muito fresco. Vem numa luta. Fazer um
filme leva tempo. O filme que estreia na semana que vem é do ano
passado'. É um fato. Mas nós, que nos sentamos no escuro para seu
velório, sempre o ressuscitamos. E quando isso acontece, que bela
eternidade ele nos dá para o que sobrar do dia. Experimente. Pegue
uma lanterna, uma lente e projete um fotograma na parede. O resto é
the end.”
(José
Wilker).
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Fontes:
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