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Eu indico |
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Mommy (Canadá, 2014) |
Canadá,
ano de 2015. Diane Després (Anne Dorval) é surpreendida com a
notícia de que seu filho, Steve (Antoine-Olivier Pilon), foi expulso
do reformatório onde vive por ter incendiado a cafeteria local e,
com isso, provocado queimaduras de terceiro grau em um garoto. Os
dois voltam a morar juntos, mas Diane enfrenta dificuldades devido à
hiperatividade de Steve, que muitas vezes o torna agressivo. Os dois
apenas conseguem encontrar um certo equilíbrio quando a vizinha Kyla
(Suzanne Clément) entra na vida de ambos. Dirigido por Xavier Dolan.
Wonderwall:
Se eu pudesse decidir pelos indicados ao próximo Oscar
de filme estrangeiro, com certeza este estaria na frente. Premiado
pelo júri no último Festival de Cannes, o jovem diretor Xavier
Dolan, com 25 anos de idade, assume a direção, roteiro, produção,
edição e cuida do figurino, com uma temática séria e realista, e
ainda introduzindo certa ficção, já que o filme se passa num
futuro próximo, só que bem próximo (em 2015), no qual a lei
canadense permite que os pais, em caso de problemas com os filhos,
possam livremente interná-los em hospitais públicos, sem
burocracia. Essa é a premissa para mostrar a conturbada relação de
Diane Després (Anne Dorval), mãe solteira, com seu filho Steve
(Antoine-Olivier Pilon), este último com forte distúrbio
comportamental, denominado TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção
com Hiperatividade), um personagem que vai nos preocupar e até nos
divertir. A relação entre eles começa a melhorar quando conhecem a
vizinha, professora, Kyla (Suzanne Clément) que, apesar de dar um
equilíbrio aos dois, não consegue um equilíbrio dentro da própria
casa. Sabemos que a lei está vigente e acompanhamos a relação
entre mãe e filho, então o expectador atento vai ficar na
expectativa sobre as decisões da mãe.
As interpretações realistas e intensas dos três
atores principais é um ponto alto do filme, mas existe uma
particularidade neste que, além de original, ficou muito bem
encaixada na proposta: o formato de tela. Expectadores desatentos ou
pouco informados vão reclamar de alguma falha na projeção (ocorreu
na sessão de cinema na qual estive). O diretor decidiu utilizar o
formato 1:1, tela quadrada, quando estamos acostumados com a tela
retangular. Dessa forma, podemos nos sentir um pouco desconfortáveis,
com sensação de aperto, entretanto esse artifício foi proposital,
é só assistir para conferir (para quem precisar, ou não tiver a
oportunidade de assistir, confira o SPOILER sobre a tela, mais
abaixo).
A trilha sonora, passando por Dido, Oasis, Counting Crows e
Beck, é fantástica, ainda mais quando aparece “On Ne Change Pas”
(“Nós Não Mudamos”, cantada por Celine Dion) interpretada numa
cena pelos três personagens, de forma divertida, em seu ambiente
particular, esquecendo o resto do mundo que, como dito por Diane
Després, é um mundo com pouca esperança e expectativas ruins.
A
tela e a música “Wonderwall” do Oasis - SPOILER:
O formato da tela muda no decorrer da história, em
momentos diferentes, representando a sensação de liberdade,
felicidade ou leveza que os personagens sentem naquele instante.
Particularmente, a primeira cena na qual a tela estica é fenomenal,
até porque ocorre ao som de “Wonderwall” do Oasis, umas das
minhas músicas preferidas. A forma como a tela abre é como se fosse
forçada pelo personagem Steve, quando este abre os braços
“empurrando” a imagem da tela. Para personagens que possuem uma
difícil realidade, a tela abre em momentos de grandes esperanças,
sonhos e melhores expectativas. Bem original e no momento certo,
gerando uma sensação de agradável surpresa em expectadores
apaixonados.
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Fontes: