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Eu indico |
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Mãe só há uma (Brasil, 2016) |
Ao
16 anos, Pierre descobre que sua mãe não é biológica, quando a
mesma é presa pela polícia. Confuso e tendo que morar com seus
parentes verdadeiros, que o conhecem como Felipe, o rapaz tem que se
adaptar à nova realidade.
Dirigido por Anna
Muylaert.
Não
me chame de filho!
Exibido no Festival de Berlim, esse filme, da mesma
diretora de “Que horas ela volta?” (2015), parte de um caso
verídico, “o caso Pedrinho”, que passou no noticiário nacional
na década de 1990. O famoso sequestro do menino Pedrinho ocorreu em
Brasília, em 1986. O filme vai além, quando acrescenta, a essa
premissa, um drama bem elaborado, que fala sobre aceitar o outro,
assumir e expor a própria identidade e, principalmente, sobre os
laços fraternais que unem uma família.
A lei determina que o garoto passe a morar com a família
biológica e temos uma assistente social no meio do processo. A atriz
Dani Nefussi (de Bicho de Sete Cabeças, 2001) interpreta dois
personagens, a mãe criminosa e a biológica. Eu mesmo não havia
percebido se tratar da mesma atriz.
Ao descobrir ter sido sequestrado quando bebê, Pierre
vai passar por momentos difíceis e, aos poucos, revela sua angústia,
às vezes de forma repentinamente agressiva. Lá fora, o filme foi
intitulado “Don't Call Me Son!”, que significa “Não me chame
de filho!”. Assim temos um drama familiar girando em torno dessa
mudança. Com a habilidade da diretora Anna Muylaert, o resultado é
incrível e consegue nos fazer entender o sentimento de todos os
personagens que são afetados por esse fato. Afinal, até os pais têm
dificuldade, apesar da felicidade com esse reencontro quase
impossível, de encarar os gostos e comportamento do filho que
retornou. Assim como o irmão mais novo e a ex-irmã. As emoções
levam a conflitos, mas também a nova realidade acaba sendo uma
oportunidade do garoto assumir e expor a sua própria identidade.
Protagonizado pelo estreante Naomi Nero, que está ótimo
no papel de um adolescente que não obedece às convenções
tradicionais da sociedade, mas que, diante de uma situação como
essa, vai reagir como uma pessoa normal. Ele pensa em investir na sua
banda, pinta as unhas, transa com meninas e beija garotos, ainda usa
lingerie e gosta de se maquiar. É uma figura bem exótica, que ainda
precisa esconder certos comportamentos.
O clímax é sensacional e reforça algo importante do
filme, que é a questão da fraternidade, deixando uma mensagem muito
boa. Mas pode ser interpretado como deficiente em relação à falta
de um fechamento da trama, já que termina de maneira um pouco
repentina. É uma estratégia já vista em outros filmes, para passar
um recado junto com a ideia de que a vida continua, com seus momentos
bons e ruins. Na minha opinião, o desfecho não poderia ser melhor.
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Fontes: