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Eu indico |
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American Honey (EUA, 2016) |
Uma
adolescente de espírito livre foge de casa e parte numa viagem ao
longo dos Estados Unidos. Para sobreviver, a jovem vende assinaturas
de revistas, enquanto curte festas, se apaixona pela primeira vez e
também acaba se envolvendo
em crimes. Dirigido por Andrea Arnold.
Doçura
americana:
Este é um roadmovie onde jovens percorrem juntos as
estradas, desde o Oklahoma e atravessando o Meio-Oeste dos EUA, em
busca de uma estabilidade. Sasha Lane, agora com 21 anos, atua pela
primeira vez neste filme e já como protagonista. Na trama, a jovem
exótica, que diz se chamar Star, estava procurando restos de comida
em lixões e acaba saindo dessa vida depois de ser convidada pelo
personagem de Shia LaBeouf – espécie de caçador de talentos –
para embarcar numa viagem com outros jovens a fim de ganhar a vida
vendendo assinaturas de revistas. Jovens que largaram os estudos ou não tiveram oportunidades
e viram neste negócio a chance de conseguir uma estabilidade mínima.
É claro que essa estabilidade não se sustenta e alguns
deles, como os dois personagens principais, interpretados pela Sasha
Lane e pelo conhecido Shia LaBeouf, percebem isso depois de um tempo
e procuram dar o seu jeito com uma visão de futuro, não seguindo à
risca todas as regras às quais são impostos, o que já é um
argumento bom para mostrar essa luta contra um sistema capitalista e
difícil. Os jovens dessa equipe rejeitam as estruturas capitalistas
da sociedade, entretanto estão submetidos a esse sistema e acabam
apresentando comportamentos controversos. Eles percorrem subúrbios e
bairros ricos para oferecer assinaturas de porta em porta, o que leva
a cenas bem interessantes. Eles dormem em hotéis baratos de beira de
estrada e até conseguem se divertir em farras noturnas com os outros
integrantes de sua tribo. Enfim, formam uma família que praticamente
substitui suas famílias verdadeiras que foram deixadas por eles ou
os abandonaram.
É
um
filme longo,
quase
três horas de
duração,
mas
vale muto a pena pois a história é bem contada e com bons atores,
além de apresentar uma fotografia bacana por conta do visual das
estradas e arredores. Capturou muito bem essa realidade e a violência
e volatilidade presente
no dia a dia desses vendedores
itinerantes. A
cineasta inglesa Andrea Arnold informou numa entrevista: “Foi
essencialmente isso o que me atraiu: a ideia de que todos esses
jovens vindos de todo lugar tinham vida difícil. Acho que não é
tanto que eles vendam assinaturas de revistas – eles se vendem, se
bem que eles não pensem nesses termos, acredito.”. Os atores
tiveram que viajar mesmo, junto com seus personagens neste percurso,
para vários lugares e acabaram criando um elo entre si, fora dos
bastidores. Inclusive houve um relacionamento entre os atores
principais, Sasha Lane e Shia LaBeoufassim, como houve entre seus personagens. Andrea Arnold
nunca revelava o próximo destino da viagem aos atores. Enquanto
escreveu o filme, percorreu o país encontrando equipes de vendedores
de assinaturas e acabou conhecendo uma jovem que entrou para uma
dessas equipes assim que saiu da prisão e foi estuprada três vezes.
No
Festival de Cannes 2016, concorreu à Palma de Ouro e venceu os
prêmios do Júri e ainda Menção Especial do Júri. American Honey
é o nome de uma música da banda Lady Antebellum, que pode ter sido
escolhida para representar a personagem principal e toda essa
atmosfera dos jovens que possuem uma alma libertina e caem nas
estradas da vida em busca de melhores condições.
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Fontes: