Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Isolados (Brasil, 2014)

Eu indico
Isolados (Brasil, 2014)

O psiquiatra Lauro (Bruno Gagliasso) e sua namorada, Renata (Regiane Alves), decidem passar férias em uma casa isolada na serra, porém o que parecia ser uma época de paz e sossego, acaba se tornando um pesadelo, quando uma sequência de ataques violentos na região se aproxima cada vez mais do casal. Dirigido por Tomas Portella.

Suspense nacional de qualidade:
Historicamente, o cinema nacional deixa a desejar no gênero suspense. Talvez por conta disso é que este filme tenha se destacado quando apareceu na 42ª edição do Festival de Gramado, abrindo a programação do evento. Outrossim, estamos num ano onde o suspense e o terror não passaram muito bem pelas salas de cinema, já que as produções lançadas em 2014 foram muito fracas; dessa forma, este filme pode ser considerado a melhor opção. Sendo um filme nacional, ajuda a mudar uma imagem de que este gênero, por aqui, nunca foi destaque.
De fato, mesmo comparando com produções internacionais, este filme brasileiro é um bom suspense. O diretor Tomas Portella soube introduzir rapidamente, nas sequências iniciais, toda a atmosfera misteriosa necessária para demonstrar o que viria pela frente, e isso é suspense de verdade, suspense psicológico. O cenário das florestas de Teresópolis ajuda a contextualizar a problemática pela qual a região passa quando assassinos insanos entram em ação. A cena inicial já é forte o suficiente para ganhar a atenção do público amante do gênero. O mistério vai sendo relevado aos poucos, as informações sobre os assassinos, os quais o diretor insiste em esconder os rostos, surgem a partir de depoimentos de personagens secundários. A fotografia usa as sombras das árvores e casas do vilarejo, mais ainda do casarão onde o casal Bruno Gagliasso e Regiane Alves vão ficar, isolados, com o objetivo de melhorar a relação. A casa, cheia de buracos nas paredes com vidros e luzes coloridas, pouca iluminação, ajuda a aumentar a tensão e o suspense. Podemos também nos preparar para um final interessante e, para muitos, surpreendente. A ameaça que vem do lado de fora da casa, rodeada pela mata com seus barulhos sempre curiosos e sinistros, vai marcar os melhores momentos do filme.
Este também é o último trabalho do grande ator José Wilker, no cinema. Ele faleceu em abril deste ano de 2014. No final do filme, uma frase “in memorian”, escrita por Wilker, é apresentada. Na verdade ela faz parte de uma matéria escrita por ele, em 2001, que contém um dos melhores depoimentos sobre o cinema que eu já li. Então, reproduzindo:

“Orson Welles, provavelmente mentindo, afirma que na verdade: 'um filme, além de morto, não está nem muito fresco. Vem numa luta. Fazer um filme leva tempo. O filme que estreia na semana que vem é do ano passado'. É um fato. Mas nós, que nos sentamos no escuro para seu velório, sempre o ressuscitamos. E quando isso acontece, que bela eternidade ele nos dá para o que sobrar do dia. Experimente. Pegue uma lanterna, uma lente e projete um fotograma na parede. O resto é the end.”
(José Wilker).

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Fontes:

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