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O Castelo Animado (Japão, 2004) |
Trata-se de uma animação do
diretor japonês Hayao Miyazaki, onde a principal personagem,
Sophie, é enfeitiçada por uma Bruxa que transforma-a numa velha senhora. Sem
muitas opções, ela acaba tendo que sair de casa em busca de uma forma de
quebrar essa maldição. Até então, ela possuía uma vida simples trabalhando numa
chapelaria da família, e não dava muita importância ao magnífico castelo
enfeitiçado de Howl, uma geringonça ambulante que volta e meia passava andando
pelas localidades interioranas ao redor da cidade. Sabendo que a região tem
fama de possuir feiticeiros e bruxas, ela inicia sua jornada por uma trilha
pelas montanhas, onde acaba se encontrando com o castelo e se tornando a
faxineira deste. Paralelo à sua jornada, o mundo está em guerra e Howl é
convocado para lutar por seu rei, mas Howl é um feiticeiro rebelde e não se
deixa facilmente ser arrastado para a guerra. A história é baseada no livro Howl's Moving Castle, um romance de
fantasia da escritora britânica Diana Wynne Jones.
A mensagem – UM POUCO DE SPOILER:
A grande mensagem deste longa é
um apelo às guerras. De forma criativa, com personagens divertidos e carismáticos,
alguns bem surreais (por estarem enfeitiçados) e com uma história humorada, o
diretor insere em momentos oportunos diálogos e cenas para mostrar esse lado
sombrio da guerra, variando entre o lado infantil e o lado adulto. A animação
japonesa foi desenhada – em sua maior parte - da forma tradicional e possui um
realismo fantástico e um tema adulto, algumas cenas de bombardeio lembram a
Segunda Guerra Mundial. Acompanha uma trilha sonora branda na maior parte do
filme, que simplesmente deixa de tocar justamente nas cenas de guerra. Perceba
que, no final das contas, parece não existir um personagem que seja o grande
vilão, nem a própria Bruxa que enfeitiça Sophie, nem a antiga mestra de Howl, Madame
Suliman, que tenta convencê-lo a participar da guerra. O vilão é a própria
guerra em si, sem motivos justificáveis para acontecer. Aliás, essa questão de
não existir um personagem totalmenete malvado (um vilão), é uma característica
marcante nas histórias de Hayao Miyazaki. Não devemos esquecer das lições
embutidas também na parte fantástica da trama, com toda a aventura vivida pelos
personagens. Veja que não fica claro como o feitiço da Bruxa sobre Sofie é
quebrado (até porque a Bruxa fica gagá), mas tende a mostrar que tem uma
relação com os sentimentos e o amadurecimento da personagem, em muitos momentos
ela volta a ser como antes quando está mais decidida, ou quando está
apaixonada.
Personagens criativos:
Cada personagem foi criado e
desenvolvido com características únicas, diferente de muitos filmes que mostram
personagens vazios e sem propósito. Entre eles, um cão asmático, um garotinho que
cuida do castelo (o aprendiz Markl), um demônio em forma de fogo que controla o
castelo (Calcifer) e um espantalho enfeitiçado (Cabeça de Nabo) que sempre ajuda a
Sofie e terá um papel crucial na história. Todos vão mostrar o seu lado
humano e terão um propósito no filme.
Hayao Miyazaki - escritor, diretor e ilustrador:
A computação gráfica foi
utilizada neste filme apenas em alguma cenas, a maior parte foi desenhada da
forma tradicional, manualmente e pelo próprio diretor japonês, que hoje possui
70 anos. Ele também é responsável por vários longas animados e muito
interessantes, inclusive o vencedor do Oscar de melhor animação em 2001, A Viagem de Chihiro.
Vou listar aqui outros que gostei: Princesa Mononoke (1997), Meu amigo Totoro
(1988) e Laputa: The Castle in the Sky (1986). Miyazaki se dedica a escrever e
dirigir longas-metragens, algumas vezes também como desenhista, e durante 12
anos escreveu e desenhou o mangá Kaze no Tani no Naushika, que deu origem
ao filme animado Nausicaä do Vale do Vento (1984).
Indicado ao Oscar:
O Castelo Animado foi indicado ao
Oscar de melhor animação em 2006, sendo que em 2003 o longa Spirited Away - A
viagem de Chihiro, do mesmo diretor, faturou o Oscar na mesma categoria.
Assisti às outras animações que concorreram em 2006, inclusive ao excelente Wallace
& Gromit: A batalha dos vegetais, mas o considero inferior ao filme de Miyazaki.
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Fontes: