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A Chave de Sarah (França, 2010) |
Durante a ocupação alemã na
França em 1942, Sarah Starzynski (Mélusine Mayance) é uma pequena judia que
vive em Paris com os pais (Natasha Mashkevich e Arben Bajraktaraj) e o irmão
caçula Michel (Paul Mercier). Eles são expulsos do apartamento em que vivem por
soldados nazistas, que os levam até um campo de concentração. Na intenção de
salvar Michel, Sarah o tranca dentro de um armário escondido na parede de seu
quarto e pede que ele não saia de lá até que ela retorne. A situação faz com
que Sarah tente a todo custo retornar para casa, no intuito de salvá-lo.
Décadas depois, a jornalista Julia Jarmond (Kristin Scott Thomas) é encarregada
de preparar uma reportagem sobre o período em que Paris esteve dominada
pelos nazistas. Ao investigar sobre o assunto, encontra um elo entre sua
família e a história de Sarah.
Fato histórico que incomoda os
franceses:
Pouco foi divulgado a respeito
deste episódio de perseguição antissemita na França - a tragédia do Velódromo
de Inverno, ocorrida em julho de 1942, quando cerca de 13.000 judeus franceses
- homens, mulheres e crianças - foram arrancados de suas casas e até um campo
de concentração. O filme mostra os acontecimentos com detalhes, inclusive vemos
a passagem temporária dos judeus pelo velódromo, sem comida, com pouca água e
sob assustadoras condições higiênicas. A narrativa introduz, de forma
inesperada, novos personagens a medida que o destino de Sarah e da jornalista
Julia vai se revelando, sendo interessante que ambas estão em duas épocas
diferentes e as cenas vão se revezando, uma estratégia usual mas que ficou bem
montada neste filme.
Descobrimos aos poucos, junto com
Julia, o destino de Sarah e sua família, com um certo suspense em relação ao
garoto preso no armário (instigando a curiosidade do espectador sobre como será
o destino dele), num clima e contexto de um período que a França certamente
preferia esquecer, mas sobre o qual o próprio presidente Jacques Chirac rompeu
o silêncio, num discurso de julho de 1995.
A chave - SPOILER:
Interessante que as cenas com a
Sarah já adulta são poucas e o diretor usou cenas soltas e curtas, além de
fotos, dando mais ênfase a Sarah quando criança, bem interpretada pela Mélusine
Mayance. Além disso, temos um filme que não apelou para trilhas sonoras,
deixando as cenas mais sérias, a maioria somente com o som do ambiente.
Temos uma fotografia bem feita,
como por exemplo numa cena – a do velódromo – onde a câmera, numa tomada de
cima, vai mostrando o panorama das pessoas na arquibancada desconfortável e
cheia de sujeira (um enxugando o próprio suor, outro rezando, outros dormindo) em
meio a bagunça de pertences pessoais e lixo espalhados por todo canto; a câmera
só dá uma parada quando mostra Sarah e os pais, e depois vai baixando
lentamente para se aproximar deles.
Numa outra cena bem dirigida, no
campo de concentração, vemos pessoas correndo de um lado para o outro, mães
desesperadas resistindo ao fato de que os soldados estão separado-as de seus
filhos, jatos de água utilizados para afastar as pessoas, e Sarah engatinhando
pelo chão à procura da chave que caiu de sua mão durante a confusão. Em outra
cena, a garotinha consegue escapar do campo de concentração e está correndo com
outra fugitiva num lindo campo aberto, passando por uma floresta até um lago
(nesta temos o bom uso de trilha sonora); o contraste do cenário do campo de
concentração com o cenário da paisagem do campo e da floresta dão uma aliviada
no espectador (as garotinhas chegam a parar para se refrescar no lago,
ignorando o fato de que este não está limpo).
Há uma importância grande na
insistência da jornalista Julia, após apurar os fatos históricos, em encontrar
a Sarah adulta. A experiência de uma jornalista investigativa, alinhada com sua
intuição feminina, de decidir simplesmente procurar algo que a princípio pode
não fazer muito sentido e não dar em nada, mas que ela sabe que precisa buscar.
E assim temos um bonito desfecho, onde depois de tantas voltas ela acaba quase
que por acaso transformando e dando mais sentido à vida de outra pessoa.
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Muito bom. principalmente a atuação da pequena Sarah tentando a todo custo sobreviver por unico motivo:salvar o irmão. Um filme que conduz absurdamente bem uma narrativa sobre um tema tão triste e forte merece, no minimo, nossa atenção.
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