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L'Apollonide: Souvenirs de la Maison Close (França, 2011) |
Início do século XX: o bordel
L’Apollonide está vivendo seus últimos dias. Neste mundo fechado, onde alguns
homens se apaixonam e outros se tornam viciosamente dependentes, as garotas
dividem seus segredos, seus medos e suas dores.
Tolerância:
O filme nos dá a oportunidade de
conhecer o funcionamento de um prostíbulo francês do final do século XIX,
retratando bem o cenário e as questões que são desenroladas dentro de um fantástico
casarão onde vivem garotas de programa. Cada uma delas possui personalidade e
características bem específicas, e todas aparecem nuas, parcialmente nuas ou muito
bem vestidas à espera dos clientes, com aqueles longos e enfeitados vestidos de
época. Por outro lado, temos também os diferentes clientes, em grande parte a
burguesia que consumia os serviços da casa. O casarão é de uma beleza bem
trabalhada, com seus móveis e luzes, e as mulheres em sua maioria bem atraentes
dão mais beleza ao ambiente. Um investimento bem acertado por parte da direção
de arte, casado com uma fotografia rica em pequenos detalhes que podem não
ser percebidos de cara: preste atenção na cena onde uma das mulheres está
deitada no chão e fumando, veja como a fumaça sai lentamente da mesma e dá uma
beleza à cena em si; em outras cenas a câmera está bem posicionada e próxima
aos detalhes de rostos e corpos das mulheres.
De forma proposital, quase que
não há cenas fora da casa, mostrado que o limite das mulheres é determinado
pelas paredes da mansão de tolerância, um limite que elas precisam tolerar e,
para algumas, só há consolo no fato de poder sonhar com algo diferente. Chega a
ser um acontecimento extraordinário deixar a casa de L’Apollonide, fato que é
bem focado no longa quando as mulheres dialogam sobre uma das garotas que abandonou
o local. Entre passagens e espaços em comum pela casa, o diretor aproveita e
volta algumas cenas já mostrando o ponto de visão de outra mulher (repare bem
no início a cena do corredor, que depois será retomada por outro ângulo).
Uma das poucas cenas fora da casa
é quando as garotas ganham um dia de folga. Vão para um local natural, ao ar
livre, tomar banho de rio, muitas mulheres nuas e felizes pela liberdade de não
ter que se oferecer ao cliente que paga por momentos de prazer.
Personagens - PEQUENOS SPOILERS:
Interessante como as mulheres são
etiquetadas, principalmente pelos clientes, como por exemplo a mulher que
sempre sorri, uma prostituta com cicatrizes
no rosto, e como temos o lado humano bizarro de quem chega a pagar só para
vê-la. Chega a ser contratada para se apresentar publicamente numa espécie de show
erótico, além de se prostituir. Neste ponto sobre esta personagem destaco como
o contraste com as cenas que mostram a prostituta no passado, com seu rosto
ainda sem marcas, me levou a admirar mais ainda a sua beleza. Antes a mesma era
destacada como a bela prostituta judia, mas agora é a bizarra mulher que sempre
sorri.
Os clientes também eram apelidados
pelas mulheres: o pintor, o barão, o escritor. Cada um com a sua mania e
excentricidade. Temos o homem que amava champanhe e faz sexo com as mulheres
enquanto elas tomam um banho da bebida, temos o típico cliente que gosta de
amarrar as mulheres e até aquele que exige uma espécie de teatro fazendo uma
prostituta bem jovem fingir ser uma boneca. Um dos clientes exibe a sua linda
pantera quando visita a casa, e o melhor de tudo é que este animal terá um
papel importante no filme.
O que poderia ser erótico e
vulgar, acaba se tornando belo e natural neste filme. Os corpos das mulheres
não são evitados pela câmera, mas sim elogiados por ela.
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