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O Sol é Para Todos (EUA, 1962) |
Alabama, anos 1930. A pequena Jean (Mary
Badham) é uma menina inteligente que tem no seu pai o grande herói. Atticus
Finch (Gregory Peck) é um advogado viúvo que cuida de seu casal de filhos
pequenos. Idealista e honesto, ele será o defensor de Tom, um negro acusado de
estuprar uma mulher branca. Num júri composto apenas de brancos, todos sabem
qual será o veredicto. Mas o advogado não desistirá de tentar provar que Tom é
inocente. Além desse julgamento, a amizade de Jean com Boo Radley (Robert
Duval), um deficiente mental que vive encarcerado em sua casa, vai fazer com
que a menina passe a ver o mundo sob uma nova ótica e descobrir que o mundo dos
adultos é mais cruel do que parece.
Um clássico:
Baseado em um romance vencedor do Pulitzer,
escrito por Harper Lee
e lançado em 1960,
o filme tem como base as memórias familiares da autora, assim como um evento
ocorrido próximo a sua cidade natal em 1936, quando ela tinha 10
anos de idade. O filme foca nessa cidadezinha pacata e as relações humanas
existentes em sua comunidade, sendo que tudo é do ponto de vista de uma
criança, a pequena Jean, que vai narrando a história. Dentro deste ambiente e
dos acontecimentos, com toda a inocência e travessuras de três crianças (temos
junto com a garota o seu irmão e um amigo), a atenção do espectador é
constantemente voltada para dois personagens importantes na vida dos meninos: o
advogado Atticus Finch, interpretado brilhantemente por Gregory Pack, que além
de simbolizar uma pessoa segura no que acredita e dedicada aos seus deveres
perante a sociedade, também é um grande exemplo de educação para seus filhos; e
o enigmático Boo Radley, visto como uma abominação pelos vizinhos apesar de que
o mesmo praticamente não sai de casa. O caráter e a bondade desses dois
personagens, apesar de suas diferenças comportamentais, será apresentado ao
espectador durante as passagens do filme. Muitos temas e lições são
apresentados no filme, mas o que predomina é o preconceito racial. Muito
interessante mostrar a incompreensão dos meninos quanto a tamanha idiotice que
é esse preconceito.
O filme é um clássico, assim como
o personagem Atticus, que foi considerado o maior “herói” dos últimos 100 anos
em uma votação promovida pelo American Film Institute. Gregory Peck ganhou o
Oscar de melhor ator, sendo que este é considerado o seu melhor trabalho. Além
disso, o próprio ator afirma que o personagem se aproxima bastante da sua
personalidade na vida real. Além dessa premiação, o filme faturou o Oscar de Melhor
Roteiro Adaptado e Melhor Direção de Arte (em Preto e Branco). Não podemos
deixar de lado o fato de que a atriz Mary Badham, com cerca de dez anos, foi
indicada para o Oscar de atriz coadjuvante, interpretando com muita
naturalidade a garotinha Scout. Este filme também marcou a estreia de Robert
Duvall no cinema.
Além da grande lição de
humanidade e lição de moral em relação ao preconceito racial, é um excelente
filme de tribunal.
Matar um sabiá - SPOILER:
O discurso final no tribunal,
pelo do advogado Atticus Finch, é limpo e bem cabível. E o desfecho do
julgamento tem uma cena memorável, onde os negros, separados na parte superior
da sala, se levantam em sinal de respeito e um deles chama a atenção da filha
do personagem para pedir que ela se levante, pois o pai dela está passando.
Veja também que apesar da trama
toda ser do ponto de vista das crianças, mostrando sua pureza e infantilidade,
destaca também em algumas cenas já um certo amadurecimento, uma certa sabedoria
dos meninos, claramente facilitados pelo modelo a ser seguido de comportamento
do pai, como na cena em que o advogado está protegendo o negro, que está numa
cela, e os garotos se colocam à frente dele para evitar que as pessoas invadam
o local armadas. A iniciativa é do filho, e a filha ajuda quando começa a
dialogar com uma das pessoas, que ela reconhece da vizinhança.
Outros personagens também têm um
papel importante no filme, mesmo que não seja notado na maioria das cenas. O
amigo dos irmãos, que sempre cita o seu próprio pai como alguém importante, que
sempre está viajando, na verdade percebemos que trata-se de um menino carente
pela ausência da figura paterna, dessa forma ele chega até a freqüentar e dormir
na casa dos amigos. O personagem Boo possui um papel importantíssimo na trama, tendo
várias coisas ligadas a ele (como os objetos deixados na árvore e que vão sendo
guardados pelas crianças numa caixinha, sendo que o filme começa mostrando essa
caixa aberta), com uma reviravolta no final evidenciando a sua importância.
Matar um sabiá (“To Kill a
Mockingbird”, titulo original do filme) é verdadeiramente um crime, já que o
animal não faz mal a ninguém. Sabiamente a pequena Scout faz essa comparação
aos fatos que estão acontecendo na trama, logo nas ultimas cenas do filme.
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