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Encurralado (EUA, 1971) |
Homem de negócios dirigindo sozinho em uma
estrada secundária de repente se vê perseguido por motorista de caminhão.
Depois de algum tempo, ele chega a conclusão de que aquele motorista pretende
matá-lo.
Duelo:
É preciso dar valor a alguns filmes antigos, muitos servem de referência
a filmes posteriores sem que saibamos disso. Este filme de 1971 é o terceiro
dirigido por Steven Spielberg, e chamou atenção ao talento deste cineasta para
o público. A partir de uma premissa simples, que envolve a perseguição entre um
caminhão-tanque e um Plymouth Valiant vermelho, dirigido por um pacato trabalhador
interpretado por Dennis Weaver, temos um excelente filme de suspense, que nos
prende a atenção do início ao fim. Tudo à luz do dia.
Filmado em apenas treze dias e lançado primeiramente para a TV, este se
faz bem original ao eliminar o uso de detalhar demais os personagens. No final
das contas só sabemos o nome do protagonista, David Mann; os demais, nos
créditos finais, ficam com a caricatura (a senhora Mann, o motorista de ônibus,
o dono do café, a atendente no posto de gasolina, o homem velho, o motorista do
caminhão). Logo no início, ao invés da prática de apresentar o personagem,
acompanhamos a estrada com o carro em movimento, o motor roncando. Após
narrações no rádio e uma pequena introdução do que está por vir, quando o
personagem estranha o comportamento do caminhão, é que aparece (após quase meia
hora de filme) os primeiros pensamentos do protagonista, a conhecida narração
em off (abaixo os primeiros pensamentos do personagem, que resumem bem a
proposta):
“Nunca se sabe. Nunca se sabe mesmo. Vivemos certos de que algumas coisas
nunca mudam. Como andar numa auto-estrada... sem que alguém nos tente matar. E
depois, acontece qualquer coisa sem nexo. Vinte ou vinte e cinco minutos de uma
vida inteira... e tudo aquilo que parecia aguentar-nos desmorona-se. E, de
repente, acaba-se tudo, ficamos nos afundando na lama. Pronto, rapaz, foi um
pesadelo, mas agora já passou. Já passou.”
Assim facilmente nos colocamos no lugar dele, já que o diretor é um
mestre em tornar realista as coisas mais improváveis. A atuação de Dennis Weaver também ajudou muito. Criando suspense com uma única ultrapassagem, e
impressionando ao criar uma situação esquisita de um personagem que, na sua
rotina em percorrer uma longa e livre estrada, acaba se sentindo encurralado. Como
nunca vemos o motorista do caminhão, acaba que a máquina em si se torna um
grande mostro, como se tivesse sendo dirigida por um fantasma. Os bons
ângulos de câmera ajudam, vemos em certo momento a parte de baixo do caminhão,
e em outro o mesmo esmaga a calota que se soltou do carro que está perseguindo,
demonstrando assim sua grandeza.
Tenso e com um ritmo alucinante, a grande perseguição praticamente não para, chegando ao momento final como
um clímax de um duelo ao sol e sobre rodas, um confronto. Em filmes assim, é
importante também não estragar o final, e o deste é muito bom.
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