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The Dead (EUA / Reino Unido / Irlanda, 1987) |
É 6 de
janeiro de 1904 e Dublin celebra o Dia dos Reis em meio à neve. Na
casa das irmãs Morgan, Julia (Cathleen Delany) e Kate (Helena
Carroll), é oferecida uma ceia a amigos e parentes, incluindo a
realização de um sarau musical e poético. Já perto do final da
celebração, quando boa parte dos convidados já tinham saído, o
barítono Bartell D'Arcy (Frank Patterson) começa a cantar uma
música triste, que faz com que Gretta Conroy (Anjelica Huston) se
lembre de uma antiga paixão que já faleceu. Surpreso com a mudança
de comportamento de sua esposa, Gabriel (Donal McCann) interessa-se
pela história. Dirigido por John Huston.
A
morte para os vivos:
Este foi
o último trabalho de John Huston, que dirigiu o filme já doente e
em uma cadeira de rodas. Faleceu pouco depois da estreia do filme.
Com apenas 83 minutos de duração, o resultado é uma bela reflexão,
com um certo impacto emocional, mesmo que isso só fique explícito
para o espectador nos últimos momentos do filme, quando uma bela
narração é feita por um dos personagens, e que resume bem toda a
proposta. É baseado em um conto do livro “Os Dublinenses”, do
consagrado escritor inglês James Joyce, especialista em narrar
histórias com base em sua própria vida familiar e experiências em
Dublin, amizades e inimizades de sua vida.
O filme
se passa em uma noite, em Dublin, no ano de 1904, numa ceia de
família, onde os personagens compartilham memórias, poesias,
canções, decepções, pequenas discussões políticas, pequenos
atritos, etc. Durante o filme, a câmera passeia com classe pelo
ambiente, focando muitos detalhes de objetos e da estrutura da casa.
A cena
quando o casal Conroy está de saída, com Gretta ainda acima da
escada (imagem acima), admirando uma cantoria, deixou uma marca na
história do cinema; a imagem em si, com a expressão na face de
Anjelica Huston - e parte do corpo de Frank Patterson embaixo,
virado para ela - junto com o som da cantoria, expressam um instante
de devoção à vida e à arte. Ao final, quando o casal chega no
hotel onde estão hospedados, será explicada a reação da mulher à
música. E é daí que o personagem de Conroy faz uma reflexão que
compartilha com o espectador.
Assim
como o título original, The Dead (“A Morte”), o cenário
apresentado serve de pano de fundo para uma análise pertinente dessa
fatídica condição humana, considerada por uns como o fim, por
outros como uma passagem. Independente de qualquer vertente, para os
vivos que ficam, sobra a saudade e a reflexão do sentido de sua
existência; cada encontro familiar (ou com amigos), é único por si
só, pois algumas pessoas podem não estar no próximo.
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