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Eu indico |
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Io e Te (Itália, 2012) |
Escondido
no porão para passar suas férias de inverno, Lorenzo, um jovem de
quatorze anos, introvertido e um pouco neurótico, está se
preparando para viver seu grande sonho: nada de conflitos, nada de
colegas chatos de classe, nada de brincadeiras e falsidades. O mundo
lá fora com suas regras incompreensíveis e ele deitado no sofá,
bebendo muita coca-cola, comendo atum em caixinha e com livros de
terror ao seu redor. Será Olivia, que chega de repente no porão com
sua agressiva vitalidade, a tirar Lorenzo de seu universo sombrio,
para que ele tire a máscara de adolescente complicado e aceite o
jogo caótico da vida fora de quatro paredes. Dirigido por Bernardo
Bertolucci.
Io e te:
O
universo juvenil e seus conflitos. O jovem Lorenzo (Jacopo Antinori)
se mostra antissocial, aproveitando uma chance e se escondendo por
uma semana, na companhia de suas músicas (David Bowie e The Cure já
dão um crédito a mais ao filme com suas músicas) e sua criação
de formigas. Quando toda a turma da escola se prepara para uma
excursão, Lorenzo vê a oportunidade de passar essa semana sozinho
no porão do prédio onde mora, deixando sua mãe pensar que ele foi
na excursão. No entanto, a meia-irmã Olivia (Tea Falco), de 25
anos, descobre o esconderijo e decide ficar com ele durante o
período. Viciada em heroína e passando por uma forte crise de
abstinência, Olivia é responsável por tirar o menino da sua zona
de conforto e, assim, temos um grande filme que trata sobre
convivência, expectativas e laços sanguíneos. Obrigados a conviver
no cubículo, os dois começam a ensinar coisas um ao outro.
O diretor
Bernardo Bertolucci tem fama de tratar a sexualidade em seus filmes,
porém neste ele explora a questão com uma certa sutileza. Tímido e
na puberdade, Lorenzo se comunica com a irmã mais através de
olhares do que falando. A mãe de Lorenzo evita certa aproximação com o garoto, apesar de morarem juntos, e acaba que os meio irmãos - afastados por outras questões de família - vivem uma
experiência única em apenas uma semana juntos. Bertolucci
aproveita o espaço fechado para deixar um clima mais intimista em
seu filme, e constrói a narrativa com base, essencialmente, na
imagem. O porão acaba sendo o refúgio fechado ao mundo. Os
transtornos que Olivia introduz na vida do rapaz levam a pequenas
transformações na relação entre eles. Com Lorenzo, podemos sonhar
em abstrair o mundo, em nos ocultar dos problemas que existem; com
Olivia, vemos a importância de se arriscar e, com isto, algumas
consequências que aparecem. Aqui a transcrição de uma fala de
Olívia que casa com o título e outras questões do filme:
As
fotos que você viu são parte de uma série chamada "Sou uma
parede".
É uma
metáfora.
Basicamente,
sou eu me transformando naquela parede,
entrando
no papel de parede, para dentro do gesso.
Como um
lagarto...
Não
como um lagarto.
Praticamente,
eu queria me materializar.
Eu e
você, se não tivéssemos um ponto de vista, seríamos iguais, não
é?
Sim,
sem um ponto de vista, deixaríamos de ser
sempre
um contra o outro
e
aceitaríamos a realidade como ela é, sem julgá-la.
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Fontes:
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