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The Shawshank Redemption (EUA, 1994) |
Em 1946,
o jovem e bem-sucedido banqueiro Andrew "Andy" Dufresne
(Tim Robbins) é sentenciado a duas penas consecutivas de prisão
perpétua pelo assassinato de sua esposa e de seu amante, a serem
cumpridas na Penitenciária Estadual de Shawshank, no Maine,
comandada pelo religioso e cruel agente penitenciário Samuel Norton
(Bob Gunton). Rapidamente, Andy se torna amigo de Ellis "Red"
Redding (Morgan Freeman), interno influente, também sentenciado à
prisão perpétua, que controla o mercado negro do presídio. Ao
longo das quase duas décadas de Dufresne na prisão, ele se revela
um interno incomum. Dirigido por Frank Darabont.
“Somos
todos inocentes”:
A
liberdade e a esperança são tão vivas no filme que podem ser
consideradas duas personagens interligadas. A humanidade e sua
relação com esse sentimento de liberdade é tratada sob algumas
óticas neste drama emocionante, com uma história bem elaborada,
roteiro bem adaptado a partir de uma obra interessante, direção e
atores excelentes. A trama a princípio é simples, mas possui
reviravoltas surpreendentes e se revela com uma profundidade
fantástica. É o que se pode resumir da sensação em relação a
este que é um dos melhores filmes já exibidos.
Tim
Robbins faz uma ótima atuação, interpretando Andy Dufresne,
pessoa de personalidade fantástica e inspiradora, representando a
esperança, entre outras coisas. Como se não bastasse, contracena
com Morgan Freeman, que recebeu uma indicação ao Oscar de melhor
ator interpretando o presidiário veterano Red, personagem
contraditório que representa, entre outras coisas, o costume. Apesar
de Freeman ter em sua carreira inúmeras indicações, Tim Robbins
acabou saindo na frente quando recebeu o Oscar de melhor ator
coadjuvante por seu papel perfeito no filme “Sobre Meninos e Lobos”
(“Mystic River”, 2003), sendo que Freeman ganhou o mesmo prêmio
em “Menina de Ouro” (“Million Dollar Baby”, 2004). Talvez se
tivesse um prêmio de melhor dupla, eles ganhariam em 1995.
A
narração é feita por Red, uma escolha certeira tanto para o livro,
quanto para o filme. Interessante ver as coisas pela interpretação
dele, inclusive a própria mudança pela qual passa. Dessa forma
também analisamos o personagem Andy sem saber se ele é culpado ou
não pelo crime, já que as cenas iniciais são duvidosas. Com o
passar da história, muitas lições podem ser presenciadas. Todo
homem deseja ser livre, porém o costume na prisão acaba fazendo com
que se tenha medo do mundo lá fora, mesmo com toda a angústia dos
primeiros dias na prisão, bem representada no filme. Ser prisioneiro
de algo, mesmo que seja do próprio medo, mostra que existe a
liberdade física e a liberdade interior, mostradas numa narração e
cenas caprichadas e com uma direção madura de Frank Darabont.
Segundo o personagem: "Primeiro você detesta esses muros,
depois se acostuma a eles até que você precisa deles". A saída
da cadeia se transforma em uma nova prisão, de medo e incertezas. O
ex-presidiário é um ninguém, sem amigos, família ou futuro digno.
A forma como o filme nos traduz o que a prisão faz com a vida de um
ser humano é tanto perturbadora quanto bela. Nos envolvemos com os
presidiários, sem precisar saber o motivo de estarem ali
(todos dizem “Somos todos inocentes”), e passamos a vê-los como
seres humanos não tão diferentes de nós mesmos.
O roteiro
é uma adaptação do conto "Rita Hayworth e a Redenção de
Shawshank", uma das quatro histórias do livro “Quatro
Estações”, de Stephen King. Muitas histórias de King foram
adaptadas para o cinema, embora a maioria delas sejam de terror, e
podemos ver muitas adaptações ruins, mas não é o caso de “Um
Sonho de Liberdade”, até porque o diretor Frank Darabont parece
ser a melhor opção para os filmes adaptados das obras de Stephen
King. Neste caso, ele também ficou responsável pela adaptação do
roteiro. Dirigiu outras 3 adaptações de obras do escritor: “The
Woman in the Room” (1983), “À Espera de um Milagre” (“The
Green Mile”, 1999) e “O Nevoeiro” (“The Mist”, 2008). Estes
dois últimos tiveram um resultado excelente e também foram
relativamente fieis à obra.
“Um
Sonho de Liberdade” foi endicado ao Oscar nas categorias de melhor
filme, melhor ator (Morgan Freeman), melhor roteiro adaptado, melhor
fotografia, melhor som, melhor edição e melhor trilha sonora. Uma
pesquisa do jornal Independent apontou este como o filme mais
injustiçado da história do Oscar, sendo que em seguida ficou “À
Espera de um Milagre”; talvez tenha sido o azar de competir com
"Forrest Gump: O Contador de Histórias". Mesmo assim,
ocupa o 72° lugar na "Lista dos melhores filmes estadunidenses"
do American Film Institute e é considerado por muitos críticos como
o melhor filme da história. Na lista do The Internet Movie Database
(IMDb) ocupa a primeira posição, com o maior número de votos,
superando grandes clássicos como “O Poderoso Chefão”, “Cidadão
Kane” e “E o Vento Levou”.
A amizade
é tratada como a chave para a liberdade plena, os dois personagens
estabelecem uma amizade entre si que inspira a sobrevivência de
ambos. A persistência e inteligência entram como parte da solução.
E o diretor, nos momentos finais, nos dá quase que um presente
inesperado, pois podemos imaginar que o filme caminharia para algo comum, mas acaba que a trama é direcionada para algo surpreendente
e, ao mesmo tempo, gerando grandes emoções positivas.
“Não
faço a mínima ideia do que
aquelas
duas italianas cantavam.
Na
verdade, nem quero saber.
É
melhor não tentar explicar tudo.
Quero
imaginar que seja algo tão belo que não...
pode
ser expresso em palavras...
e faz
seu coração se apertar... com a música.
Aquelas
vozes voaram mais alto...
e mais
longe do que se pode imaginar num lugar cinzento.
Era
como um belo pássaro que voou para a nossa gaiola...
e fez
os muros se dissolverem.
E, pelo
mais breve momento...
cada
homem de Shawshank se sentiu livre.”
Red
“-
Valeu a pena ter ficado duas semanas na solitária?
- Dessa
vez foi a mais fácil.
- Nunca
é fácil ficar na solitária. Uma
semana lá é como um ano.
-
Acertou na mosca. Mas
essa semana Mozart ficou comigo.
-
Deixaram você levar o toca-discos para lá?
- Estava
aqui (aponta para o cabeça). E aqui (aponta para o coração).
É por
isso que a música é bela. Eles...
não
podem tirá-la de você.”
Andy