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Eu indico |
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The Grapes of Wrath (EUA, 1940) |
A
história de uma família de pequenos agricultores que, expulsos de
suas terras no Oklahoma durante a depressão, atravessam o país em
busca de melhor sorte na Califórnia. Dirigido por John Ford.
Família
Joad:
Baseado
no livro de John Steinbeck, este filme foi lançado um ano depois da
obra e faturou o Oscar de melhor diretor (John Ford) e melhor atriz
coadjuvante (Jane Darwell). Tal como é a fala do personagem Tom Joad
(Henry Fonda, indicado ao oscar por este papel) no final da história
(ver no final desta postagem), é este filme, extremamente
inspirador. Tom é um homem que acabou de sair da cadeia e é
recebido pela sua família com a triste informação de que eles
serão expulsos de sua morada. O retrato da Grande Depressão que
colocou muitas famílias de agricultores nesta mesma situação, com
os bancos vendendo as terras e um sistema de exploração baseado em
capital intensivo, com as máquinas sob o controle de assalariados
agrícolas. Logo os tratores estão passando por cima das casas,
fazendo com que muitas famílias fugam em busca da própria
sobrevivência, buscando o suposto paraíso, a Califórnia.
Com
foco na família de Tom, vamos acompanhando uma trajetória cheia de
incertezas, desventuras e, também, de transformações pessoais. É
na figura do amigo da família, o ex-pastor Casey, que surge a
inspiração de Tom para ir de contra as injustiças e opressões
contra os pobres. Numa sociedade que explorava cada vez mais a força
de trabalho, surge para alguns a consciência de classe que vai
resistir a isso.
“O
Casy pode ter sido pastor,
mas via as coisas com clareza.
Foi como
uma candeia.
Também me ajudou a ver as coisas.
”
(Tom
Joad)
Imaginar
que foi lançado no finalzinho da Grande Depressão já pode dar uma
ideia de como este filme balançou a cabeça dos americanos, já que
mostra como o país era visto por muita gente que sofria com este
cenário. A família de Tom é simples, e vai sofrer os diabos com a
mudança, junto com muitas outras que eles encontram nos acampamentos
de sem-terra da Califórnia.
O
super lotando carro ambulante da família causa um impacto visual e
significativo. É o único meio “viável” de transporte e o único
bem que eles possuem, mas parece que vai desmontar a qualquer
momento, assim como a família que logo vai sofrendo as consequências
de sua situação. Logo no início da jornada o bisavô de Tom já
abandona os demais quando não consegue, física e psicologicamente,
abandonar suas terras. A adaptação é para poucos. Já a mãe de
Tom retratada todo o sentimento passado pela família, com uma
interpretação sensacional da atriz Jane Darwell. O brilho nos seus
olhos e sua expressão facial transmite tudo: amor pela família,
alívio quando surge esperança e momentos de tranquilidade, receio e
resistência nas situações difíceis. Ela é um dos grandes
sustentos da família e por isso mesmo tenta sempre se manter firme.
A sua postura ao defender a família, até diante do filho que
retornou da prisão, é de uma verdadeira mãe.
“Eles
o machucaram, filho? Eles o machucaram e o enlouqueceram?
Às
vezes eles fazem coisas com você. Eles o machucam até você se
tornar um homem mau. E o machucam de novo e você se torna pior
ainda. Até que não é mais menino nem homem, apenas malvadeza
encarnada.”
(Ma
Joad)
O
filme “Vinhas da Ira” começa numa encruzilhada e termina em
outra, só que com esperança. Assim como a faísca de esperança da
família ao encontrar um acampamento do Ministério da Agricultura,
que serve de dormitório para famílias em busca de trabalho, que
logo se apaga quando percebem que a opressão também chega ali. Mas
o personagem Tom, em seu conflito, já que no início está buscando
somente a sobrevivência da família e, depois, desperta para a
missão de pensar na sociedade, desperta para além do interesse
pessoal e passa a pensar no todo. Henry Fonda cumpre seu papel de bom
ator no discurso final, seu olhar transmite a mensagem junto com as
palavras de um homem que, no passado, havia sido preso por
assassinato:
“Andarei
por aí no escuro. Estarei em toda a parte. Para onde quer que olhem.
Onde houver uma luta para que os famintos possam comer, estarei lá.
Onde houver um polícia a espancar uma pessoa, estarei lá. Estarei
nos gritos das pessoas que enlouquecem. Estarei nos risos das
crianças quando têm fome e as chamam para jantar. E quando as
pessoas comerem aquilo que cultivam e viverem nas casas que
constroem. Também lá estarei.”
(Tom
Joad)
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Fontes: