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Eu indico |
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Der Himmel über Berlin (Alemanha / França, 1987) |
Na Berlim
pós-guerra, Damiel (Bruno Ganz) e Cassiel (Otto Sander) são anjos
que perambulam pela cidade. Invisíveis aos mortais, eles lêem seus
pensamentos e tentam confortar a solidão e a depressão das almas
que encontram. Entretanto, um dos anjos, ao se apaixonar por uma
trapezista (Solveig Dommartin), deseja se tornar um humano e
experimentar as dores e alegrias de cada dia. Dirigido por Wim
Wenders.
O Céu
Sobre Berlim - SPOILERS (SEM REVELAR AS CENAS):
Provavelmente
o melhor filme de anjos já realizado. O mistério da vida, da
existência, tratados através do olhar de um anjo que chega a
desejar ser humano. Como dito no título original, a trama predomina
em Berlim, antes da queda do
muro, e possui duas visões: a dos anjos e a dos seres humanos. Os
anjos observam, escutando os pensamentos e vendo as atitudes dos
serem humanos, sendo que todas as cenas onde existe a presença de um
anjo são exibidas em preto e branco. Aos poucos entendemos a missão
deles,
tentando
intervir nas ações dos humanos, como por exemplo quando um anjo
“abraça” e consegue assim dar uma injeção de ânimo numa
pessoa com pensamentos suicidas, dentro de um metrô. Uma
lição de compaixão é transmita por estes atos. Logo pela
mudança de pensamento do ser humano, vemos que o anjo foi bem
sucedido, dessa vez. As cenas no âmbito terreno ficam coloridas e
mostram o ponto de vista dos humanos. O filme fica rico de
pensamentos interessantes, ao exemplo do velhinho que fica
filosofando em seus pensamentos e desperta a enorme atenção de um
dos anjos.
Sentimentos
ruins diversos recaem sobre a humanidade, como saudade, angústia,
dor, insegurança. Pessoas solitárias são acompanhadas pelos anjos
Damiel e Cassiel, que tentam consolá-las o máximo possível, sendo
até afetados por esses sentimentos que acompanham. Os próprios
anjos, condenados ao tédio eterno, podem se questionar e desejar
a encarnação. O drama vivido por eles é tão nítido e forte
quanto o dos humanos. Com
essas premissas, o diretor
Wim Wenders conduz um filme contemplativo, que observa e comenta
sobre a vida e a descoberta da própria identidade.
Além
da alternância de cores, outros detalhes importantes podem ser
observados: diálogos em várias línguas (alemão, francês, inglês)
mostrando que os anjos acompanham a todos os seres humanos; nos
créditos finais fica fácil perceber que somente os anjos possuem um
nome no filme, os humanos são tratados por características, tais
como “a prostituta jovem”, “o palhaço”, “o suicida”, “o
homem próximo da morte”, etc. Ajuda a universalizar os diversos
papéis e personagens no filme e mantém o ponto de vista
predominante que é o dos anjos; e, no final do filme, há a participação
de Nick Cave and the Bad Seeds ao som da canção “From Her to
Eternity” para combinar com a cena.
Servindo
claramente de inspiração para a produção americana “Cidade dos
Anjos” (1998), com Nicolas Cage e Meg Ryan, assim
como para a música “Stay
(Far Away, So Close)” da
banda U2, que por sinal fez um clipe que contém cenas fortemente
inspiradas neste filme de 1987 (talvez sejam as próprias cenas). A
própria letra da música remete ao enredo do filme como nos trechos
reproduzidos abaixo. Em 1993 foi lançada a continuação “In
weiter Ferne, so nah!” (Tão Longe, Tão Perto), que possui o mesmo
título da música do U2.
(...)
Você
pode ir a qualquer lugar
Miami,
Nova Orleans, Londres, Belfast e Berlin
E se
você escuta, eu não posso te chamar
E se
você pula, você está arriscada a cair
E se
você grita, eu apenas posso te escutar
(...)
Três
horas da manhã
Tudo
está quieto e não há ninguém por perto
Apenas
o estrondo e o ruido
Como um
anjo que cai ao chão
(…)
“Stay
(Faraway, So Close)” - U2
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Fontes:
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