Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O discreto charme da burguesia (Espanha, 1972)

Eu indico
Le charme discret de la bourgeoisie
(França / Itália / Espanha, 1972)

Um grupo de amigos de classe média/alta francesa pretende juntar-se para mais um jantar de convívio, mas são constantemente interrompidos por uma série de estranhos acontecimentos. Dirigido Luis Buñuel. Roteiro de Jean-Claude Carrière.

Buñuel e a burguesia:
Luis Buñuel Portolés é um dos mais aclamados cineastas do mundo. Nasceu no México e realizou muitos filmes na Espanha, inclusive em parceria com Salvador Dalí. Suas obras foram consideradas surrealistas e sua fama beirou à controvérsia. Muitos o admiram por ter sido sempre fiel ao que acreditava, não se deixando influenciar pelas críticas. Não é à toa que teve filmes banidos da Espanha, na ápoca de seu lançamento. O próprio Pedro Almodóvar possui este como influência em suas realizações.
Podemos ver um pouco da mente surreal de Buñuel neste filme, que combina realidade e absurdo para fazer uma crítica à burguesia, de forma severa, realista e divertida. Nas atitudes, devaneios e até nos sonhos dos personagens, percebemos o vazio que ronda suas vidas, pois não há sentido de orgulho em pessoas que possuem uma educação duvidosa, preconceito absurdo, misturado com um charme ridículo. Aos poucos vemos como eles são egoístas e interesseiros, traindo uns aos outros, traficando drogas, utilizando amizade para passar por cima de leis, etc.
Em busca de um jantar entre eles, situações absurdas ocorrem para que este jantar não aconteça, chegando a perturbar espectadores com a reincidência da situação. Mais ainda, ao introduzir cenas de sonhos dos personagens, o diretor espanhol nos prega peças, constantemente, para demonstrar, nos resultados desses pesadelos, a humilhação e pequenez da burguesia, ao ser exposta. Afinal, seu charme, rodeado de muitas coisas ruins e sem sentido, tem que ser discreto para não ser criticado.
Nos divertimos diante das situações absurdas, enquanto os amigos burgueses parecem não se impressionar com nada. Parece que seu único objetivo na vida é um jantar, mas qualquer esforço para se chegar até ele é demais para os personagens. Transversalmente, aparecem outros não menos interessantes: soldados loucos, policiais corruptos e até um padre assassino (a Igreja não escapa da crítica).
A burguesia e a Igreja sempre forem alvos de crítica por parte de muitos cineastas. Buñuel, ao escolher o gênero comédia e colocar elementos surrealistas na trama e bons atores, fez isso de forma original e genial, recebendo o merecido prêmio de melhor filme estrangeiro no Oscar de 1973. Fica, então, a indicação de outros filmes excelentes do diretor, nos quais ele faz essas mesmas críticas, com elementos diferentes: O Anjo Exterminador” (El Ángel exterminador, 1962) e “Viridiana” (1961), embora estejam bem distantes de uma comédia. Ambos foram considerados pelo New York Times como um dos 1000 melhores filmes do mundo.

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Fontes:

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