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Eu indico |
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Le charme discret de la bourgeoisie
(França / Itália / Espanha, 1972) |
Um grupo
de amigos de classe média/alta francesa pretende juntar-se para mais
um jantar de convívio, mas são constantemente interrompidos por uma
série de estranhos acontecimentos. Dirigido Luis Buñuel. Roteiro de
Jean-Claude Carrière.
Buñuel
e
a burguesia:
Luis Buñuel Portolés é um dos mais aclamados
cineastas do mundo. Nasceu no México e realizou muitos filmes na
Espanha, inclusive em parceria com Salvador Dalí. Suas obras foram
consideradas surrealistas e sua fama beirou à controvérsia. Muitos
o admiram por ter sido sempre fiel ao que acreditava, não se
deixando influenciar pelas críticas. Não é à toa que teve filmes
banidos da Espanha, na ápoca de seu lançamento. O próprio Pedro
Almodóvar possui este como influência em suas realizações.
Podemos
ver um pouco da
mente surreal
de
Buñuel
neste filme, que combina realidade e absurdo para
fazer uma crítica à burguesia, de
forma
severa,
realista e divertida.
Nas
atitudes, devaneios e até nos sonhos dos personagens, percebemos o
vazio que ronda suas vidas, pois não há sentido de orgulho em
pessoas que possuem uma educação duvidosa, preconceito absurdo,
misturado com um charme ridículo. Aos poucos vemos como eles
são egoístas e interesseiros, traindo uns aos outros, traficando
drogas, utilizando amizade para passar por cima de leis, etc.
Em
busca de um jantar entre eles, situações absurdas ocorrem para que
este jantar não aconteça, chegando a perturbar espectadores com a
reincidência da situação. Mais ainda, ao introduzir cenas de
sonhos dos personagens, o diretor espanhol nos prega peças,
constantemente, para demonstrar, nos resultados desses pesadelos, a
humilhação e pequenez da burguesia, ao ser exposta. Afinal, seu
charme, rodeado de muitas coisas ruins e sem sentido, tem que ser
discreto para não ser criticado.
Nos
divertimos diante das situações absurdas, enquanto os amigos
burgueses parecem não se impressionar com nada. Parece que seu único
objetivo na vida é um jantar, mas qualquer esforço para se chegar
até ele é demais para os personagens. Transversalmente, aparecem
outros
não menos interessantes: soldados
loucos, policiais corruptos e até um padre assassino (a Igreja não
escapa da crítica).
A
burguesia e
a Igreja sempre forem alvos
de crítica por parte de muitos cineastas. Buñuel, ao
escolher o gênero comédia e colocar elementos surrealistas na trama
e bons atores, fez isso de forma original e genial, recebendo
o merecido prêmio de melhor filme estrangeiro no Oscar de 1973.
Fica, então, a indicação de outros filmes
excelentes
do diretor, nos
quais ele faz
essas mesmas
críticas,
com
elementos
diferentes: “O
Anjo Exterminador” (El Ángel exterminador, 1962) e
“Viridiana”
(1961),
embora
estejam
bem distantes
de uma comédia. Ambos
foram considerados pelo New York Times como um dos 1000 melhores
filmes do mundo.
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Fontes:
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