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Sang Sattawat (Tailândia/França/Áustria, 2006) |
Retrato
da modernização da Tailândia e as síndromes do século, através
de situações em um hospital, dividido em duas partes, uma no campo
e uma na cidade. Roteiro e direção de Apichatpong Weerasethakul.
A
transição e as síndromes:
Situações aparentemente insignificantes ganham um
grande significado nesta obra cinematográfica do diretor tailandês
Apichatpong Weerasethakul. A reflexão
cuidadosa sobre as partes e sobre o todo do filme deixa uma sensação de
felicidade sobre a vida, onde é colocado como primeiro plano as
pessoas com suas diversidades. O mundo é coadjuvante. As pessoas,
protagonistas.
Estruturado em duas partes, uma no campo e uma na
cidade, mas usando os mesmos personagens e ambiente - um hospital - e
mantendo uma pequena semelhança entre elas, podemos imaginar que são
manifestações de duas realidades distintas, duas vidas, com forte
conexão entre si. As síndromes manifestadas pelas pessoas é a
ligação entre essas duas partes. Os personagens são os mesmos... e
não o são, já que caminhos e decisões diferentes foram tomadas.
Os diálogos e as imagens são os grandes pontos fortes do filme. São
simples e, ao mesmo tempo, importantes demais. Uma boa dose de humor
pode ser vista nas conversas, principalmente na primeira parte, como
se a leveza da graça fosse reduzida na segunda, assim como as
relações (um amor platônico na primeira é substituído por um
namoro firme e sexualmente intenso na segunda). Algumas conversas são
divertidas a ponto de causar muito riso e, dessa forma, conquistar o
espectador logo no início. Ainda assim, não prejudica a seriedade
do filme.
O cenário de um hospital na Tailândia, em ambas as
partes do filme, é palco perfeito para mostrar as relações. Na
primeira, ele está no meio da selva, em época de guerra, já na
segunda ele está no meio da cidade desenvolvida, a capital Bangkok,
dando a entender que está numa época posterior. Pessoas
desconhecidas passam a interagir, cada uma com suas crenças, seus
vícios. Personagens e situações se repetem, mas existem pequenas
mudanças nos diálogos e nas reações. Em ambos os momentos,
percebemos fortemente a realidade tailandesa onde se manifestam o
budismo e a medicina tradicional. A segunda parte só não repete, de
fato, a primeira, porque mostra outras percepções, mas lá estão
as mesmas síndromes.
Uma
doutora atende um velho monge budista, que está em busca de remédios
para se livrar de seus pesadelos, mas acaba que, no meio da conversa,
o paciente oferece à médica algumas ervas, para ela fazer um chá
de cura e restauração. Cada
um ajuda o outro da maneira que sabe, tratamentos distintos para as
mesmas síndromes. Existe uma amizade entre um médico e um monge, e
este último confessa ao médico que queria ser DJ. Na segunda parte,
a relação entre o médico e o monge é tão fria que não existe
diálogo, o dentista atende ao monge sem falar nada, fechado em sua
máscara antisséptica.
A
bela imagem de um eclipse vai marcar a transição entre as duas
partes do filme, mas o que vai mais impactar é perceber as
diferenças em torno das mesmas síndromes. Amor e vidas passadas
aparecem em boas doses, mas as relações mudam. A experiência de
vida do diretor, que passou a infância em um hospital da província
de Khon Kaen, garante a fidelidade ao trazer as situações para
contemplarmos a magia da vida através das cenas. Dizem que há uma
semelhança com um de seus filmes anteriores, “Mal
dos Trópicos” (2004),
muito
recomendado pelos críticos.
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Fontes:
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