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Eu indico |
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Barton Fink (EUA, 1991) |
Nova
York, 1941. Barton Fink (John Turturro) é o dramaturgo do momento e
toda a Broadway, além da imprensa, se curva ao seu talento. Ele
acaba indo a Hollywood para escrever um roteiro para um filme. Porém,
ele é atingido por um bloqueio de escritor. Charlie Meadows (John
Goodman), seu vizinho, um amigável vendedor de seguros, tenta
ajudá-lo mas diversos acontecimentos bizarros surgem na vida de
Barton. Dirigido por Joel Coen.
Roteirista
em Hollywood:
Uma
visão realista da Hollywood na década de 1940 é transportada para
as telonas pelos irmãos Joel e Ethan Coen, que também assumiram o
roteiro,
produção
e edição
deste filme.
A
narrativa é excêntrica em vários momentos, tendo suas
metáforas
e significados críticos, cabendo
a cada espectador sua interpretação.
É o
quarto filme
dos irmãos Coen, que possem até então quase vinte produções,
entre elas grandes filmes que
recomendo:
Bravura Indômita (2010), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), O
Homem Que Não Estava Lá (2001), E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?
(2000), Na Roda da Fortuna (1994) e Arizona Nunca Mais (1987).
Estrelado por John Turturro, que está em sua melhor
atuação até o momento, mostrando um talento nato ao representar um
personagem com algumas esquisitices e aparência não tão agradável.
Perfeito na caricatura de um escritor, roteirista de Hollywood, com
personalidade forte e um pouco de loucura diante do conhecido
bloqueio de escritor. A história é muito interessante e retrata de
forma não convencional a realidade de Hollywood, com seus
preconceitos e tudo o mais, formando essa cultura de produção de
filmes. Algo de muito valor no enredo é o aspecto do “homem comum”
e os valores pessoais que um profissional tenta seguir. Barton Fink
entra em choque ao seguir seus valores e esbarrar com os desejos
dessa indústria, com seus empresários ricos e com muito pouco bom
senso. Essa generalização da figura do escritor roteirista como um
profissional correto e tão pouco reconhecido, podemos ver em outros
filmes: em 1963, no filme italiano Oito e meio, de Federico Fellini,
a crise de criatividade de um cineasta é retratada numa narrativa
bem fora do comum. Temos algo parecido no filme Adaptação (2002). Lembrando que o movimento do cinema denominado realismo poético francês surgiu no cinema francês a partir da metade da década de 1930 e foi o movimento que enfatizou o papel do roteirista, embora essa função ainda não fosse reconhecida profissionalmente.
O ambiente presente na trama, mostrando um calor
infernal, fica bem evidente junto com todos os acontecimentos,
realistas ou insanos, que ocorrem até o seu desfecho. John Goodman
também está em uma de suas melhores interpretações e, nas cenas
que contracena com Turturro, ambos disputam a melhor atuação. Ele é
o personagem que tira Barton Fink do isolamento e faz ele relaxar e,
talvez, voltar a encontrar a inspiração que precisa. Mas como nada
nessa vida vem de graça, vamos ver no que vai dar. A turma de
coadjuvantes também se destaca, principalmente Tony Shalhoub (astro
da série Monk na qual ele já venceu vários prêmios como ator) e
Steve Buscemi, ambos aparecendo em poucas cenas, mas deixando uma
grande impressão para quem estiver atento a este aspecto.
Barton Fink recebeu a Palma de Ouro no Festival de
Cannes em 1991, bem como os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator
(Turturro). Também foi indicado a três Oscars e muito bem recebido
pela crítica. Por motivos diversos, o filme arrecadou somente dois
terços do seu orçamento estimado.
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Fontes:
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