Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Sentidos do Amor (2011)

Eu indico
Perfect Sense (Reino Unido, 2011)

Susan (Eva Green) é uma estudiosa epidemiologista em crise com o amor. Ao conhecer o sedutor Michael (Ewan McGregor), um talentoso chefe de cozinha, tenta resistir, mas logo acaba rendendo-se. No entanto, enquanto a paixão do casal aumenta, uma misteriosa pandemia se espalha pelo mundo. Dirigido por David Mackenzie.

Sentidos e sentimentos:
Ao se julgar um filme pela capa e, neste caso, também pelo título, muitos desistiriam de assisti-lo por achar que se trata de mais um filme meramente romântico. Apesar de que, sim, existe um romance, uma relação entre duas pessoas que vai crescendo, o amor e a paixão florescendo, a busca por alguém para dividir a vida; porém, aqui, o romance é importante, mas não primário. Ao mesmo tempo em que nosso casal principal vai crescendo como parceiros, o mundo inteiro enfrente uma epidemia curiosa. Após um ataque incontrolável de choro, as pessoas perdem totalmente o sentido do olfato. E isso é só o começo...
A premissa pode lembrar algumas histórias do renomado escritor José Saramago, como “Ensaio sobre a cegueira”, que teve um filme lançado em 2008. Mas, ao contrário da reação maléfica que a humanidade mostra diante da perda da visão nesta história de Saramago, aqui, neste “Sentidos do Amor”, temos uma linda lição de como o ser humano pode se adaptar aos obstáculos e limitações que a vida pode trazer, mesmo quando isso envolve algo no qual ele está acostumado, como nossos sentidos. Claro que o filme não é romântico e otimista demais a ponto de só mostrar boas reações, até porque vemos como as pessoas se dividem em dois grupos: os que reagem com violência e maldade, destruindo; e os que se adaptam e servem de exemplo para os demais. Umas das cenas mais belas é quando um grupo de jovens está numa mesa de restaurante, conversando em libras e sorrindo, depois da perda da audição. A vida continua. Perdeu-se o cheiro, o sabor, mas podemos contemplar o designer, as cores e os formatos. O ambiente do restaurante foi propício para mostrar essas mudanças. As pessoas, mesmo sem sentir o sabor da comida, podem sentir o ambiente, as amizades, as vibrações! Até os críticos gastronômicos continuaram o seu trabalho.
O filme é um romance que vem junto com um ensaio sobre a humanidade. Ela se adapta de uma forma incrível à nova realidade. Tem uma narração belíssima e, em algum momento, ela reforça: “eles voltaram a fazer aquilo que sabiam fazer”, porque precisavam. Também levanta a questão de que nossas memórias estão ligadas a cheiros. E ainda temos esse momento anterior a perda de um dos sentidos, como uma raiva incontrolável que faz com que digamos tudo aquilo que guardávamos de rancor, nos deixando sinceros demais e, ao mesmo tempo, tão capazes de machucar os sentimentos do outro, já que nossa opinião vem com um machismo ou feminismo internalizados e ideias preconcebidas.
A cena final do filme é linda... segue a linha apocalíptica, mas deixa uma mensagem incrivelmente sensível e, claro, é romântica no melhor sentido dessa palavra. E a estratégia das cenas estarem alinhadas com as falhas nos sentidos ficou perfeita, pois assim a gente presencia a situação de forma mais realista.

Mas antes os momentos de luz.
Uma hesitação compartilhada do lóbulo temporal.
Uma apreciação profunda do que significa estar vivo.
Mas, acima de tudo, a vontade de alcançar o outro.
De oferecer calor.
Compreensão.
Aceitação.
Perdão.
Amor.
Está escuro agora, mas sentem a respiração um do outro... 
e sabem tudo que precisam saber.”

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Fontes:

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