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Eu indico |
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Eu Vi o Diabo (Coreia do Sul, 2010) |
Existe um psicopata sanguinário à solta na Coréia do Sul. Jang
Kyung-chul (Choi Min-sik) mata mulheres de forma brutal. A polícia
tenta capturá-lo há décadas, sem sucesso. Quando a noiva de
Soo-hyun (Byung-hun Lee), um agente secreto, é assassinada por este
homem, o agente decide procurar sozinho pelo responsável. O encontro
entre os dois homens ocorre rapidamente, mas Soo-hyun decide que a
morte não é suficiente: será preciso torturá-lo, muitas vezes,
para que o outro aprenda todo o mal que causou. Dirigido por Jee-woon
Kim.
Olho por olho, dente por dente:
Primeiramente,
a proposta de não focar em mistérios, mas sim em reviravoltas deu
muito certo neste filme. A situação é clara logo de cara, o
assassino é mostrado no início e não demora muito para a questão
principal ser difundida. Neste ponto, o diretor Jee-woon Kim
(conhecido por dirigir “O último Desafio”, de 2013, aquele com
Arnold Schwarzenegger) consegue trazer o espectador para o clímax
durante o filme inteiro. Talvez ninguém esteja preparado para as
reviravoltas, pois situações saem do controle e os personagens
também perdem o seu controle emocional, mesmo que sejam bem seguros
com o que estão fazendo. É bom porque consegue humanizar a todos,
mesmo lidando com personagens experientes como o agente Soo-hyun e o
assassino Jang Kyung-chul, que é muito bem interpretado pelo ator
Choi Min-sik, mais conhecido por seu papel excelente no filme
“Oldboy”. Agora ele faz um personagem psicopata, garantindo
ótimas cenas. Mesmo quando está sofrendo, triunfando, ou sendo
sarcástico, ele garante nossa atenção por sua grande
interpretação. Em alguns momentos vamos até rir com o
comportamento deste.
O filme
estreou no Festival Sundance de Cinema de 2011 e nos cinemas
norte-americanos de forma limitada. No Brasil, nada de passar pelo
cinema. Teve muitas análises positivas lá fora, vejam abaixo duas
declarações interessantes:
Mark
Olson do Los Angeles Times: "Tem todo o festival de violência,
com certeza, mas o que destaca I Saw the Devil dos outros é a sua
corrente de emoções reais e o quão tristes elas podem ser."
Rob
Nelson da revista Variety: "Conteúdo repugnante, pior do que o
pior pornô de tortura, quase faz o filme inassistível, mas não o
faz, simplesmente porque o filme de Kim é lindamente filmado,
cuidadosamente estruturado e visceralmente engajador."
Realmente
é um filme brutal, com cenas fortes, mas nada do que pessoas
acostumadas já tenham visto por aí. Vale muito mesmo a pena, mesmo
que fechando os olhos para algumas cenas, conferir o mesmo até o
último segundo. Tem um nível de ação bem empolgante (cenas como a
da estufa e da casa onde Soo-hyun
enfrenta mais inimigos), ação esta que é garantida pelos
confrontos entre o agente e o assassino, numa perseguição insana. A
experiência de duas pessoas é colocada à prova, uma caçando um
assassino que sabe caçar vítimas. Um agente altamente treinado (e
criativo em seu plano de vingança) contra um assassino que nunca foi
pego e parece nunca ter falhado em seus feitos, e que também possui
um alto raciocínio mesmo em situações difíceis. E, mais uma vez,
é um filme que surpreende bastante, com um final difícil de prever
e, ao mesmo tempo, justo e coerente com a proposta que é trabalhada
durante todo o filme. Questões
já conhecidas como “não importa o que seja feito, nada vai
livrar-nos do sentimento da perda” são bem trabalhadas e ficamos
ansiosos por um desfecho.
A Coreia
do Sul tem surpreendido com suas produções de filmes,
principalmente suspense e policial. Para exemplificar e aumentar as
indicações, vale a pena conferir:
- A trilogia da vingança, composta pelos filmes "Mr. Vingança"
(2002), "Old Boy" (2003) e "Lady Vingança"
(2005), todos do diretor Park Chan-wook. No presente blog tem um pouco
deles:
- “The
Showdown” (2011), de Park Hoon-jeong-I, com excelente fotografia e
efeitos no meio de uma guerra que serve de palco para criar uma
situação tensa entre 3 personagens;
-
“Memórias de Um Assassino” (2003), de Joon-Ho Bong, mais um
suspense policial com uma proposta interessante (um assassino que
sempre mata quando uma música específica toca no rádio);
- “The
Chaser: O Caçador” (2008), de Na Hong-jin, filme inspirado no
serial-killer coreano Yoo Young-chul;
- O
Hospedeiro (2006), que retomou o estilo monstro do lago e
também está neste blog:
E tantos
outros que ainda não vi...
[SPLOILER]
Diálogo interessante entre Jang
Kyung-chul e Soo-hyun
no filme “Eu Vi o Diabo”:
"Você
já perdeu.
Acha que
estava brincando comigo até agora?
Não sei o
que é a dor.
Também
não sei o que é o medo.
Não vai
conseguir nada de mim.
Sendo
assim... já perdeu.
Sabia
disso?”
(Jang
Kyung-chul)
“Eu
acredito... que você venha a sentir dor mesmo depois de morto."
(Soo-hyun)
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Fontes:
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