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Secretary (EUA, 2002) |
Após
passar algum tempo em um sanatório, Lee Holloway (Maggie Gyllenhaal)
volta para a casa de seus pais pronta para recomeçar sua vida. Ela
então faz um curso de secretária e tenta um emprego com E. Edward
Grey (James Spader), que tem um escritório de advocacia.
Inicialmente o trabalho parece bem normal e entediante, mas com o
tempo, chefe e subordinada embarcam numa relação mais íntima e
cruzam linhas de conduta da sexualidade humana. Dirigido por Steven
Shainberg.
Estranho
amor:
Reconhecer um único gênero para este filme é
complicado. Comédia? Drama? Erótico? Um misto dos três é mais
adequado. O mais relevante é que o diretor Steven Shainberg consegue
criar uma história envolvente e diferente dos padrões tradicionais
de romance, amor e sexo. Bastante não-convencional, pode causar
estranheza. Para quem tem a mente mais aberta, a identificação com
o filme é forte. Mesmo diretor de A Pele (2005), mais um filme não
convencional, com Nicole Kidman e Robert Downey Jr.
Nada de paixão com romance tradicional, clichês
ridículos como podemos conferir em muitos filmes. Imagine uma
secretária, interpretada por Maggie Gyllenhaal, provavelmente em seu
melhor momento como atriz (reconheço também sua atuação no
divertidíssimo Histeria, de 2011), que acaba de sair de uma clínica
psiquiátrica e passa a ter este trabalho com um chefe difícil e
diferente, o advogado interpretado por James Spader. Eles acabam
desenvolvendo uma relação exótica, que mistura submissão,
aceitação do outro, pequena dose de romance e dependência (o menos
importante para eles) com uma série de jogos envolvendo dominação
e total submissão. Nos jogos, ambos desempenham muito bem os seus papéis. Isso melhora ainda mais com a grande atuação dos protagonistas.
Estamos acostumados ainda com essa
visão da secretária que se apaixona pelo chefe, daquelas que sofrem
o assédio moral e sexual e todas as formas como isso se destrincha.
Mas este filme quebra o tradicional, mostrando um outro lado,
interessante, através
da relação
dos
dois personagens.
Quando reclamações do chefe, a respeito dos erros de datilografia
da secretária, passam a vir
juntas com sessões
de palmadas nas nádegas e outros castigos mais perversos, percebemos a
dimensão tomada, deixando o filme bem interessante. Um
pouco de sadomasoquismo
e
gosto sexual curioso
e diferenciado.
James Spader resgata sua experiência
em papéis
controversos, como já apresentou em Sexo,
Mentiras e Videotape (1989)
e Crash - Estranhos Prazeres (1996),
mas em Secretária ele
consegue
ser único.
Quando
esperamos que o filme caia no drama, ele cai na comédia. Quando
esperamos que ele entre pelo lado da comédia romântica, ele cai no
erotismo. Assim é bom, ser surpreendido pelas próximas cenas.
Maggie Gyllenhaal faz a sua parte, dando um show de interpretação e
sensualidade. Sua interpretação da secretária submissa, mas
deixando claro que faz aquilo que quer e sente prazer nisso, faz
o filme humilhar outras tentativas fracassadas, como
Cinquenta Tons
de Cinza (2015),
que em algum momento acaba
caindo
na mesmice
do romantismo clichê.
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