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Eu indico |
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The Country Girl (EUA, 1954) |
O esquecido ator e cantor Frank Elgin (Bing Crosby) tem
a chance de voltar ao show business quando o diretor Bernie Dodd
(William Holden) oferece a ele o papel principal de seu novo musical.
Entretanto, Frank está muito inseguro, acaba recorrendo à bebida e
evita assumir responsabilidades, deixando tudo nas mãos de sua
esposa Georgie (Grace Kelly). Bernie tenta ajudar Frank a recuperar
sua autoconfiança e acredita que é Georgie a causa de sua baixa
autoestima. Dirigido por George Seaton.
A
garota do interior:
Primeiramente,
este é um filme de grandes atuações. Bing Crosby, como
protagonista, está exemplar: ele faz o papel de um ator que teve
grande
sucesso no passado e hoje está fracassado. Quando um ator real
interpreta um ator personagem, ele tem que ser bom, e isso fica claro
em cenas onde ele interpreta seu personagem falhando em alguma
interpretação no palco. No caso, o personagem é um ator e cantor
de teatro. Por conta de um trauma do passado, sua carreira desabou,
sua interpretação está prejudicada... mas ainda existe talento.
Seu amigo, interpretado por William Holden, reconhece e investe nele,
mesmo nessas condições.
Bing
Crosby foi um grande cantor do século XX, a sua segunda profissão
era de ator. Aqui ele interpreta um
ator alcoólatra, diante
de sua última chance
para ressuscitar sua carreira e
recuperar seu amor-próprio.
Chega a ser agonizante presenciar essa luta, quanto mais na
interpretação de Crosby nos passando todo um realismo em relação
a essa condição na qual seu personagem é submetido. Cheguei a
lembrar um pouco de Chaplin, no filme Luzes
da Ribalta (Limelight, 1952), onde um palhaço de teatro que foi
bastante famoso, se tornou um alcoólatra e passa a tentar retomar
sua carreira.
Para incrementar a dose, neste filme a Grace Kelly, que
é a “garota do interior” do título original, faz o seu melhor
papel e leva o primeiro e único Oscar de sua carreira. Essa atriz de
beleza invejável chega a estar pouco reconhecível em algumas cenas,
ao interpretar a esposa amargurada, sofrida. Ela mostra bem a
importância de uma companheira fiel e dedicada, na alegria e na
tristeza. Neste caso, na tristeza. É interessante ela ter sido
reconhecida em um papel distinto em sua carreira, já que um rostinho
bonito, principalmente na época, ganhava papéis mais glamourosos,
como de mulher fatal ou mocinha que vai ficar com o mocinho. Aqui é
bem diferente, bem mais sério. A premiação de Grace gerou muita
controvérsia porque a favorita era Judy Garland, por sua
interpretação na refilmagem de Nasce uma Estrela.
Grace
Kelly foi
uma atriz
bem valorizada pelo diretor Alfred Hitchcock, eles trabalham juntos
em Disque M Para Matar, de 1954. Antes disso, ela participou do
excelente Matar ou Morrer (High Noon, 1952), Western que levou Gary
Cooper a faturar um Oscar de melhor ator. Quem quiser saber mais
sobre ela,
pode assistir ao recente Grace de Mônaco
(2014), cinebiografia
de Grace Kelly que mostra a relação dela com o príncipe Rainier,
com o qual casou. Não é um grande
filme,
mas como cinebiografia
me pareceu bem consistente. A atriz infelizmente faleceu em um
acidente de carro, em 1982. Hoje
é reconhecida como uma
das atrizes mais bonitas e influentes de Hollywood, mesmo
sua carreira no cinema ter sido somente entre 1952 e 1956. Além
disso, se tornou a princesa de Mônaco.
O
filme venceu
também como
melhor
roteiro (do próprio George Seaton). Foi
baseado numa peça de teatro e no filme fica interessante ter o
teatro em si como o ambiente predominante, alternando com as cenas em
ambiente mais privado do casal protagonista e também do amigo
William Holden, que possui papel fundamental na trama. Também nos
surpreende com alguns acontecimentos e algumas verdades que são
descobertas ou assumidas pelos personagens, assim como mostra
questões como o poder do crítico, a importância da retribuição e
a força destrutiva da culpa.
"Só
há uma coisa mais óbvia do que duas pessoas a olharem-se muito, e é
duas pessoas evitarem olhar-se."
Personagem
de Bing
Crosby
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Fontes:
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